Skip to main content

Atenção terráqueos. Aqui não tem nada de homenzinho verde ou ET Bilu. Os aliens são reais e estão prestes a invadir os videogames de todos. E não pense que fugir para Varginha vai te dar alguma chance de salvação. O plano de Destroy All Humans! está em seu nome, acabar com toda a humanidade. Invadindo a Via Láctea, passando pelos aneis de Saturno e chegando à Terra, assim que a nave pousar, nada será como antes.

E, para isso, contamos com você, o melhor agente da frota espacial. Vale tudo para completar a missão, abduzir vacas, fazer desenhos nas plantações, atacar cidades inteiras com sua nave e até mesmo se disfarçar como uma pessoa qualquer para devorar cérebros por aí. Sem escapatórias, eles atacarão de volta. Porém, será que as armas comuns serão capazes de subjugar o poder militar alienígena? Claro que não.

Contatos imediatos do terceiro grau

Para os passageiros de primeira viagem, Destroy All Humans! resume bem os tempos dourados dos videogames. É um jogo de exploração, no maior estilo GTA San Andreas, embora não tenha um mapa grande na mesma proporção. Dividido em áreas e com ambientes contidos, você pode tanto realizar as missões quanto apenas sair para se divertir pelo local. Inclusive, se chama atenção humana e pratica maldades, a polícia, exército e alguns agentes secretos virão atrás de você.

Além de poder passear por aí, você também pode pegar sua nave para um rolê. Obviamente isso chamará as autoridades e uma guerra se iniciará ali mesmo. Para te ajudar em ambos, você conta com um arsenal inteiro, não para se defender, mas para causar o caos. Com o veículo, você pode soltar raios, abduzir objetos e jogá-los em outros locais, destruir construções, o que desejar.

Imagem do review de Destroy All Humans!
Esse desenho na plantação está meio esquisito…

Porém, confesso que a versão alien é onde o título brilhará mais. Além da pistola de choque elétrico, você pode arrancar o cérebro das vítimas, esmagá-los com sua telecinese ou jogar seus inimigos no meio do mar, armas de energia e até mesmo estímulos mentais para controlar a cabeça da espécie humana. E, caso você não venha de outro planeta, proteja o seu bumbum. Cryptosporidium-136, protagonista do game, não hesitará em usar a sonda anal em qualquer um que se opor ao seu caminho. E caso esteja se perguntando, usar esse artifício é divertido sim.

Você as utilizará conforme avança pelas missões, que são divididas em mais de 20 níveis diferentes. Além de explorar ambientes distintos, elas se diversificam em seu teor também. Uma hora você pode estar virando antenas das casas, permitindo à nave-mãe usar a TV para controlar a humanidade, outras estará disfarçado buscando informações ou até mesmo utilizando o seu veículo para destruir locais de interesse. E fique ligado, pois há objetivos secretos que lhe conferem mais pontos para adquirir novas habilidades.

Imagem do review de Destroy All Humans!
Se ligue nas tarefas extras da missão para ganhar mais pontos.

Também existem missões extras que vão lhe conferir mais pontuações. Divididas em abduções, corrida, alvoroços e Armagedom, depois que completa as tarefas principais você pode desbloqueá-las pelas fases. Isso confere um imenso fator replay, já que algumas delas necessitam de melhorias em seu equipamento para atingir três estrelas. Todas tem tempo, o que torna a partida em algo mais rápido e desesperado.

O mesmo Destroy All Humans?

Para quem viveu a era PS2, sim, este jogo é um remake do Destroy All Humans! original que lançou em 2005. E ele recria exatamente a mesma sensação, dando a impressão até que se trata de uma simples remasterização. Mas não se engane, existem algumas diferenças gritantes além do básico remapeamento dos controles. Foram inclusas novas mecânicas que fazem toda a expectativa tomar outras formas.

Imagem do review de Destroy All Humans!
Apesar de todas semelhanças, o remake tem diferenças.

Logo de cara você já vê que a arminha de choque se transformou numa corrente elétrica. A telecinese também está muito mais intuitiva, assim como a jogabilidade com a nave espacial. Mas o melhor foi mantido, pode ficar tranquilo. Os diálogos divertidos, as críticas políticas e sociais, tudo que o original carregava de bom a THQ Nordic teve o zelo de deixar aparecerem na nova versão também.

Outra novidade muito boa é a adição de skins diferentes para o protagonista e um hall inteiro de artes conceituais que mostram tudo que o jogo tem a oferecer. Construções, personagens, naves, animais, o que imaginar existe por lá e você pode desbloquear tudo conforme joga e completa as missões. Além disso você tem uma verdadeira enciclopédia das ameaças, armas e recursos que encontra pela aventura.

Imagem do review de Destroy All Humans!
Volte à nave-mãe para ver todas as artes e skins.

Também foi inclusa nessa versão uma fase a mais que o original, chamada de The Lost Mission. Ela fazia parte do projeto original, tinha sido programada, mas acabou não fazendo parte do corte final de Destroy All Humans!. Assim como Stormy Ascent foi para Crash Bandicoot N’Sane Trilogy, a equipe restaurou completamente o nível e adicionou mais esse elemento na gameplay para quem busca por coisa nova.

Confesso que acho isso um grande alívio para a indústria. Apesar de termos remasterizações com um desempenho incrível como Shadow of the Colossus, isso não é o padrão e temos muitos games que chegam na atual geração com a mesma performance de antigamente. E falar que a lógica não se aplica mais na mesma fórmula já se tornou o óbvio. Partirem como um remake, retrabalhando algumas das mecânicas e criando novo conteúdo é a saída para misturarem a nostalgia com os recursos atuais de forma orgânica. Final Fantasy VII Remake que o diga.

Imagem do review de Destroy All Humans!
O caos é só o começo do fim do mundo.

Porém, mesmo sendo um excelente game, Destroy All Humans! não escapa de ter algumas falhas pontuais. Sendo sincero, a mira é terrível. Você está mirando em alguém e ela pula para outros alvos, seja com as armas ou com os recursos do alienígena, o que torna a experiência um pouco irritante se você não respirar fundo. Com a nave, o raio desintegrador é enorme e destrói tudo em seu caminho, não necessitando dessa preocupação. Porém, o sistema de abdução também segue os moldes de mira ruim e você acaba pegando de vez em quando coisas que não eram o alvo.

O sistema de escolhas, quando você se disfarça e tem de agir como algum humano importante, é uma excelente ferramenta, porém carece de relevância. Se jogos ao estilo da Telltale que são feitos inteiramente dessa forma sofrem de reclamações de todas as suas escolhas pararem no mesmo lugar, imaginem num título que usa esse recurso apenas como um pequeno diferencial. No início até é engraçado, mas depois você vê que não fez muita diferença.

De qualquer modo, o título é uma excelente pedida em qualquer plataforma que vá comprá-lo. Com críticas que não acabaram datadas sobre nossa sociedade, um sistema muito bem-feito de gameplay e diversas opções em seu caminho, acredito que todos vão acabar se divertindo com o jogo em mãos. Mesmo que seja para desestressar de um dia ruim, há espaço para todo mundo no caminho da destruição da humanidade.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024