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Nunca fui fã do estilo “rogue”. Joguei poucos jogos do estilo e particularmente não sei o motivo de não ser apaixonado, mesmo que todos os games que tive a oportunidade de experimentar nesse gênero tivessem me cativado. E não foi diferente com Fallback. Produzido e distribuído pelo estúdio francês Endroad, Fallback é um rogue-lite que te coloca no controle de uma rebelião dos humanos contra máquinas malignas e dominadoras, bem no estilo Matrix.

Um colapso ambiental tornou o planeta Terra inabitável e nos restou viver no subterrâneo, com auxílio de máquinas inteligentes que proporcionaram uma vida digna sob a superfície, nesse “paraíso” chamado de Éden. Até que uma planta é descoberta e pode ser a salvação da vida terrestre, mas as máquinas não gostam muito disso e resolvem que é melhor nos aprisionar e manter do jeito que está. Com essa premissa, você assume o papel de voluntários da rebelião, com a árdua missão de vencer o labirinto de túneis e derrotar os guardiões para levar essa salvadora plantinha para a superfície e assim purificar nosso planeta.

Um mundo “tipo Matrix”, só que mais perigoso

Vamos começar pelo que mais chamou a atenção: a belíssima progressão 2.5D, que faz com que avançar pelo cenário se transforme numa experiência “multi-ângulos”. Sim, subir em uma plataforma ou virar uma esquina altera o ângulo da câmera, dando uma falsa impressão de tridimensionalidade.

Imagem do jogo Fallback
Os personagens são gerados de forma aleatória, com atributos e habilidades que podem variar.

Já vimos isso antes em Pandemonium e Shadow Complex, e aqui a ideia é aplicada de forma fluida e natural, adicionando uma beleza a mais no jogo. A jogabilidade não chega a ser afetada por isso, visto que os controles são de certa forma simples. Você tem um botão para atacar, um para esquivar e um para interagir com o cenário e demais personagens.

Agora, vamos ao que pode afastar alguns, mas que pra mim foi um dos pontos que mais me motivou a continuar jogando: a dificuldade. Fallback não é um jogo fácil, e assim que inicia a jornada você tem entre 3 personagens aleatórios para escolher, cada um com suas particularidades e atributos (nem sempre balanceados) divididos entre os pontos de vida, escudo e dano.

Aqui o seu estilo de jogo deve ser levado em consideração, já que alguns rebeldes têm uma alcance maior de ataque, porém são mais lentos, enquanto outros são mais resistentes ou com mais escudo, tudo gerado de forma aleatória. Dar a sorte de pegar um personagem com bons atributos pode fazer a diferença entre um avanço sofrido ou uma aventura um pouco mais tranquila. O grande obstáculo do game é que recuperar pontos de vida ou encher seu escudo é uma coisa rara – mais valia me esquivar e correr do que finalizar um alvo e correr o risco de perder mais um pouco de vida/escudo.

Morrer é só um detalhe

Imagem do jogo Fallback
Essa é a tela que você vai ver muitas e muitas vezes quando morrer em Fallback.

Como todo bom rogue-lite, morrer te leva à estaca zero (ou quase isso). Com o decorrer das fases, você vai coletando upgrades com pontos que adquire ao eliminar inimigos, e esse progresso será completamente zerado quando morrer. Você consegue essas habilidades em pontos específicos do mapa, que vão abrir uma opção para que compre a que achar mais adequada para seu estilo de jogabilidade. Fallback não prioriza muito o jogador mais stealth, e o combate é necessário para o progresso pois os pontos para comprar habilidades só são liberados quando se derrota um inimigo.

Você pode ir libertando prisioneiros pelo caminho e, para cada prisioneiro libertado, ganha um ponto para equipar em sua árvore de habilidades, e esse progresso se mantém independente de quantas vezes morra. Essas habilidades são bem úteis e são o principal ponto em que o jogador deve focar para progredir bem no jogo. Algumas te dão a possibilidade de melhorar os power-ups que consegue durante as fases (esses que você vai perder quando morrer), e as raras e valiosas habilidades que proporcionam algum tipo de cura devem ser a prioridade do jogador.

Imagem do jogo Fallback
As fases são geradas de forma aleatória, mas acabam se repetindo quando se joga por um tempo.

Os labirintos e túneis são gerados de forma aleatória, mas não são completamente “novos” a cada jogatina. Ao contrário de outros jogos do gênero onde é virtualmente impossível repetir a mesma fase, em Fallback eu notei algumas vezes a repetição de cenários, com leves modificações como um novo tipo de inimigo ou uma armadilha que não estava ali antes, porém ainda basicamente as mesmas. O que é um ponto negativo, visto que você vai morrer muitas vezes em Fallback, e pode acabar ficando um pouco chato passar sempre pelo mesmo lugar.

Os desenvolvedores prometem atualização constante, adicionando novos obstáculos e novas salas para tornar a jogatina ainda mais desafiadora. Sempre ao iniciar uma aventura, o jogador tem a opção de avançar para esquerda ou para a direita, tendo também a total liberdade para voltar e escolher o outro caminho caso ache melhor. Como as fases têm um fim, ocasionalmente você se verá obrigado a voltar por todo o cenário de volta ao ponto inicial para então tomar a outra direção.

Deliciosamente desafiador e punitivo

Você tem a liberdade para escolher quando vai enfrentar o Guardião para avançar no jogo.

O grande objetivo do jogo é chegar à superfície, e para isso precisa derrotar o guardião. Assim que encontrar sua sala, pode enfrentá-lo, mas é recomendado conseguir alguns power-ups primeiro, pois é um desafio ainda mais difícil do que o restante dos obstáculos. Fallback é um jogo punitivo, essa é a palavra que define. Pode ser frustrante para jogadores menos experientes ou que não sejam muito adeptos do gênero, porém ele tem um fator que, pra mim, transforma a dificuldade exacerbada em desafio. Em momento algum ele é injusto com você, e morrer é um fator decorrente de algum erro que você cometeu, como alguma esquiva mal feita ou ataque atrapalhado. Essa sensação de me sentir desafiado fazia com que eu retornasse para mais uma tentativa.

Os belos gráficos do jogo ainda não parecem 100% otimizados, com ainda algumas poucas quedas de performance durante o gameplay, mas nada que chegue a atrapalhar pois, felizmente, as quedas de FPS não aconteceram durante momentos de ação. Por isso mesmo eu acredito que seja apenas uma falta de polimento e não uma falha grave no jogo. Se você curte a dificuldade apresentada pelos rogue-lite e quer viver uma experiência quase tridimensional dentro de um mundo 2.5D, Fallback é uma excelente pedida.

Review – Pepper Grinder

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