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Você é Abraham, um padre responsável por um orfanato e que está em uma severa crise. Após o desaparecimento de 7 órfãos, outra criança demonstra sinais de possessão demoníaca. Apesar de não possuir experiência, decide fazer o ritual de exorcismo. Tudo acaba muito mal e David também some. Culpado pelo desaparecimento ou quiçá morte destas crianças, sua mente já não se encontra mais em condições saudáveis.

Gray Dawn foi desenvolvido pela Interactive Stone, um time formado por três romenos. Com o perdão do preconceito e xenofobia, sempre fico duplamente receoso com o que as histórias do leste europeu são capazes de fazer com minha cabeça. Unir esse fato com crianças medonhas e símbolos sacros é uma combinação que sempre me deixa na ponta da cadeira.

In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti

Em se tratando de mecânicas, Gray Dawn é quase um walking simulator. Sendo um jogo em primeira pessoa, ele trabalha muito bem com a imersão do jogador, dando grande atenção aos sons de cada localidade, fator que considero o mais importante em um título que busca deixar o jogador desconfortável.

Gray Dawn foi desenvolvido com a Unreal Engine 4, também utilizada em jogos como Dragon Ball FighterZ, A Way Out, Fortnite, NBA Playgrounds e muitos outros. Considerando a longa lista de jogos, percebe-se que a engine é muito versátil e capaz de produzir resultados impressionantes. Apesar de ser bem bonito, é perceptível uma certa falta de polimento no jogo, principalmente no quesito visual. A sensação que fica é que aquele mundo é irreal (com o perdão do trocadilho vagabundo).

Os ambientes que você atravessa deixam cada vez mais tênues os limites entre real e surreal. Com todos os acontecimentos que Padre Abraham vem enfrentando e estando isolado no orfanato em plena nevasca, não é de se surpreender que sua cabecinha esteja em estado de calamidade.

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Tão frio e perigoso quanto o coração de Putin.

Essas variações auxiliam a amenizar um possível cansaço e a monotonia de ficar rondando por cenários que poderiam facilmente se tornar mundanos. Outro ponto é que você também começa a duvidar um pouco se o que está vendo faz algum sentido ou se são apenas alucinações aleatórias.

Vade retro Satana!

Como todo bom adventure (valendo ainda mais para walking simulators), a história precisa ser um ponto chave para amarrar seu pé na mesa e te manter jogando por só mais umas 14 horas. A história de Gray Dawn faz justamente isso – quanto mais se sabe do passado, mais se quer saber o futuro. Há uma motivação para conhecer mais sobre os personagens e descobrir situações que não nos foram reveladas.

Porém, o maior problema de Gray Dawn é a falta de um level design consistente, sem uma lógica estabelecida. Em diversos momentos durante minha jogatina me vi completamente perdido, sem ter a mínima noção de onde eu poderia ir. Considerando o estilo de jogo, essa é uma situação que deveria ser evitada mais vezes.

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E você achava que aquelas imagens de Jesus te olhando eram assustadoras.

Em um contexto de um gênero que poderia ser chamada de terror, a maneira que considero mais pobre de atingir o objetivo é jogar coisas na cara do jogador para que ele se assuste (os infames jump scares). Felizmente Gray Dawn busca fazer justamente o contrário, em alguns momentos usando dos artíficios do jump scare mas na maioria deles construindo a sensação de que tudo está inevitavelmente errado e pende ao caos absoluto.

Para quem gosta de se sentir angustiado, assustado e desconfortável, tudo isso enquanto persegue alucinações em meio a uma forte temática religiosa e com uma dose extra-grande de demônios, Gray Dawn é uma ótima pedida e, sinceramente, é uma experiência que eu adorei odiar.

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