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Quando pensamos que a criatividade para novos jogos de luta acabou, surgem desenvolvedores aptos a nos provar o contrário. A Sirlin Games entrou na roda e fez suas apostas, trazendo um novo título para o mundo dos jogos de luta. Fantasy Strike traz um diálogo contemporâneo para o jogador, flertando com inúmeros problemas que vemos no dia a dia da sociedade em geral.

Sabe a polêmica da Poison na série Street Fighter, Tony em Grand Theft Auto IV e mais recentemente a nossa querida Ellie em The Last of Us Part II? Fantasy Strike aborda tais temas, como discriminação, escravidão, opressão e abuso de poder através de um torneio de luta. E não para dividir, mas sim unir os lutadores e os espectadores contra um regime abusivo. Em outras palavras, a história do game é diferente de tudo que se possa esperar do gênero.

Lutando por motivos diferentes

A trama gira em torno de Rook, um guerreiro que abriu mão de sua forma humana e agora vaga pela terra como um poderoso Golem de pedra. Através dos anos, Rook pôde ver como a humanidade e as outras raças frequentemente entraram em combates sem sentido. Agora, o Chanceler Quince controla grande parte do mundo com seu punho de ferro autoritário e preconceituoso, destruindo vidas, biomas e raças inteiras afim de lucrar e manter seu poder.

Com isso Rook resolveu criar um torneio de artes marciais, reunindo os mais hábeis lutadores deste mundo para lutar entre si, não pela violência ou para saber quem é o mais forte, mas para criar laços. Agora Grave, Jaina, Geiger, Setsuki, Midori e muitos outros se dirigem às diversas arenas espalhadas pelo mundo em busca de aliados e de respostas para assuntos pessoais não finalizados. Midori está atrás de um oponente a altura, DeGrey é ordenado em um missão de assassinato, a pintora Valerie busca por sua esposa e Setsuki apenas quer se divertir o máximo possível, entre outras histórias. Será essa aliança forte o bastante para derrubar Quince?

Imagem do review de Fantasy Strike
Setsuki vs Rook: rapidez e teleportes contra força bruta.

Fantasy Strike conta com dez personagens distintos, separados em quatro grupos. Primeiramente temos os Zoners: neste grupo temos o samurai Grave, a arqueira Jaina, o mago do tempo Geiger e o tritão druida Argagarg. Esses personagens são interessante para os jogadores que preferem manter o contato físico entre as batalhas o mínimo possível, contando com ataques a longa distância e habilidades defensivas acima da média. Este é o maior grupo de personagens em Fantasy Strike, até o momento.

Em segundo temos as personagens do estilo Rushdown: a ninja Setsuki e a pintora mágica Valerie. Essas personagens são extremamente rápidas, podendo terminar as lutas em questão de segundos se controladas da maneira correta. Setsuki pode teleportar pelo estágio e atacar pelas costas, enquanto Valerie pode utilizar seu pincel gigante para cobrir a tela de tinta e também cobrir grandes distâncias com seus belos golpes espaçosos e poderosos.

Imagem do review de Fantasy Strike
Pode não parecer, mas a premissa é interessante e bastante criativa.

Em terceiro temos o grupo dos personagens de arremesso, seguindo o estilo dos personagens que nos fazem querer lançar o controle na parede – Zangief, El Fuerte, Goro – de tanta raiva. Aqui temos o Golem Rook e o Mestre Dragão Midori. Rook é capaz de desaparecer com a barra de energia dos oponentes rapidamente se dada a oportunidade, pois seus ataques variam entre arremessos e golpes de vinha, que ele usa como chicote. Midori por sua vez é um daqueles personagens “quebrados”, principalmente em sua forma de dragão, um verdadeiro Shao Khan 2.0.

Por último, mas não menos importante, temos os personagens Wildcards, totalmente imprevisíveis e com golpes avassaladores. Lum é um panda que trabalha para um cassino, seus golpes vão de itens aleatórios que ele atira para cima – bombas, filhotes de panda, comida, nuvens de Grave – e pulos acrobáticos que vão trancar o oponente em uma sequência de golpes. DeGrey possui um espírito consigo, o qual ele controla e pode abraçar e imobilizar o oponente, abrindo oportunidade para golpes mais poderosos.

Muitos rounds? Que nada, as lutas acabam rápido.

Gameplay prático e diferenciado

A mecânica de combate em Fantasy Strike é de fácil aprendizado e traz suas próprias novidades para o gênero de luta. Há um botão de pulo, um para ataques normais e dois botões separados para habilidades e o especial do personagem. Tal simplicidade facilita bastante os ataques e a formação dos combos. Os agarrões contra defesa estão presentes, mas é possível realizar um Yomi Counter. Ou seja, caso sofra um arremesso pelo oponente mas não se mova durante a ação, seu personagem irá contra-atacar automaticamente.

As habilidades são divididas em quatro entre os dois botões, duas são ativadas enquanto se está no chão e as outras duas são habilidades aéreas dos personagens. O mesmo vale para o especial do personagem, tendo uma versão enquanto no chão e uma versão aérea. A movimentação em 2D é satisfatória e não deixa a desejar para outros títulos. Os modelos dos personagens também são bem feitos e criativos. E a barra de vida dos lutadores é dada em blocos: dependendo do estilo do personagem, ele terá mais ou menos vida. Rook possui dez blocos de vida, enquanto Setsuki tem apenas cinco. Pode parecer injusto, mas o balanceamento é eficaz.

DeGrey é um daqueles personagens que se te colocar no canto, não há escapatória.

Os gráficos são bem legais, embora nada muito surpreendente na versão que joguei (de Switch). Os modelos dos personagens se movem de maneira satisfatória, as animações de combate são fluidas e é possível tirar proveito dos famosos exploits de jogos de luta. É interessante ver que Fantasy Strike traz um ar diferenciado com seus personagens, mais parecendo um RPG que se tornou jogo de luta do que um jogo totalmente feito com esse intuito.

As diferenças entre os personagens permitem muitas formas de jogar, como combar com Jaine e seu arco de fogo ou utilizar as engrenagens de Geiger enquanto paramos o tempo e caminhamos até as costas do adversário para uma nova sequência. A trilha sonora acompanha bem a ação, embora a música de cada cenário não seja tão marcante como em outras franquias.

Imagem do review de FS
Geiger, de longe um dos lutadores mais fortes.

Fantasy Strike é uma corrente fresca em um universo já saturado de games de luta com infinitos torneios em busca de poder, fama e dinheiro. Ao invés disso o game explora assuntos tangíveis do nosso mundo. Tá certo que demorei pra conferir o game da desenvolvedora indie Sirlin Games, lançado originalmente pra PC em 2017, mas experimentá-lo no Switch valeu demais. Não é um game perfeito, poderia haver mais personagens e ser visualmente mais impactante, mas é de longe o jogo de luta mais criativo que joguei nos últimos anos.

Imagem do review de Dicefolk

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