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Uma vez um sábio homem disse que os humanos temem as sombras por serem reflexos obscuros de suas almas. Logo é de se esperar que um gênero como o horror beba dessas águas para poder dar forma às suas terríveis sensações e experimentos. Assim, grandes clássicos dos games nasceram, como Clock Tower, Sweet Home, Alone in The Dark e Resident Evil, cada qual em sua terrível mansão abarrotada de pesadelos. Fear the Dark Unknown: Chloe veio para edificar sua própria casa mal-assombrada, mas o arquiteto errou feio a mão.

Apostando em clichês e prestando homenagem aos clássicos, mas sem trazer nada de novo ou interessante ao gênero, Fear the Dark Unknown: Chloe é uma versão enxugada do título de mesmo nome que saiu no ano passado. A diferença? Puzzles, experiências “melhoradas” e apenas uma campanha, a da jovem Chloe, tirando a parte de seu pai James não só de foco mas do game em si.

Uma mansão do barulho

Fear the Dark Unknown: Chloe traz a mesma história do primeiro jogo com um foco maior em sobrevivência. O que por assim dizer é dar uma lavada nas velhas meias de Resident Evil 1 Remake e tentar emular aqui. Para dar uma review justa a Fear the Dark Unknown: Chloe, tive de sair do meu caminho e jogar o título anterior. Que, como dito anteriormente, é simplesmente o mesmo jogo, mas com o cenário adicional de James, pai de Chloe.

Mocinha, você já ouviu aquela do cientista que vira um picles?

Ambos estão presos à mansão Beresford, um lugar assombrado por espíritos tão criativos ou assustadores quanto o Simão, o fantasma trapalhão. Assim, começamos o jogo logo no cenário de Chloe, que vê seu pai ser carregado para a parte interna do local por uma criatura. Agora sozinha e sem nenhuma pista do porquê de estar ali, a jovem garota deve enfrentar uma horda de zumbis, demônios, criaturas híbridas e espíritos zombeteiros dos Beresfords.

Ao explorar a mansão, Chloe acaba cada vez mais espiralando pelo desfiladeiro de horrores passados na mansão dos Beresfords, isso enquanto tenta descobrir qual a ligação do local com a misteriosa morte de sua mãe. Fear the Dark Unknown: Chloe diz ser uma versão survival do primeiro jogo com foco apenas em Chloe, mas acabou sendo mais uma versão cortada do jogo com adições de elementos que não fazem sentido.

A única coisa a se temer é o medo

Tiro o chapéu por terem conseguido colocar os pontos importantes para se entender a história toda apenas no episódio de Chloe. Mas ainda assim esta versão do jogo, que é literalmente a metade do preço por metade do jogo, se mostra um “wannabe” modo Mercenaries de Resident Evil. Com alegadas melhorias, o jogo aposta nestes novos elementos para se mostrar diferente do produto original, mas não vale a pena, tendo em vista que as diferenças poderiam ser adicionadas ao modo original através de patch.

Imagem do review de Fear the Dark Unknown: Chloe
Parece que aqui conseguiram uma cena boa.

As maiores diferenças são as facas que servem para se defender dos zumbis, a capacidade de se alterar a dificuldade dos puzzles e o sistema de mira, agora com um retículo que dança por toda a tela, dificultando ainda mais a ação de se usar as armas do que realmente ajudar. Já os puzzles do jogo não chegam a ser tão desafiadores ao ponto de precisar de um menu para alterar a dificuldade, mas entendo essa parte.

Além disso, esperava um trabalho de voz e de animação visivelmente melhor, já que é dito que o mesmo estaria presente nesta versão. Mas os menus, que mais parecem pertencer a um jogo de luta do que um de horror, as animações travadas e falas mal-entregues estão aqui ainda. O jogo ainda trava em momentos em que há mais do que a Chloe e o corredor dentro da mesma cena. Achei que fosse meu computador, mas acho difícil, já que Resident Evil 2 e 3 foram zerados aqui primeiramente antes do PS4.

Imagem do review de Fear the Dark Unknown: Chloe
Bom e velho clássico salão de mansão mal assombrada.

Maldição dos clichês

Fora os gráficos emborrachados e uma atuação de dublagem digna de Resident Evil 1, a mansão é bem criativa, contando com elementos e cenários que poderiam ter sido melhor aproveitados. Fear the Dark Unknown: Chloe aposta muito nos clichês que deseja emular para ser um bom jogo de horror, o que sou a favor caso seja bem executado. O problema é que aqui os clichês se multiplicam e se repetem várias e várias vezes, com criaturas pouco criativas, além de protagonistas bem água com açúcar.

A sonoplastia e trilha sonora de The Dark Unknown: Chloe são bem batidas e esquecíveis. Outra grande melhoria que passou batida foi a parte relacionada ao inventário do jogo, exigindo um backtracking violento em busca de chaves e peças de puzzles ou munição. O sistema de salvamento manual também não seria problema, se não fosse pelo sistema similar porém falho dos ink ribbons da série da Capcom. Aqui utilizamos CDs, mas que estão tão espalhados e são tão escassos que às vezes acabam mais atrapalhando do que realmente auxiliando.

Imagem do review de Fear the Dark Unknown: Chloe
Pare, por favor, eu não aguento mais.

Desta maneira, fica difícil realmente aproveitar Fear the Dark Unknown: Chloe. Como disse anteriormente, ao invés de usar os clássicos como pequenos pontos de fundamento para a base, o jogo se afunda nos clichês dos mesmos, com pouco espaço para a sua criatividade e ideias próprias respirarem, deixando tudo muito confuso e pouco interessante. Assim, o jogador acaba não sentindo medo, mas sim frustração e até mesmo raiva dos pequenos grandes problemas da obra.

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