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Quão longe você iria em busca da eternidade? Essa é a pergunta que move a jornada de Eternity: The Last Unicorn. Lançado no dia 5 de março, o jogo, que foi desenvolvido pelos brasileiros da Void Studios e publicado pela 1C  Entertainment, nos apresenta um mundo de fantasia baseado na mitologia nórdica. Você assume o papel da elfa Aurehen, que é uma espécie de escolhida entre o seu povo. Ela é colocada na missão de resgatar a imortalidade da sua raça, retirando a maldição que caiu sobre o último unicórnio vivo.

Hack and Slash na mitologia nórdica

Num estilo hack ‘n’ slash claramente inspirado pelos primeiros God of War, Eternity: The Last Unicorn tem tudo o que popularizou o gênero: combos, habilidades especiais e muitos inimigos na tela ao mesmo tempo. O jogo tem ainda uma influência de RPG, com sistema de níveis e habilidades que vão sendo desbloqueadas conforme você evolui, além de também existir a possibilidade de forjar novos itens, desde simples poções de cura até chaves para abrir portas mágicas.

https://youtu.be/nxEHvyKoo5cFeitas as apresentações, vamos falar de como é o jogo. Eternity: The Last Unicorn peca em alguns aspectos dentro desse gênero. Os combates deveriam ser a parte mais divertida, mas não é exatamente assim. Inimigos com inteligência artificial baixíssima e combos pouco criativos tornam a experiência um tanto quanto pobre.

Uma outra herança de God of War (dos antigos) é a impossibilidade de controlar a câmera, ela fica sempre fixa no ponto em que o jogo achar melhor. Se por um lado torna as cenas um pouco mais cinematográficas, por outro consegue irritar e torna a experiência bastante datada. Em pleno 2019, eu quero ter a escolha de controlar a câmera!

Imagem do jogo Eternity: The Last Unicorn
Criaturas fantásticas povoam o mundo de fantasia nórdica do jogo.

Um God of War sem carisma

Além da jogabilidade não ser exatamente um primor, os gráficos me fizeram achar que estava jogando algo da geração passada. Cheguei a imediatamente testar God of War III – Remastered após uma jogatina de Eternity: The Last Unicorn e o jogo lançado originalmente em 2010 (e remasterizado em 2015) é bem mais bonito do que o título brasileiro. As texturas não são tão bacanas e existem poucos efeitos de iluminação, a movimentação da personagem não dá a sensação de peso nem de impacto, tanto andando e correndo quanto lutando.

Talvez o maior trunfo de God of War (além dos excelentes combates) seja o seu protagonista: Kratos. Em Eternity: The Last Unicorn, a elfa Aurehen não segura muito bem as pontas e deixa a desejar no quesito carisma. Mal dá pra notar a personalidade da personagem, já que não existem falas dubladas, apenas legendas. Sim, você leu corretamente, o jogo não possui uma única fala, seja da personagem principal ou de algum NPC. Se você quiser entender a história do game vai ter que ler as legendas e diários.

O som não é marcante, mas também não é ruim. O maior problema é a abrupta troca de música quando inicia ou finaliza um combate. Você tá lá na calmaria e do nada entra a música de combate, que vai embora tão rápido quanto chegou, sem a menor transição.

Esmagando botões

O combate bem desinteressante também joga ainda mais pra baixo a experiência de gameplay de Eternity: The Last Unicorn. Não existe qualquer sinalização de qual momento você deve usar a esquiva. Aliás, se você quiser jogar sem esquivar também dá. É o típico jogo estereótipo de esmaga botões – se você ficar batendo a cabeça no controle, vai conseguir derrotar os inimigos da mesma forma.

Imagem do jogo Eternity: The Last Unicorn
Muitas armadilhas ficarão no caminho da nossa heroína.

Durante as lutas também existe um “mini quick time event” – se você apertar o botão correto na hora correta, finaliza o inimigo de uma vez com uma animação diferente. Legal, né? Só que não. O que era pra deixar o combate com ares mais épicos acaba gerando uma animação bem sem graça e repetitiva. Muito mais fácil apertar todos os botões ao mesmo tempo e sair espancando quem estiver na sua frente.

De fato, jogar Eternity: The Last Unicorn me transportou mais ou menos para 2010, quando meu PS3 era a estrela da casa. Não sei se toda essa nostalgia foi proposital, pois ele repete inclusive os elementos que já estão extremamente datados e não fazem mais parte do senso comum de jogos do gênero. Jogabilidade fraca, gráficos da geração passada, história sem carisma e falta de personalidade são os maiores defeitos do jogo.

Se utilizar da mitologia nórdica (que acabamos de ver em God of War) foi uma jogada bastante arriscada, isso aumenta ainda mais a base de comparação com o GOTY de 2018. Ainda assim, é admirável ver um jogo feito totalmente no Brasil fugindo da fórmula indie que se popularizou com seus jogos pixelados

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024