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Já vimos jogos de plataforma no estilo Metroidvania se misturar com a ambientação Dark Souls. Vigil: The Longest Night foi um dos últimos lançamentos que pegaram os jogadores nessa mesma temática. Porém, parece que 2021 teve um vencedor no quesito carisma e jogabilidade. Ender Lillies: Quietus of the Knights é uma baita de uma experiência, que agradará até os mais céticos no assunto.

O game chegou de mansinho e está conquistando um grande público desde o seu lançamento, graças ao grandioso trabalho da desenvolvedora Binary Haze Interactive. O estúdio que tem aqui o seu primeiro trabalho demonstrado não faz por menos e já abala todas as estruturas dos fãs do gênero. Você está pronto para explorar o mundo tomado por criaturas corrompidas criado por eles?

Uma jornada estratégica

Vamos ser sinceros aqui, a história de Ender Lillies: Quietus of the Knights é algo absurdamente clichê. Você controla uma criança chamada Lily, que desperta sem memórias em uma terra completamente lotada de monstros, fantasmas e seres amedrontadores. O espírito de um cavaleiro a auxilia pela jornada, enquanto você reúne documentos que mostram o que houve ali e outras almas, ajudando você a recuperar as lembranças perdidas.

Apesar da afirmação acima, isso não torna as coisas menos interessantes, por mais incrível que pareça. O design chama bastante atenção por seus lindos detalhes, os espíritos que te auxiliam roubam a cena dependendo do combate e a exploração tornam essa saga em algo que acaba ficando até em segundo plano. Sua prioridade passa de saber o que houve com ela e quem é para desvendar os segredos do mapa e ir atrás de mais aliados para auxiliar com suas habilidades.

Imagem do review de Ender Lillies: Quietus of the Knights
São quase 30 espíritos para te ajudar pela aventura.

Perdão ao roteirista de Ender Lillies, mas o verdadeiro brilho do título é seu gameplay. Ele me deu a mesma sensação que Castlevania: Symphony of the Night. Chega um ponto onde você se pergunta quais novas habilidades Alucard carregará consigo e busca por mais. Me senti do mesmo modo com Lily. Um minotauro com uma marreta enorme? Um corvo que dispara 50 tiros contínuos contra os inimigos que estão na tela? Basta explorar para descobrir o que mais te aguarda.

E nada disso seria possível sem uma ambientação interessante e inimigos aos montes espalhados pelo mapa. Você começa a jornada em um templo, que é extremamente detalhado e belo, mesmo caindo aos pedaços. A partir dali você tem outras áreas que pode seguir livremente, enquanto suas habilidades permitirem alcançá-las, como um vilarejo tomado por criaturas sombrias e um santuário com torrentes de água que seguem para cima, ao invés de caírem.

Imagem do review de Ender Lillies: Quietus of the Knights
Contemplem a beleza deste cenário e falem se não é bem-feito.

Vou ser sincero com todos os jogadores aqui presentes, neste ponto Ender Lillies é magnífico. O próprio mapa demonstra quais áreas você pegou todos os itens e quais não, recurso que unido à Viagem Rápida abre um leque veloz de opções. Às vezes não está com tanto tempo de jogar ou quer apenas explorar um certo trecho, aqui é mais do que possível.

Não se preocupe com esse quesito, já que o próprio game te oferece várias opções para se aventurar em suas terras. Do pulo duplo, habilidade de nado e até mesmo descer a marreta em estruturas frágeis para abrir seu caminho, você encontrará tudo isso no decorrer do percurso. Ou seja, nada de se descabelar por ficar revisitando as mesmas áreas mil vezes.

Imagem do review de Ender Lillies: Quietus of the Knights
Reunir habilidades é a forma que terá para explorar novos locais.

