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Quando o episódio de estréia de Hitman foi lançado, em março de 2016, eu fiz uma vídeo análise sobre ele (assista aqui). Era o começo da temporada de um jogo planejado em seis episódios, saindo um por mês. Após jogar o tutorial e o episódio de introdução, ambientado na França (Paris), posso afirmar que a primeira impressão foi bastante positiva. Mas agora que a temporada está completa e pronta para sair também em disco (no dia 31), decidi fazer uma análise detalhando a experiência toda.

Jogo completo vs Jogo episódico

Eu definitivamente não sou fã de jogos cujo conteúdo é lançado em episódios. O fato de terminar um trecho do game e ter que esperar pela próxima parte geralmente me faz perder o interesse. Em muitos casos, esqueço até a história e os comandos do game. Tendo consciência disso, decidi pegar o Hitman pra jogar somente no Natal – sabendo que todos os episódios estariam disponíveis, incluindo um bônus natalino. Eis que a experiência foi completamente diferente da outra, em março, com o 1º episódio.

A desenvolvedora IO Interactive fez um trabalho espetacular ao renovar a fórmula do game, criando formas inéditas de manter o jogador interessado em repetir as missões. O ato de repetir missão para tentar outras coisas não é novo, mas os meios para os assassinatos foram exponencialmente ampliados. Uma mesma missão pode ser iniciada em vários locais diferentes, com aparatos extras (previamente desbloqueados), alvos distintos e desafios a perder de vista.

Dando aquela disfarçada antes de destruir uma arma química
Dando aquela disfarçada antes de destruir uma arma química.

A opção de criar, compartilhar e jogar Contratos – criados por outros jogadores ao redor do mundo – amplia ainda mais a gama de opções e a vontade de repetir cada missão. Mas há quem não goste ou não tenha paciência para isso ou queira apenas concluir as missões da história, uma atrás da outra. Eu experimentei Hitman das duas maneiras e, mesmo sabendo que é uma estratégia de marketing para manter o jogo fresquinho, preferi jogar o game completo.

Playground de assassinatos

Os cenários oferecidos pelos episódios são bastante distintos e cheios de detalhes para explorar. Além da França, o Agente 47 passa por missões na Itália (Sapienza), Marrocos (Marraquexe), Tailândia (Banguecoque), Estados Unidos (Colorado) e Japão (Hokkaido). Alguns cenários são maiores que outros, mas todos oferecem alternativas de rotas, esconderijos e oportunidades pra ficar esperto. Tais oportunidades você desbloqueia ao ouvir conversas de NPCs, que dão dicas de como se aproximar dos alvos. Ao ouvir mais de uma dica você pode escolher qual seguir, mas se bobear as oportunidades são perdidas com o passar do tempo.

As oportunidades funcionam como alternativas para os assassinatos, deixando tudo mais divertido. Ao invés de se aproximar do alvo e eliminá-lo à moda antiga (um tiro com silenciador, estrangular com garrote, envenenar, etc), você pode se disfarçar e fazer o alvo vir até você. Na missão em Sapienza, um dos alvos é uma cienstista que possui um caso com um treinador de golfe. Roube a roupa dele, faça uma ligação e pronto, o encontro (com a morte) está marcado. Outro exemplo é a criação de “acidentes”, que elimina o alvo sem levantar suspeitas. São mais difíceis e igualmente satisfatórias.

Hitman é um ótimo jogo para testar suas habilidades. É necessário muita paciência, estratégia e furtividade para se dar bem. A Inteligência Artificial é a melhor da franquia e raramente te deixa em paz, não perdoando até mesmo um simples esbarrão. Usar armas de fogo é sempre a pior opção, uma vez que os inimigos estão atentos e bem armados. Falhar é bastante comum, mas fique tranquilo: o jogo dá uma força com o salvamento automático.

Somos da equipe de TV, deixe-nos passar!
Somos da equipe de TV, deixe-nos passar!

Ao concluir cada missão, você passa por uma classificação mundial que fica vinculada à sua conta. A classificação depende de uma série de fatores: o tempo que levou pra concluir a missão, a forma como eliminou cada alvo, se usou ou não armas letais, quantidade de inimigos desacordados e/ou mortos, se você foi filmado pela câmera de segurança, quantas vezes alguém suspeitou de você, e assim por diante. E quanto melhor for, melhor posicionado você fica no placar de líderes e mais coisas você desbloqueia no game: armas, trajes, locais de início, aparatos e mais.

O suspeito é careca

Anota aí: quando fizer uma cagada durante a missão, dificilmente você estará sozinho. Sempre há alguém por perto pra suspeitar e perguntar o que diabos você está fazendo, indo atrás se você o ignorar. Até mesmo derrubar um item no chão, como uma faca que você não precisa mais, levanta suspeitas: “Moço, você deixou cair alguma coisa. Não vai pegar?”, me perguntou um vendedor de narguilé.

Ser flagrado pulando a janela, escondendo arma no lixo, fuçando em caixa de força, abrindo porta com pé de cabra… Toda ação gera reação nos NPCs, algumas fáceis de despistar e outras imperdoáveis. Se houver seguranças, soldados ou guardas no momento do flagra, pior ainda: eles emitem um alerta dando o seu perfil e detalhes da roupa que está usando. Com isso o “radar” (campo de visão) dos NPCs fica ainda mais apurado. O único jeito de contornar a situação é trocando de disfarce. Por ironia, nenhum NCP passa a informação que o suspeito é um careca com um código de barras tatuado na nuca, mas enfim… videogames!

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Tem termas em Hokkaido, mas não tem nudes.

É Hitman de festa

Este é, de longe, o Hitman mais completo já feito. A jogabilidade é ótima, as interações são simples e eficazes, e toda a interface do game foi muito bem planejada. Em termos de história, ela é boa mas nada tão impactante quanto Blood Money (meu Hitman favorito). A trama se desenrola sete anos após os eventos de Hitman: Absolution, mas também explora o passado do Agente 47. Cada episódio abre e fecha com uma cena animada bem caprichada e boas dublagens em inglês (o restante está em português).

O game é bonito, mas não impressiona tanto quanto Absolution. Detalhe: ambos os games fazem uso da mesma engine, chamada Glacier. Talvez isso se deva pela linearidade de Absolution, que possui uma direção de arte diferente. Avaliando os episódios, gostei muito de Marraquexe (Ep.2) e Hokkaido (Ep.6) e nem tanto do Colorado (Ep.5). Marraquexe é um mapa caótico, agitado, com muitas pessoas andando pelas ruas e outras protestando. Hokkaido apresenta uma instalação hospitalar moderna localizada nas montanhas geladas da ilha, frequentada apenas por clientes poderosos – tem até uma integrante da Yakuza no meio. Já Colorado é o episódio mais curto e sem inspiração de todos, cujo a missão é eliminar quatro alvos em um acampamento militar fortemente defendido.

Ao concluir o último episódio, no Japão, rola gancho para uma continuação. Não tenho dúvidas de que a Square Enix anunciará em breve a 2ª temporada de Hitman, trazendo mais 6 episódios inéditos. Só espero que algumas melhorias sejam feitas, como eliminar o corte seco da animação ao esconder um corpo, e adicionar na Inteligência Artificial dos inimigos a opção de verificar baús e armários onde o Agente 47 pode se esconder – como acontece há muito tempo na franquia Metal Gear Solid.

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