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Gears of War figura ao lado de Halo e Forza como uma das grandes franquias da Microsoft, e pra revigorar a série que tem 5 jogos em sua cronologia regular, chegou Gears Tactics, game de estratégia por turnos, mas com todas as mecânicas e peculiaridades do jogo de tiro em terceira pessoa do qual foi derivado. Desenvolvido pela The Coalition e distribuído pela Xbox Game Studios, o jogo promete levar toda a ação de Gears of Wars para dentro um “tabuleiro”.

A história do jogo se passa 12 anos antes do primeiro e você assume o protagonismo junto com o soldado Gabe Diaz. Como em todo bom jogo de estratégia, você também tem outras peças pra movimentar no tabuleiro, entre heróis e unidades simples. Temos Sid, um veterano de guerra, e também Mikayla, uma sniper rebelde e extremamente hostil com os militares. Além desses, temos diversas outras unidades que podem compor seu time de até 4 personagens por vez. Tudo isso para derrotar o vilão cientista Ukkon, que está usando de genética para criar monstros ainda mais perigosos.

O conceito de estratégia, em grego strateegia…

Gabe, que estava aposentado e cuidando de uma oficina militar, é recrutado pelo presidente para rastrear e destruir Ukkon, e como todo bom e velho clichê de um soldado “aposentado”, reluta em aceitar sua missão. Ao longo das missões, novos soldados são desbloqueados para se juntar à sua equipe, sendo eles divididos em categorias, dos mais parrudos aos mais ágeis, e a estratégia começa na preparação de cada missão, durante a escolha do time ideal. Mas confesso que é difícil mudar o time, visto que além do apego emocional que você vai criando com cada personagem, eles também ganham experiência e vão ficando mais fortes conforme concluem missões.

Imagem do jogo Gears Tactics
Ação e estratégia num tabuleiro muito bem feito.

A característica mecânica de “cover” presente em Gears of War é incrivelmente bem implementada no jogo. Gears Tactics explora muito bem o cenário com suas mais diversas coberturas possíveis. Cada personagem possui suas habilidades passivas e ativas, que podem ser acrescentadas ou melhoradas conforme sobem de level. E tal qual um jogo de tabuleiro, em seu turno você tem 3 ações por personagem para se movimentar, atacar, recarregar, usar habilidades ou proteger uma área. Algumas habilidades te dão ações extras, o que por vezes salva a sua vida. A maior parte das missões permite a customização da equipe, enquanto algumas mais focadas na história definem previamente com que personagens devem ser jogadas.

Impossível não associar Gears Tactics com outros jogos do gênero. O primeiro que me veio à mente foi o antigo e clássico “Commandos”, que mesmo não sendo em turnos, também te coloca no controle de uma pequena unidade em meio a uma guerra muito maior. E claro, o aclamado XCOM também tem suas semelhanças, mas o game da Microsoft consegue ser menos estratégico e mais focado em ação, mesmo num estilo que geralmente nos remete a jogos mais lentos (e não entenda lento como um demérito). Gears Tactics só é mais ágil mesmo, pela temática e pelo fato de você controlar super-soldados.

O pensamento estratégico de Gears Tactics evolui conforme o jogo avança, com uma curva de aprendizado bem justa e cada nova missão apresentando um desafio diferente. Os comandos do jogo são bem simples, podendo ser inteiramente jogado com o mouse ou até mesmo um controle, mas digamos que essa não é a melhor maneira de jogar (talvez por isso jogos de estratégia façam muito mais sucesso em computadores do que nos videogames).

Imagem do jogo Gears Tactics
Algumas animações remetem ao estilo do Gears original.

Os diversos atalhos de teclado te possibilitam uma agilidade na hora de comandar as ações de sua equipe. Alguns comandos não são claros e precisam ser descobertos na hora (como trocar entre a unidade que vai fazer a ação, que é através da tecla TAB), enquanto outros são bem intuitivos, como as ações de cada personagem que ficam marcadas na tela.

O HUD (sigla em inglês para heads-up display, que são a interface na tela sinalizando vida, mini mapa, etc) do jogo é muito, mas muito bom mesmo, mostrando também o seu alcance, quantas ações cada movimento gastaria, quem entra no seu alcance se você se movimentar do ponto A para o ponto B, alcance inimigo etc. Com isso, montar a tática do turno se torna bem mais prática: basta posicionar suas tropas e mandar ver. Uma das mecânicas que tanto você quanto as tropas inimigas podem usar é a de patrulhar, parando e apontando numa direção e metendo bala em tudo que se movimentar dentro daquele raio. Entrar na área de patrulha inimiga é tomar chumbo gratuito.