O grinding de Ender Lillies: Quietus of the Knights é bem simples também, não exigindo um tempo absurdo de investimento dos jogadores para aumentar de nível. Em poucas horas fui do Lv.1 ao 20, fazendo a experiência obtida algo simples de buscar. Obviamente que os chefões vão exigir o seu máximo, com o uso das habilidades que tem em mãos sendo essencial para a vitória.

Vamos de exemplo? Eu apanhei de forma vergonhosa para Irene, uma bruxa que aparece em uma das zonas. Ela tem três formas diferentes, seus poderes atingem grande parte da arena e ela inclusive se teleporta. Meus amigos, não tem grinding ou nível que te ajudem aqui não. Você pode estar até em postura superior, mas sem o mínimo de estratégia verá a tela de Game Over mais vezes do que imagina e gostaria, sem o menor escrúpulo.

Imagem do review de Ender Lillies: Quietus of the Knights
Boa sorte com Irene, a Bruxa…

Perfeição em Ender Lillies?

Além de tudo isso que citei, Ender Lillies carrega consigo uma grande gama de opções de qualidade que deixa tudo redondinho para ninguém botar defeito. O jogo está em português e a tradução realizada foi excelente, não vi uma falha sequer. Você pode carregar três espíritos consigo, mas há dois sets, permitindo que você use estratégias diferentes no meio da batalha. Há segredos nos mapas, mas eles sempre mostram se há mais rotas não descobertas.

Essa facilidade pode incomodar aqueles que estão sedentos por uma dificuldade absurda. Apesar de beberem de uma fonte que se originou na franquia Souls, o estúdio se preocupou ao máximo de tornar as coisas palpáveis a todos os jogadores. Eles conseguiram atingir um equilíbrio raro atualmente, onde novatos e veteranos poderão encontrar algo em comum e seguirem em frente.

Imagem do review de Ender Lillies: Quietus of the Knights
Iniciantes e veteranos terão com o que se divertir aqui.

Mesmo nos combates simples, as pessoas poderão experimentar as diferentes nuances de Ender Lillies: Quietus of the Knights. Tem oponente que mal se move, tornando-o vulnerável. Outros que são velozes e até trapaceiros. Não vá achando que aqui é um Zelda, onde pode sair quebrando os vasos a torto. Alguns deles possuem monstros escondidos e você que lute para vencê-los no susto.

As habilidades que você carrega não exigem um grande aprofundamento, permitindo que domine as técnicas em questão de poucos minutos. Chega até a ser injusto citar isso como desvantagem, já que o público terá acesso a quase trinta delas em um ambiente inóspito. Considerando os diferentes inimigos, pelo menos dar um alívio nisso foi a intenção da Binary Haze Interactive.

Imagem do review de Ender Lillies: Quietus of the Knights
São muitos inimigos diferentes e muitas habilidades.

“Espera aí Diego, você está me dizendo que Ender Lillies não tem defeito nenhum?”. Bom, quase isso. O título não é algo espetacular e que vai marcar toda uma geração. Ele tem uma proposta simples, que surgiu de um orçamento pequeno e de uma equipe que está produzindo seu primeiro jogo juntos. Não espere algo acima de tudo que já conheceu ou jogou em sua vida.

Porém, ele é um daqueles casos raros onde o estúdio fez o máximo possível para deixar tudo equilibrado e bem-feito, disparando um lançamento sólido e que agradará a todos. Como citei anteriormente no texto, além de Vigil: The Longest Night ele se assemelha bastante a Minoria também, ambos lançados no fim de 2020. Ou seja, não passa muito de mais do mesmo. Porém, fizeram muito mais pelo “mesmo” e criaram um material de extrema qualidade com isso.

Se você jogou os outros dois, não tenho razão para te indicar Ender Lillies: Quietus of the Knights que seja ver como eles seriam sem suas falhas. Caso não e esteja indeciso por qual comprar, pule direto para a aventura de Lily e não pense duas vezes. Este game merece o total destaque e é um grande passo para mostrar competência no gênero enquanto não vemos um salto de geração.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024