Skip to main content

O verão norte-americano chega, mas temos poucos jogos de peso nesta época em 2021, um ano severamente afetado pela pandemia. Em meio a tantos adiamentos e anúncios cancelados, títulos como Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão e Final Fantasy VII Remake Intergrade roubam os holofotes sem muita competição, com o segundo sendo apenas um upgrade do jogo de 2020 para a nova geração. Com esse upgrade, chega também um capítulo bônus, Episode INTERmission, que pode ser comprado separadamente.

O DLC traz no PS5 as mesmas melhorias que podem ser encontradas em Intergrade, como melhor iluminação, draw distance maior e texturas que carregam mais rapidamente. Além disso, traz dois modos gráficos que dão a escolha ao jogador: o modo Gráficos renderiza o jogo em 4K nativo com detalhes adicionais a 30 fps, e o modo de Desempenho abaixa a resolução para oferecer uma ação bastante fluida a 60 fps. Não preciso nem dizer que preferi o segundo modo, mas o primeiro também deve agradar a muitos que preferem um visual mais cinemático.

Nota de rodapé

Final Fantasy VII Remake Episode INTERmission conta a história adicional de Yuffie, uma caçadora de matéria de Wutai que chega a Midgard com o objetivo de roubar o protegido prédio da Shinra. É uma trama muito, mas muito simples, com apenas alguns acréscimos que surgem a partir do companheiro de batalha Sonon, que possui uma história de fundo igualmente direta e desenvolvida em poucas cenas. Essa história se passa em paralelo à de FF7R, com os caminhos de Yuffie cruzando poucas vezes com os dos membros da Avalanche, então é recomendado jogar a expansão depois de completar o game principal.

INTERmission
Nem na fantasia nossos heróis escapam do transporte lotado.

Em termos narrativos, a expansão funciona, mas acaba perdendo boa parte do impacto devido à duração muito curta de seu conteúdo principal. Digo isso porque o final, que chega tentando atingir um pico dramático muito forte, acaba não funcionando tanto quanto poderia por causa do breve tempo dedicado ao desenvolvimento das personagens. Existe, aliás, uma diferença muito grande de tons entre os dois capítulos jogáveis da história de Yuffie, começando com muito humor e a partir da metade trocando as marchas abruptamente para algo mais sério.

Já do lado do gameplay, INTERmission é uma boa (mas nada incrível) adição pela maneira com que controlamos Yuffie em batalha. Armada com uma estrela ninja enorme, que pode ser usada tanto em combate à curta distância quanto em longa distância, a personagem traz um bom equilíbrio de estilos que a torna diferente o bastante daqueles que controlamos ao longo de FF7R. Só é uma pena que o Dualsense seja implementado de maneira tão tímida durante os combates, dando alguma sensação de impacto aqui e ali mas nunca chegando a um nível que impressione.

Sonon, o companheiro de batalha de Yuffie, infelizmente não é jogável, sendo restrito ao sistema de comandos, que pelo menos ainda funciona muito bem. Além dos comandos, temos também a Sinergia, que sincroniza os movimentos das personagens, criando uma barragem de golpes que ao menos é visualmente legal. Tanto Sonon quanto Yuffie são bem ágeis em ação, tornando-os em alternativas satisfatórias a Cloud e Barrett, por exemplo, que tinham movimentos mais cadenciados.

INTERmission
A gigantopeia é um dos bons chefes de INTERmission.

Os cenários de combate enfrentados ao longo de INTERmission são sólidos, com uma boa variação de inimigos que nunca se tornam repetitivos (mas, de novo, a expansão é bem curta). Há uma seção particularmente distinta na qual escolhemos quais oponentes combater a seguir, e os chefes, apesar de não explodirem nenhuma mente, são bastante consistentes em qualidade e design, criando atrito o suficiente para pelo menos aumentar a adrenalina da expansão rumo ao final dramático.

Não espere demais

Temos ainda seções de plataforma bem básicas, com um pouquinho de exploração aqui e ali. Há partes nas quais devemos usar a estrela ninja de Yuffie para alcançar interruptores distantes, acionando plataformas para chegar a outros cantos, e apesar de serem seções um pouco mais distintas que aquelas que vimos em FF7R, são também muito simples e nunca desafiadoras. Não espere nada particularmente intricado do level design, que é bem mais linear que o do jogo original.

INTERmission
O Forte Condor é um minigame respeitável.

INTERmission ao menos demonstra certo valor de produção em seu conteúdo principal, mas isso infelizmente não se reflete em todo conteúdo adicional. Chadley está de volta com mais invocações para batalhar na arena virtual, e é introduzido o jogo de estratégia Forte Condor à mistura, mas além deles temos uma ou outra missão simplória, como aquela que consiste em coletar seis pôsteres da Tartaruga Feliz. Quem quiser, vai conseguir tirar proveito do conteúdo, principalmente do Forte Condor, mas aconselho que não tenham expectativas tão altas.

No fim das contas, FF7R Episode INTERmission é uma adição bastante simples que não chega aos pés da experiência proporcionada no jogo original, mas existe nela algum valor de entretenimento. A história de Yuffie precisa de mais desenvolvimento e está apenas começando, e o DLC pelo menos oferece um novo final ao conteúdo principal para agradar aqueles que queriam saber para onde Cloud e companhia vão a seguir. Resta agora esperar para ver o que a Square Enix tem em seus planos para a personagem, que definitivamente vai cruzar caminho com os outros heróis.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024