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Pensem numa perseguição incessante, cheia de obstáculos e complicações crescentes. Agora coloquem-na no espaço, entre um piloto de nave com amnésia e uma misteriosa raça alienígena. Essa é a premissa básica de Everspace, indie com cara de AAA desenvolvido pela Rockfish Games.

Apesar de possuir uma narrativa, Everspace é um jogo rogue-lite, ou seja, morra durante seu percurso e comece tudo de novo. Notem o lite: apesar do progresso na história ser perdido, após cada morte o jogador ainda tem a oportunidade de comprar melhorias com os créditos coletados em cada percurso (aka rodada), que consiste de diferentes setores que, por sua vez, são formados por estágios menores.

O fugitivo

Ao entrar em cada estágio, o jogador tem alguns minutos até que os Okkar, a raça alienígena que caça o protagonista, cheguem para tocar o terror, o que confere bastante urgência ao progresso e torna a experiência mais empolgante. Para isso, deixo a dica da melhoria mais essencial: o escâner de setores. Com ele, o jogador pode ver os níveis de perigo a serem encontrados em cada um dos estágios e com isso decidir qual caminho trilhar em cada setor. A opção de escolher entre estágios diferentes dá uma flexibilidade bem-vinda à experiência, que também pode ser nivelada nas escolhas de dificuldade.

Imagem do jogo Everspace
O escâner de setores permite saber o nível dos riscos de cada zona.

Everspace é um jogo de naves, portanto nada do que foi mencionado acima faria alguma diferença caso a experiência mecânica de controlar seu veículo espacial fosse mal-orquestrada. Felizmente, a Rockfish prezou por uma jogabilidade sólida, que permite sentir as particularidades de cada nave e as nuances que cada ambiente visitado traz para a exploração. Por exemplo, no 3º setor, surgem os buracos negros, que surtem efeitos perceptíveis sobre a movimentação da nave e podem ser fatais caso o jogador bobeie e chegue muito perto deles.

Apesar da solidez dos controles, sente-se que faltaram opções adicionais de layout e também que o gamepad, tanto do PS4 quanto do Xbox One, é incapaz de comportar todos os comandos necessários para maneabilidade mais robusta. Um dos problemas que comprovam isso é a incapacidade de rolar a nave sem ter que ativar uma opção no menu de configurações, cuja ativação acaba limitando outras manobras. É claro que cada jogador terá sua preferência e poderá encontrar o layout ideal, mas sinto que a Rockfish poderia elaborar um novo esquema de controles para deixar a experiência mais maleável.

Mantenha seu estoque em dia

Ainda assim, explorar campos de asteroides, destroços de naves cargueiras e o interior de enormes estruturas é bastante prazeroso, além de útil. Apesar de novas coordenadas de saltos serem elaboradas rapidamente, permitindo pular para o próximo estágio, dar um tempo para procurar e coletar recursos, sejam eles materiais ou novas armas, é crucial para que se obtenha sucesso na jornada, podendo ser fatídico para o atual percurso – às vezes, até demais.

Imagem do jogo Everspace
Perdi meu progresso, mas adquiri uma nova e poderosa nave.

Em um dos percursos que realizei, sofri danos nos meus moderadores inerciais, que por falta de recursos eu não pude reparar, o que tornou a condução da nave mais imprecisa. Isso, por sua vez, afetou meu desempenho no combate, durante o qual foi danificado meu sistema de suporte à vida, que agora também precisava de reparos. Talvez por puro azar, não encontrei materiais para reparar nenhuma das minhas fraquezas e meu estoque de oxigênio eventualmente chegou ao zero, resultando na perda de um percurso de quase 1 hora.

No entanto, o foco na exploração ainda permitiu que eu adquirisse créditos para comprar uma nova nave, mais lenta porém com armas mais poderosas e uma maior resistência do casco. E essa exploração se torna ainda mais agradável com os gráficos muitíssimo bem trabalhados, tornando cada um dos locais visitados em algo distinto e visualmente impressionante. Há também um trabalho convincente com a atmosfera, ou melhor, ausência dela, que torna Everspace em uma viagem imersiva. Sem ofensa a indies, mas o que é entregue pela Rockfish é realmente digno do que se vê em muitos títulos AAA por aí.

Lembram da narrativa que mencionei lá em cima? Não se trata de nada substancial, mas isso não é um problema. Ao menos, a presença de um protagonista falante e sua I.A. tornam a viagem menos solitária, além de fornecer novas e interessantes informações sobre o universo que abriga a trama, criando coesão entre os diversos setores explorados e os aliados e oponentes encontrados pelo caminho. Os bons efeitos sonoros e a trilha musical cool ajudam a deixar tudo ainda mais agradável.

Imagem do jogo Everspace
Buracos negros: fique longe deles!

Mesmo sendo um título rogue-lite baseado na repetição, Everspace consegue criar a ilusão de que seu espaço é rico em possibilidades, e isso faz toda a diferença no fim das contas, não só para quem adora batalhas espaciais mas para quem também aprecia uma experiência que recompensa a persistência e audácia do jogador devidamente.

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