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Lançado originalmente no Japão em 2018, Heroland é um RPG tradicional que reúne grandes nomes da indústria: o diretor Takahiro Yamane (Fantasy Life), o escritor Nobuyuki Inoue e o designer Nobuhiro Imagawa (ambos responsáveis por Mother 3 e Legend of Mana) e o compositor Tsukasa Masuko’s (Shin Megami Tensei). O que poderia dar errado com um time desses? Eis que fui surpreendido por um jogo raso, simplório, repetitivo e excessivamente infantil.

Como grande fã do gênero, custei a acreditar nas decisões desta co-produção da FuRyu e Netchubiyori. Com o lançamento no ocidente, coloquei minhas mãos na versão de Nintendo Switch e, à primeira vista, me pareceu um jogo bastante promissor. Porém, bastou uma hora de jogatina para saber o que este jogo reserva aos jogadores.

Vamos passear no parque

A primeira coisa que me chamou a atenção em Heroland foi o visual, que mistura desenhos à mão (para os cenários) com pixel art em perspectiva 3D. É como se os personagens fossem papéis com gramatura grossa, que enverga de um lado para o outro durante seus movimentos. Seria charmoso se não fosse pela simplicidade total e repetição dos ciclos de animação. As trocas de sprites acontecem geralmente durante um pulo ou giro, não restando muita graça pra ideia geral. E os cenários não passam de desenhos estáticos, sem parallax ou qualquer outro efeito para dar mais vida ao parque.

Imagem do jogo Heroland
Endividado até a morte.

Na trama, você é Lucky, um jovem e inexperiente funcionário de um parque temático que promove aventuras inspiradas em RPG. Seu trabalho é recepcionar os visitantes e guiá-los na exploração de calabouços, batalhas contra inimigos e a busca por tesouros. A situação complica quando o protagonista quebra um valioso vaso e contrai uma dívida de 100 milhões de $tarfish, a moeda do game. Eis que, durante seu trabalho, ele vai descobrindo o lado negro do parque e os planos de sua chefe, Ada.

Outros personagens se juntam à trama, como o Príncipe Elric (apelidado de “18”), a fada Lua e o colega de trabalho Otterman, vestido de marmota. O parque também conta com outros funcionários que o auxiliarão na aventura, como o ferreiro Cal e o dono do Empório de Pelúcias, Dr. Pharo. Apesar do carisma dos personagens, não demora para a história se mostrar muito infantil e com excesso de diálogos. Apertar o botão para passar os balões de texto, ainda que exista uma opção automática para isso, será o que você mais fará neste game.

Heroland, um RPG automatizado

Heroland apresenta uma ilha como hub pra tudo, como comprar coisas, conversar com NPCs e entrar nas missões. O história se passa em dias e, aos poucos, o jogo vai liberando novos turistas para orientar, novas missões, itens para decorar o seu quarto, e assim por diante. Não há exploração livre e tudo acontece por menus, inclusive as escolhas de resposta nos diálogos (três, como de costume) – que não interferem no andamento da história.

Imagem do jogo Heroland
Nada mais eficaz do que ler um livro contra os inimigos.

Cada missão é apresentada com etapas, seguindo a linearidade de um tabuleiro com casas que às vezes entrega caminhos bifurcados para escolher. Você entra na dungeon, participa de uma conversa entre os personagens, vai pra batalha, depois participa de mais conversa, enfrenta o chefe, colhe os espólios e por fim conclui a quest ganhando nível para todos. Eu não me importaria com isso tudo se o combate fosse divertido, mas eles ocorrem de forma automática como nos jogos mobile. Tem até opção para acelerar em x3.

Lucky se envolve nos combates como um assistente: ele pode indicar um ataque para um personagem, usar itens de suporte, erguer uma cor de bandeira (para indicar uma estratégia diferente para a party) e acessar o MonDex, que permite estudar os inimigos. O protagonista possui uma barra de assistência que, quando cheia, permite interferir na batalha com orientações. O jogo também indica o que cada personagem pretende fazer, cruzando linhas coloridas entre eles e os alvos.

O que importa é a felicidade dos clientes

A cada combate vencido, os personagens demonstram sua excitação por um medidor de alegria. Ao conseguir loot repetido, você pode oferecer aos visitantes e aumentar este medidor (com 3 sorrisos), conferindo bônus ao final da missão. É uma bem mecânica simples, mas interessante. Chat Skills é outra ideia legal: se os personagens falarem juntos durante o combate, sobre um mesmo assunto, o link (de 2 a 4 diálogos conectados) permite realizar um ataque especial que não consome SP.

Imagem do jogo Heroland
As missões são apresentadas assim, seguindo casas por um tabuleiro.

Basicamente, Heroland te coloca em um ciclo de grinding: entrar em missões principais e secundárias, conseguir bons loots (como armas raras e super raras), subir de nível, equipar os personagens com o que tiver de melhor e repetir tudo de novo. O jogador precisa apenas ficar atento às dicas dadas nas reuniões da equipe MonStar, com relação à próxima dungeon aberta, e alternar a party mantendo o equilíbrio entre as respectivas classes representadas por eles.

Confesso ter sido atraído por Heroland pela citação à Mother 3. Sou um grande fã da franquia, aqui mais conhecida pelo segundo game (Earthbound, de Super Nintendo), e logo identifiquei o pixel art de Nobuhiro Imagawa. Mas, diferente da trilogia de Shigesato Itoi, o game não oferece liberdade aos jogadores. Em meio à ideias legais, é triste ver um jogo tão limitado e repetitivo perdendo seu brilho após poucas horas de jogatina.

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