… em latim strategi, em francês stratégie…

A diversidade de inimigos é um ponto positivo de Gears Tactics. Não que sejam muitos, mas cada um é bem característico. Desde os que atacam corpo a corpo e te dão contragolpes caso você se aproxime deles, até snipers com alcance altíssimo e que ficam de tocaia esperando você entrar na mira deles, passando ainda por monstros que explodem numa nuvem de gás tóxico quando são abatidos. Cada inimigo tem seu jeito peculiar de ser derrotado, o que inibe um pouco jogadores guerrilheiros que só querem avançar e atirar.

Imagem do jogo Gears Tactics
Patrulhar uma área te dá uma vantagem tática sobre os inimigos.

O controle da câmera pode ser feito tanto com o mouse quanto com o clássico W-A-S-D dos jogos de tiro, e também podemos girar a câmera até 360 graus com os botões Q e E, além de dar zoom in ou zoom out (mesmo não tendo lá muita abrangência no zoom). Às vezes tudo é uma questão de ângulo, e flanquear um inimigo te dá uma chance maior de acertar um tirambasso na cara dele. Quanto a isso, a cada inimigo que entra na sua mira, o game mostra a chance do tiro acertar, tal qual a possibilidade de gerar um acerto crítico. Uma das mecânicas que o jogo possibilita é a de interromper uma ação, algumas habilidades ou armas interrompem imediatamente a movimentação, ataque ou uso de habilidade. E isso serve tanto pros inimigos quanto pro seu time.

Os gráficos de Gears Tactics são belíssimos, usando todo o poder da Unreal Engine 4, num estilo que se por vezes é simples visualmente, aqui é elevado a níveis altíssimos. Com cenários trabalhados e personagens detalhados, o jogo ainda de quebra conseguiu lidar bem com o fato de eu utilizar um monitor ultrawide (com proporção 21:9, a mesma do cinema, enquanto a padrão de monitores e TVs é 16:9). Ele de fato amplia seu campo de visão, mostrando mais coisa na tela ao mesmo tempo, um fator que não é utilizado em jogos com pegada mais competitiva por dar vantagem para um setup fora do usual.

Existe toda uma variedade de armas e habilidades para usar no jogo.

Um adendo para os gráficos é a violência explícita. Finalizar inimigos atordoados ou utilizar ataques corpo a corpo gera uma animação de dar orgulho aos jogadores de Mortal Kombat: vai ter motosserra rasgando inimigo ao meio, baioneta decepando e até crânio esmagado no chão com o peso da metralhadora, tudo isso com muito sangue voando pela tela. Infelizmente, a quantidade dessas animações é limitada e com pouco tempo de jogo já terá visto todas.

Os senhores estão anotando?

Já a parte sonora de Gears Tactics tem um ponto positivo e um negativo. O jogo está completamente dublado em português brasileiro, com bons dubladores e que de fato combinam com os personagens dublados. O lado ruim é que algumas falas durante as missões são bem repetitivas e alguns palavrões proferidos soam bem artificiais. Não existem muitas linhas de fala nesse jogo, então você provavelmente vai decorar todas elas ao longo das mais de 20 horas que o jogo te proporcionará. Curiosamente, o tempo de jogo é até maior do que o dos jogos regulares da franquia Gears of War. Talvez pelo estilo cadenciado de jogo, Gears Tactics facilmente atinge o dobro de horas do Gears 5, com 22 missões divididas em 3 atos.

Não vacile, os inimigos também esperam por um movimento em falso seu.

Gears Tactics consegue de maneira magistral unir ação e estratégia sem desagradar ao fã de nenhum dos gêneros, dosando muito bem o tiroteio desenfreado com a tática apurada. Curiosamente, o jogo saiu primeiro para PCs através da loja da Xbox e também pela Steam, e tem previsão de lançamento para o “algum momento desse ano” no console da Microsoft. Aos donos de Xbox, resta esperar, mas se você é fã do gênero, eu recomendo que jogue o quanto antes, pois o jogo não exige um computador ultrapotente.

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