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O mundo mágico de Dragon Star VARNIR, apesar de encantador, também é temido. Bruxas e dragões são grandes inimigos da sociedade, que se segura na crença de que devem ser exterminados. Quem comanda a ordem de execução é a ordem dos Cavaleiros do Réquiem, que por muito tempo teve o poder em suas mãos. Zephy, um dos leais guardiões da organização, acaba se separando do grupo principal e é atacado por um dragão até ser gravemente ferido.

Quando tudo parecia perdido, duas bruxas salvam a sua vida. Vendo o rapaz perto de morrer, elas vencem o monstro. Uma delas, Minessa, se arrisca, dando sangue do dragão para resgatá-lo. Concordamos que dar o sangue com um beijo na boca não é a forma mais convencional, mas funcionou. Karikaro, a outra bruxa, questiona o método, já que funcionaria apenas com seres que tenham linhagem mágica. Zephy, então, descobre que sempre esteve do lado errado do combate.

O voo do Dragão

Dragon Star VARNIR é uma mistura bem interessante de RPG com estratégia. O game te oferece o que os gêneros têm de melhor. Níveis, magias, captura de dragões para te dar habilidades e status melhores, dungeons e tudo que se pode imaginar. Porém, isso no combate é usado de várias formas. O jogo traz um sistema de escalas: há monstros em vários pontos distintos, como quadrados separados ou alinhados tanto para cima quanto para os lados.

O seu poder de ataque terá de ser avaliado em qual posição você está e onde que atingirá. Há golpes que só pegam um dos quadrados. Outros, que são feitos em linha reta e devastam tudo que estiver no caminho. Alguns deles funcionam alinhados de cima para baixo. Ataques de área expandida e armadilhas completam o esquema, te permitindo criar um leque excepcional de estratégias diferentes.

Dependendo do tamanho do inimigo, a escala no combate é maior.

Zephy, Minessa e Karikaro atravessam as dungeons, capturando dragões para absorver seus poderes e obter técnicas que dão mais opções de estratégia ao jogador. Não há uma fórmula certa, cada oponente deverá ser enfrentado de formas distintas e rotacionar o uso das habilidades é a chave para vencer com mais facilidade. Cada personagem e inimigo possui vantagens e desvantagens, o que abrange ainda mais o quesito no jogo.

Para aumentar ainda mais a diversidade, uma barra existe em cada personagem que está na sua party que, quando cheia, te permite transformá-lo numa mistura do bruxo/bruxa em dragão. Sua vida é recuperada, seus atributos aumentam para quase o dobro e você consegue técnicas mais poderosas enquanto estiver no modo. Isso pode acontecer a qualquer momento, então é bom saber equilibrar a habilidade para ser solta direto nos chefões das dungeons.

Imagem do jogo Dragon Star VARNIR
Transformar-se em dragão apresenta um misto da raça com as bruxas.

E falando em dungeons, são várias e com muito o que se explorar e enfrentar.  Desde cavernas fechadas até florestas ou templos perdidos, há ambientes para agradar a todos. Nelas há também vários itens para se encontrar e caminhos e barreiras que só podem ser liberadas usando certas magias e personagens, além de rotas escondidas.

A sabedoria draconiana

A jornada dos três bruxos, de início, parece recheada de fanservice e situações sem noção. Zephy é o único bruxo masculino desse universo, há uma vila escondida cheia de bruxas e seres mágicos escondidos, as conversas são simples e nada parece realmente ter um peso e estar ali só para preencher o roteiro. Conforme você avança, se arrepende do quanto estava enganado de ter pensado dessa forma.

Imagem do jogo Dragon Star VARNIR
Zephy descobre que tudo que sabia sobre bruxas não era verdade.

