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FlatOut é uma franquia de corrida que eu acompanho desde o primeiro game, lançado em 2004 (PS2, Xbox e PC). Inspirado em outro clássico do gênero, Burnout, o jogo da finlandesa Bugbear Entertainment havia me conquistado pela diversão escrachada e o apelo visual, cheio de efeitos de destruição. Infelizmente, desde FlatOut 2 (meu favorito), a franquia vem sofrendo com sequências fracas e nada criativas. Depois de produzir mais dois games, Ultimate Carnage (2007) e Head On (2008), a Bugbear passou a bandeira para outra produtora. Foi quando a Team6 assumiu a produção e afundou a franquia de vez com uma edição exclusiva pro Wii (2010) e o desastroso FlatOut 3: Chaos & Destruction (2011), que saiu somente pra PC. Como última aposta, fizeram um game pra Android chamado FlatOut: Stuntman (2013). Deu certo, mas deixando de lado a corrida para brincar exclusivamente com a física dos personagens sendo arremessados veículo afora.

Houve um longo hiato até FlatOut 4: Total Insanity ser anunciado em 2015, desta vez aos cuidados do estúdio francês Kylotonn. Sem pressão, tiveram tempo suficiente para trabalhar todas as características que fazem de FlatOut um jogo de corrida divertido. Por um lado não foram ambiciosos a ponto de querer revolucionar o gênero, mas conseguiram revitalizar uma fórmula que já estava estragada pelo tempo.

Diversão em primeiro lugar

Não espere por um jogo com visual incrível. É sim um game bonito e cheio de detalhes, mas longe do nível gráfico de jogos de grande orçamento como Project CARS e Forza Horizon 3. Na época de FlatOut 2 os gráficos impressionavam bastante, mas este quesito nunca foi de fato o ponto mais importante. A diversão descompromissada e totalmente arcade foi o que fez desta franquia o que ela é. Ou melhor, o que ela está tentando voltar a ser com FlatOut 4.

Ops! Alguém perdeu uma mala de viagem.

Devo admitir que não há grandes novidades aqui. É o mesmo jogo de corrida de sempre, com destruição de cenários e pilotos que voam pelo vidro da frente. A física continua ótima, com placas, troncos de árvore e outros detritos menores voando pra todo lado, enquanto os carros sofrem danos em tempo real. Exceto pelas colisões, que são mais simplórias e com opção pra retornar à pista rapidamente, os carros sofrem danos nos mínimos detalhes: o porta-mala entorta, a calota sai voando, as ranhuras ficam impressas na lataria e assim por diante. A sensação de batalha pela 1ª posição é muito gratificante enquanto a destruição acontece ao seu redor. Tem coisa melhor que colidir no adversário e ver ele rodando e destruindo um celeiro inteiro?

O modo Carreira de FlatOut 4 consiste em três modos: Derby, Classic e Allstar. Cada um representa uma classe de veículos e oferecem copas com duas a seis pistas pra correr, fora algumas variações como corrida contra o tempo e batalhas em arenas. Conforme vai vencendo as copas, você junta uma grana para comprar carros e melhorá-los trocando as peças (motor, nitro, escapamento, etc.). A personalização não é muito extensa, mas oferece opções o suficiente para agradar. Quanto às pistas, estas sim deixam a desejar. Não pelo visual e sim pela falta de variedade, pois elas se repetem demais mudando apenas o sentido da pista e o clima.

Na placa da estrada, uma piada. No carro, uma frase motivacional.

FlatOut 4 agrada pela facilidade de se acostumar com a jogabilidade. Cada carro possui suas próprias características, mas nada tão aprofundando quanto os jogos de simulação. Ao correr por uns 20 minutos com o primeiro carro liberado, uma lata velha chamada Grosse Pointe, logo você pega as manhas para dominar o modo Carreira e ir se adaptando com os próximos carros comprados. Com a ajuda do nitro, que distorce a tela com uma sensação de velocidade incrível, você pode facilmente mudar de posição numa corrida mais difícil. E por falar em dificuldade, o desafio é menor do que eu esperava.

Jogando o boneco longe

À parte da Carreira está o modo FlatOut, onde o jogador encara 42 desafios insanos como: correr com power-ups no modo Assalto, danificar os carros adversários e cenário no modo Carnificina, arremessar o piloto em coisas malucas no modo Manobra, fugir com a bandeira no modo Dono da Bandeira e evitar ficar mal posicionado no modo Mais Rápido que a Bomba (pra não explodir seu carro, claro).

Se você nunca jogou FlatOut, deixe-me ilustrar o modo Manobra (marca registrada da franquia): dentro de um carro super veloz, você desce uma rampa a milhão e propulsiona o piloto pra fora do veículo em direção à… um pong de copo, anéis flamejantes, um campo de golfe, uma mesa de bilhar, um campo de curling, um castelo feito de peças de madeira e outras ideias bizarras. Em todos os desafios do modo FlatOut você disputa o bronze, a prata e o ouro conforme sua pontuação. E quanto mais desafios você completa com ouro, mais desafios vão sendo liberados. Funciona como um segundo modo Carreira, com uma dificuldade maior.

Encarando a batalha de arena com um fusquinha.

Uma trilha sonora à altura

Desde Burnout Paradise eu não jogava um game de corrida que me fizesse tão feliz com a seleção do soundtrack. Pode parecer bobeira, mas eu adoro ouvir músicas enquanto jogo games de corrida. Muitas vezes até diminuo os efeitos sonoros, como o barulho do motor, para ouvir melhor cada faixa. Ao rodar FlatOut 4 pela primeira vez, o jogo já me conquistou com a música da tela inicial: “No Sleep”, de Twin Atlantic (ouça aqui). Que sonzera foda, meu amigo! A banda é tão boa que outras 4 músicas deles foram incluídas no soundtrack.

A seleção é realmente muito boa e inclui apenas rock and roll. Nada de hip hop ou rap da quebrada, como teve em Burnout Paradise e costuma ter também nos jogos da franquia Need for Speed. Nada contra, apenas acho que não combina direito com a velocidade da coisa toda. Além do Twin Atlantic, o game conta com faixas das bandas Them Evils, Gutter Demons, Matchless, Buzz Deluxe e The Menstruators, entre outras. Destaque para a banda brazuca Trivoltz, que possui duas músicas (em inglês) no lista: “Gasoline” e “Mr. Policeman”.

Correr com power-ups no modo Assalto é divertido demais.

No multiplayer, o game apresenta o mesmo conteúdo do modo Carreira (pra disputar com até 12 jogadores) e também os desafios do modo FlatOut. Jogando no PC, não foi nada fácil encontrar outras pessoas para jogar junto via Steam. Já nos consoles, creio que seja mais fácil de participar ou criar partidas online. Infelizmente o jogo não possui opção para jogar localmente, com tela dividida.

FlatOut 4: Total Insanity é um bom game em vários aspectos, mas que não consegue superar FlatOut 2. Eu me diverti bastante, matei a saudades de uma franquia que adoro, mas devo admitir que esperava bem mais. Não dá para negar que rolou um reaproveitamento de ideias já existentes, trazendo pouquíssimas novidades ao universo do game. Ainda assim recomendo para quem curte corrida de destruição e principalmente àqueles que estão conhecendo FlatOut somente agora.

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