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Era uma alegria imensa quando eu tinha uns 10 anos e ganhava um jogo novo do gênero plataforma, sempre com toda aquela riqueza de cores, detalhes e, principalmente, seu carisma próprio. Em Iconoclasts eu encontrei esse mesmo brilho depois de 20 anos, mas diferentemente dos outros jogos que te fizeram andar para a direita na tela da sua TV, em Iconoclasts o motivo não é simplesmente buscar um power up ou desafio novo. E qual o motivo de continuar sempre em frente nesse incrível título desenvolvido por Joakim Sandberg? Você descobrirá durante essa análise.

Um jogo de camadas

Com o seu visual fofinho, uma protagonista que abusa dos detalhes expressos em pixels e uma trilha sonora cativante, esse jogo consegue agradar todos os tipos de jogadores. Independente de você gostar ou não da história, o que eu acho difícil não acontecer, com certeza ele vai viciar até mesmo aqueles que se surpreenderão com o que está além desse conjunto inicial que Iconoclasts nos apresenta em seus primeiros minutos. Não preciso buscar uma escrita complexa e termos difíceis para deixar claro que esse é um jogo que vai além da discussão sobre adoração a ídolos, imagens ou ícones (significado da palavra iconoclasta); aqui veremos o pluralismo religioso e seus dogmas através de diversos personagens que passam pela sua jornada em busca da ignorância ilustrada pela simplicidade dos temas abordados.

Não se deixe enganar pelo visual bonitinho de Iconoclasts

É dessa forma que o jogo começa, com Robin saindo de sua casa e começando a descobrir pouco a pouco a opressão do One Concern e a aversão aos mecânicos, com suas habilidades de “consertar” aquilo que está defeituoso. Manipular diversos mecanismos com sua chave inglesa é o maior pecado existente em uma sociedade que se dobra ao dogma e superioridade religiosa de Ele e a Mãe, as duas identidades sagradas de quem ouvimos falar desde o começo.

Se você não quer sofrer a Penitência, com sua vida sendo terminada da pior maneira possível, que inclusive acaba acontecendo de maneira covarde e grosseira por não ser feita olho no olho (e que não falaremos aqui para não estragar nenhuma surpresa), você precisará seguir a risca os preceitos dessa sociedade e quem sabe ser agraciado com a benevolência daqueles que levarão você para City One. Caso contrário você seguirá igual à Robin: Sendo perseguido pelos Agentes, levando você numa jornada sem volta contra esse sistema opressor e distópico.

Todos nós queremos saber mais sobre o One Concern

Perceberam que em momento algum eu comentei mais detalhes sobre a história? É exatamente por ser o principal motivo pelo qual esse jogo deixa de ser apenas um jogo de plataforma qualquer. Como um caminhão indo de zero a 100 km/h ela te atropelará com detalhes que aumentam a qualidade da mesma, com revelações que te farão querer saber mais detalhes e conhecer o que vem pela frente, como absurdos que adaptam os extremismos da vida real. É isso que me motivou a jogar as 10 horas desse jogo, as surpresas inicias que conseguem se desdobrar de maneira inesperada e incrível com histórias individuais, que ao fim remontam uma obra de arte inesquecível.

Posso até comentar sobre Elro, o irmão de Robin, Mina, Royal ou qualquer um dos Agentes, Black ou White; nada será como a primeira vez em que você descobrir mais sobre o Ivory, o combustível fornecido pelo One Concern para esse mundo, as conversas e discussões em família, os pensamentos traídos e as filosofias de vida ignoradas. Tudo em busca de uma forma para desconstruir ou questionar essa teocracia ao seu próprio jeito e olhar. Como se estivesse lendo o melhor livro da minha vida, o gameplay desse jogo é como um simples passar rápido de páginas para descobrir cada vez mais. No fim, você perceberá que sempre existiram detalhes representados visualmente desde o início, bem ao fundo do cenário!

Poucos chefes e inimigos, mas que realmente são épicos

Que estilo de jogo é esse?

Não importa. Esse é um jogo em que não vale a pena você perder tempo questionando esse tipo de coisa, pois sua grandiosidade está em outro ponto. A construção narrativa beira à perfeição, os diálogos são bem montados e propositalmente mostrados num ritmo sem que o jogo faça você perder o interesse pelo que está jogando, e o visual, bem, esse já cansei de elogiar até agora. Esse não é um título de um OU e sim de vários Es. Ele é, sim, uma mescla de metroidvania com plataforma. Você irá para frente sempre pela direita, mas se verá obrigado a dar meia volta, optando pelos caminhos à esquerda para talvez operar alguns mecanismos que vão liberar o seu caminho pela frente.

Durante a sua jornada, entre Ivory e mecanismos, você encontrará novas habilidades e até mesmo a possibilidade de construir Tweaks, como melhorias para o seu personagem. Aqui está um dos, senão o único ponto fraco desse jogo, pois elas simplesmente não importam e você conseguirá ignorá-las completamente. seguindo sem qualquer dificuldade extra ao escolher não ir atrás desses itens para o seu jogo. Nadar com um “fôlego” maior? Bobeira, você consegue inclusive matar os inimigos mais difíceis até mesmo com o girar básico da sua chave inglesa como opção secundária de ataque.

Esse entrou para o hall dos melhores chefes que já enfrentei nessa vida gamer

Mantendo o ponto forte da história e indo para o quesito gameplay, a criatividade ao optar por mecânicas interessantes possibilitou as incríveis batalhas contra os chefões desse jogo. Não posso mentir e dizer que talvez esse jogo tenha uma das melhores e mais criativas batalhas contra os chefes mais estranhos e inesperados. Mesclando aquele carisma dos mais badass que conhecemos em Donkey Kong, com as mecânicas bizarras que Legend of Zelda conseguia implementar com um simples gingar de espada, aqui substituído por uma chave inglesa, e o estilo próprio que talvez Super Metroid tenha buscado dentro da sua limitação técnica, Iconoclasts consegue proporcionar ótimas experiências ao comandarmos Robin contra o One Concern.

Quebrando paradigmas

Robin é a prova de que a simplicidade pode alcançar o patamar de grandes jogos. Talvez não esteja no topo com os melhores games do ano, pois acredito que a maioria dos gamers não estão preparados para esse jogo. A prova disso é que o encerramento do jogo pode ser considerado algo simples e menos épico, se comparado com a construção narrativa até aquele ponto, e que pode ir contra a sua inocente expectativa pelo que possivelmente esteja por vir. Afinal até mesmo eu, que jogava e tentava analisar casa segundo, acabei sendo fisgado após o término do jogo pelos acontecimentos, pensamentos e críticas a tudo que vemos durante essa aventura.

Confie em mim e deixe os Tweaks de lado

Talvez você queira apenas curtir os desafios que o gênero plataforma oferecem ou descobrir a estratégia certa para vencer cada um dos chefes, mas permita-se ser impactado por essa história. Depois de desligar o seu PS4 você perceberá que é impossível deixar Iconoclasts de lado ao se pegar criticando o mesmo tipo de pensamento que você viu durante o jogo: Será que precisamos ser tão extremistas? Preto ou Branco? Oito ou oitenta? Que tal acompanharmos Robin e sermos cinzas e abertos para o que não conhecemos em sua totalidade? Se estiver difícil decidir sobre tudo isso, aproveite o trabalho de sete anos de Joakim Sandberg e curta cada minuto ou diálogo que você encontrará pela frente.

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