Dragon Star VARNIR é um jogo com uma temática muito pesada por trás de tudo que brinca no início. Primeiro, sobre o preconceito, ele dá valiosas lições de como julgamos o próximo por conta da sociedade. Se olharmos uns aos outros mais de perto, talvez encontraremos mais semelhanças do que diferenças, não é? Isso é abordado pelo olhar do próprio protagonista, que mudou de lado e se depara com vários paradigmas quebrados apenas pelo que ouviu, vendo algo extremamente contrário.

Essas bruxas, para sobreviver, precisam se alimentar de sangue de dragão. Caso contrário, elas se transformam nos monstrengos e atacam indiscriminadamente quem estiver próximo. Se exagerar no sangue, também viram as feras de forma irreversível. Tentando viver ao máximo no equilíbrio, enquanto as próprias e sua alimentação são caçadas e exterminadas, o impacto também bate forte ao ver que há crianças com poderes mágicos envolvidas nessa cruzada.

Além dos próprios Cavaleiros do Réquiem, os Corvos também se provam uma imensa ameaça. Caçadores ávidos de dragões, eles constroem armas e armaduras com a pele e magia dos lagartões e se tornam predadores naturais das criaturas. Outro grande perigo é Charlotta, uma bruxa que assume o crime de ter aniquilado uma centena de sua própria raça há uma década, retornando aos holofotes nesta altura do campeonato.

Imagem do jogo Dragon Star VARNIR
Charlotta é uma bruxa que diz ter matado 100 outras num massacre.

Dragões não falam tanto

Parecendo uma grande novel, o jogo tem em sua história uma das suas maiores forças e fraquezas. Apesar de tudo que citamos aqui ser positivo, Dragon Star VARNIR consome mais tempo assistindo a cutscenes e diálogos do que jogando de fato. Você passará fácil 20 minutos vendo imagens estáticas conversando, algumas delas desnecessárias para o andamento do enredo, antes de encostar no controle.

Isso se torna um problema quando você já está dentro das dungeons, onde, a cada local aberto que adentra, há um grande diálogo que poderia ser facilmente inserido na gameplay. Exemplos contrários que trabalharam isso de forma espetacular são God of War ou Persona 5, cujos personagens trocam informações durante o caminho, sem parar totalmente o jogo ou tirar o seu comando daquele momento.

RPGs são feitos de diálogo e isso ajuda bastante a contextualizar o jogador do cenário, personagens e do universo ao seu redor. Porém, não justifica o tempo hábil que podia ter sido melhor utilizado em exploração e em ferramentas que mostrassem in-game grande parte do que é dito. As dungeons são essencialmente pequenas, podendo ser finalizadas em questão de meia-hora se você parar e dar uma treinada ainda. Com os diálogos, você passa de 1h30 em cada dungeon, isso chutando baixo.

Imagem do jogo Dragon Star VARNIR
Há várias opções a se explorar fora dos diálogos.

Dignidade dracônica

O jogo brilha bastante quando te permite explorar este mundo e lidar com as questões mágicas fora do diálogo. Inclusive, no Covil das Bruxas, você ainda tem recursos como aumentar sua intimidade com as moças, usar o Elixir dos dragões para enfrentar e capturar algumas das poderosas criaturas, interagir com outros seres mágicos e muitas outras ações.

O sistema estratégico, com os elementos de RPG, também cativa, trazendo o melhor que há neles para criar um jogo equilibrado, justo e que permite montar o que for melhor para o seu estilo. Em nenhum momento você vai se sentir prejudicado. Com um bom set, confesso que consegui enfrentar um chefão de nível 60 com meus personagens no nível 25. Não foi a melhor ideia que tive, mas percebi que a forma como distribuí tudo permitiu segurar a onda e deu até para enxergar um jeito de vencer.

Apesar de Dragon Star VARNIR se perder nos diálogos, é um título que merece a sua atenção pela gama de opções que oferece para desenvolver seus personagens e combates, trazendo um dos maiores sistemas de batalha do gênero para a atual geração. Mesmo que você não tenha paciência para ficar vários minutos olhando imagens estáticas, o restante vai te cativar e fazer com que se apaixone pelo desenvolvimento daquele universo.

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