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Localizado no Oceano Atlântico, o Triângulo das Bermudas sempre foi um local misterioso e cheio de histórias confusas. Conhecido por ser um lugar onde somem aviões, a Yak & Co decidiram explorar isso em Down in Bermuda, um título lançado em 2019 para o mercado mobile e que chegará nesta semana para o Nintendo Switch, PC e Xbox One. E olha, mandaram muito bem nessa exploração, viu?

Para aqueles que forem se perder na famosa área americana, não pense que a sua tarefa será a simples sobrevivência. Além de te colocarem para resolver os puzzles, salvar os curiosos e exóticos moradores dali e encontrar segredos escondidos no fundo do mar, a sua força de vontade de escapar que dará o tom de toda a aventura e impulsionará você a descobrir os mistérios escondidos no fundo do mar.

Uma jornada desafiadora

Para ser sincero com vocês, Down in Bermuda é um charme em todos os fatores que se apresenta. Além dos desenhos e do level design que trazem uma ideia unida de simplicidade e utilidade, posso te garantir que os personagens que aparecem durante sua jornada são extremamente simpáticos e quando menos esperar estará ajudando eles a resolver seus problemas.

Esse tipo de profundidade é importante e, convenhamos, não o vemos com muita frequência nem em alguns jogos AAA. A cada local que explora você está mais perto de levar o piloto, que caiu ali por acidente, para o seu lar. Para te deixar ainda mais curioso, poderá encontrar espalhadas no cenário algumas fotos que mostram a esposa e o filho do protagonista e que são as forças que o motivam a avançar.

Imagem do review de Down in Bermuda
O que fazer se o seu avião cai no Triângulo das Bermudas?

Além disso, cada ilha apresenta conceitos únicos também, que vão brincar com a sua percepção e mostrar que às vezes você precisa se envolver mais com a ideia para resolver situações simples. Em outras, um puzzle que parece mega complexo e que necessitará de muito mais, tem sua resolução sem a necessidade de esquentar a cabeça.

Essa reversão de planos em Down in Bermuda surge de forma natural e te incentiva mais a observar e pensar antes de pular direto no automático. É aí que a simplicidade e a complexidade atingem o ponto máximo de parceria. Se, por um lado os desenhos são simples e de fácil identificação, por exemplo, do outro a câmera se torna um fator importantíssimo para encontrar pontos cegos que mostrarão que há muito mais ali do que o seu ponto de vista alcança.

Imagem do review de Down in Bermuda
Resolvendo os puzzles, o portal se abre e você poderá ir à outra ilha.

Obviamente que os desenvolvedores colocaram facilitadores, como mapas extra detalhados que permitem encontrar alguns itens e ver a fase por outra perspectiva. Porém, a maior graça está em sair procurando sozinho e ver até onde consegue chegar sem o apoio moral do item. Resolver uma fase inteira sem esse suporte e chegando ao portal é recompensador e te dá confiança para não se apoiar no recurso.

Outra facilidade é que, no Switch, além de poder usar os joy-cons, a empresa também programou o jogo de forma que se comporte do mesmo jeito do que encontra nos celulares. Ou seja, todos os recursos touchscreen estão ali disponíveis e, sendo muito sincero, facilita muito mais jogar dessa forma do que utilizando os controles principais. Ouso até dizer que essa é a ideia principal do título. Mas jogue com um pano do lado para não deixar o console cheio de marcas de dedos.

Usar o touchscreen para passar dos desafios é excelente.

Down in Bermuda portátil

Apesar de ser um excelente título, Down in Bermuda é extremamente curto. A Yak & Co portou as suas utilidades da versão de smartphones, apostando no público que gosta de utilizar o seu Nintendo Switch como portátil ou possui a edição Lite do aparelho. Com trechos rápidos, sem muitos diálogos e com salvamentos automáticos a todo momento, essa opção deixará os casuais muito confortáveis com a opção.

Considerando que você pode finalizar o game com cerca de 3h a 4h, dependendo da sua capacidade de resolver os enigmas, o público hardcore acabará sentindo que falta algo ali. Principalmente se jogar nas demais plataformas. Mas, de qualquer forma, ele terminar de forma rápida e ter alguns poucos motivos para você retornar a jogá-lo torna a experiência curta em algo menos atrativo do que se propõe.

Atravessar as ilhas é rápido e logo você finalizará o jogo.

Em alguns dos puzzles há uma escala bem desleal de dificuldade. Em certas ilhas, você pula do simples encaixe de peças no seu respectivo espaço, que chega até a ser infantil, para surgir na sequência vários pilares quais tem de encaixar cada parte deles corretamente para gerar um feixe de luz que atingirá uma estátua de serpente, despejará lava e montará um labirinto para ela cair corretamente num buraco e atingir uma divindade pedra. Ufa, haja fôlego.

Sendo sincero, esperava os mais simples logo no início para vir grandes dificuldades posteriormente. Porém, isso vai se alternando enquanto avança e acaba te deixando um pouco confuso se aquilo realmente é para te dificultar um pouco mais o raciocínio ou se a escolha da direção de te jogar no meio do caos não foi proposital.

Algumas vezes você vai se deparar com desafios exatamente assim.

Mesmo com estas reclamações, tenho alguns elogios a mais e que mostram bem o quanto Down in Bermuda tem bastante méritos para mostrar. Apesar de jogar como uma entidade que não tem envolvimento algum com a história e está auxiliando o protagonista a retornar ao seu lar, você até que tem bastante opções de gameplay. Em uma das ilhas, por exemplo, você controlará um carrinho de carga em trilhos de trem para atingir áreas diferentes. Em outras, há chefões para enfrentar e poderá usar a fase contra eles.

Principalmente essas batalhas contra os inimigos maiores são um excelente exemplo de como utilizar o level design de forma ideal, que inicialmente é de puzzle, para outros fins sem perder a sua essência. O jogo te ganha nesses pequenos detalhes, mesmo na sua pouca duração, garantindo que se sinta desafiado na medida que vê novos elementos sendo adicionados a todo momento.

Imagem do review de Down in Bermuda
Do trilho do trem aos chefões, o jogo é excelente.

Down in Bermuda, nessas circunstâncias, se torna o ideal para você jogar uns 15 minutos, resolver algum puzzle, se orgulhar da resolução dele e voltar para suas atividades comuns do dia-a-dia. Puxando todo o espírito mobile para as plataformas disponíveis, ele não deixa nada a dever com sua proposta e traz uma ótima experiência consigo.

Ouso até dizer que, por proporcionar o touchscreen e uma aventura mais portátil no Nintendo Switch, ele mostra um caminho de sucesso muito maior neste aparelho do que nos demais. Além dos sucessos dos jogos first-parties e de recepcionar os indies que antes saíam apenas nos PCs, trazer games variados do mobile me parece um crescimento natural de um console que não para de crescer.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024