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A cultura Hindu sempre foi um de meus temas favoritos. Juntamente com outras grandes religiões do extremo Oriente, o Hinduísmo é repleto de deuses, demônios e lendas. Da mesma forma que muitas outras religiões possuem games de alguma forma relacionados a elas, o hinduísmo não ficou atrás. Asura’s Wrath, um jogo que tinha tudo para ser uma experiência marcante, foi na realidade um grande fiasco. Logo, o novo jogo da 505 Games e Lab Zero Games, Indivisible, entra como a outra metade da balança, trazendo uma experiência incrivelmente divertida.

Com um sistema mesclado de plataforma com RPG de ação, e um sistema de combate a la Valkyrie Profile, Indivisible se provou um jogo extremamente divertido e desafiador. Com combinações diversas de personagens, um elenco e história marcantes e arte de encher os olhos. Com um roteiro ao melhor estilo mangá shounen, devemos guiar Ajna pelas terras devastadas por uma guerra antiga em busca da libertação de Kala, um antigo mal adormecido.

Um antigo mal desperta em Indivisible

Segundo a introdução de Indivisible, assim que tudo surgiu, também surgiu Kala. Igualmente poderosa à criação do universo, a deusa era responsável pela criação e destruição do mundo. Assim que se fartava de um ciclo terrestre, a deusa destruía o mundo e o recriava à sua nova vontade. Logo que se cansou do atual ciclo, a deusa estava disposta a destruí-lo, mas teve seus planos frustrados por Indr e um grupo de heróis. Utilizando uma poderosa arma chamada de Neo Brahmastra e a ajuda de seus companheiros, Indr selou Kala em uma prisão incompleta.

Imagem do review de Indivisible
Quem não ama um “clichêzinho” de RPG?

Anos se passaram e a torre onde Kala havia sido selada era fortemente guardada. Logo após o ocorrido, Indr começou a cuidar da jovem Ajna, treinando-a para se tornar uma poderosa guerreira. Assim viviam pai e filha, até que Indr foi morto por Dhar, um dos soldados de Ravannavar. Segundo ele, Indr, sua filha e sua vila eram pagãos que mereciam a morte. Em um duelo acirrado, Ajna descobre que é capaz de absorver poderosos guerreiros em seu “Reino Interior”, aprisionando Dhar, o assassino de seu pai e soldado de Ravannavar.

Agora, Ajna parte em busca de vingança contra Ravannavar. No caminho, a garota irá encontrar poderosos guerreiros e aliados, assim como a bruxa do fogo Razmi, a dupla de curandeiros Ginseng & Honey e até mesmo a Veda elemental d’água Thorani. Ao mesmo tempo em que busca sua vingança, Ajna irá descobrir a verdade sobre o poder imenso que reside adormecido dentro de si mesma.

Shura Mahha-ken

Enfrentando inúmeros monstros baseados em lendas e na cultura hindu, Ajna e seus amigos irão explorar um mundo que se equilibra entre o fantástico e o tecnológico, com heróis e criaturas representando espíritos elementais ou soldados tecnológicos e maquinário avançado. Enquanto explora o vasto mundo e suas nações diversas, os heróis de Indivisible irão se tornar cada vez mais poderosos e aptos para as batalhas à frente e o embate com Kala.

Imagem do review de Indivisible
Quem é Heruka, a deusa da fúria?

Imediatamente, podemos ver que o jogo é realmente vasto e conta com inúmeros parceiros de aventura para Ajna e sua turma. Logo, é possível esperar uma mistura incrível de estilos de combate e gameplay, e Indivisible não deixa a desejar nesta parte. Como dito anteriormente, o jogo permite que o jogador atravesse mapas ao melhor estilo Metroidvania, contando com segredos e partes que só podem ser acessadas após determinada habilidade ou personagem ser adquirido.

Os 23 personagens de Indivisible se dividem entre atacantes à distância, lutadores e suporte, como é de se esperar. Cada um possui uma determinada pontuação de ataque, energia vital e velocidade, assim permitindo que o jogador lute da melhor maneira, seja ela equilibrada, uma força de ataque total ou focada em combos. O que é bem útil, pois dependendo da maneira que o jogador se comporta, é possível realizar combos e especiais devastadores nos inimigos.

Imagem do review de Indivisible
“Bó” descer a madeira nos caras.

Redenção divina!

Indivisible é bem focado em seu modo de combate, revitalizando uma versão mais emocionante do combate por turno. Cada botão comanda um dos personagens do grupo, assim podendo ficar mais fácil e rápido comandá-los. Utilizando combinações com as setas cima e baixo, é possível utilizar habilidades diferentes: algumas são ataques, outras são magias que podem curar aliados, e outras debilitam inimigos e até mesmo ambos os lados.

A chave para o sucesso no combate de Indivisible é concentração. Pelo fato de os ataques se darem por cargas que se acumulam sob a vida do personagem, é importante não gastá-las de uma vez. Essas cargas são recuperadas quando não atacamos, o que abre a guarda para o adversário. Uma vez que seja atacado, o jogador deve apertar o botão referente ao personagem para defender. Assim, caso defenda perfeitamente, pouco dano será tomado e a barra de especial do grupo irá carregar. Ainda há como se defender em grupo, o que diminui a barra de especial caso a defesa seja feita de maneira antecipada.

Baozhai é ótima para ataques em área, mas um tanto quanto devagar.

Os especiais são utilizados em parte em ataques avassaladores ou buffs para o grupo, variando para cada personagem. Com combates rápidos e alucinantes, é difícil ficar entediado com Indivisible, ainda mais se levarmos em conta os inúmeros labirintos a serem explorados em busca das pedras Ringsels. Com estas pedras, Ajna pode entrar em seu “reino interior” e se encontrar com um monge e uma freira que lá habitam. Em troca das Ringsels, Ajna pode aumentar sua força de ataque e defesa.

Destruir para criar

Trazendo um estilo de arte seguindo os padrões do estúdio Trigger, Indivisible é de se encher os olhos. A abertura apresenta bem o mundo e o que esperar da aventura de nossos heróis e o que os aguarda. Os cenários são todos muito bem desenhados e projetados, criando divertidas e belas dungeons. Assim, nessa mescla de antigo e moderno, místico e tecnológico, vemos nossos heróis perdidos pelo mundo do jogo.

Razmi é de longe a “best girl” do jogo.

Cada personagem de Indivisible possui um estilo de combate próprio que muitas vezes é influenciado por seu vestuário. Um exemplo disto pode ser visto em Dhar, que possui uma armadura cheia de detalhes arabescos, e em seu especial o mesmo utiliza uma coluna de pedra fundida a sua espada. Já Baozhai, a pirata possui uma âncora e canhões em sua costas, que utiliza para atacar impiedosamente seus inimigos. A trilha sonora do jogo também não deixa a desejar em nenhum instante, trazendo o melhor que se pode pedir em uma fusão de estilo destes.

Indivisible veio para aqueles que estão afim de uma nova aventura de JRPG, mas estão cansados da mesma fórmula. Com combates rápidos e divertidos, uma história bem estruturada e vários personagens divertidos, o jogo é imperdível. Quando joguei a demo disponibilizada no Playstation 4, não havia achado o jogo tudo aquilo, mas agora que pude experimentar o resultado final, vejo que Indivisible é realmente uma experiência marcante, como Asura’s Wrath deveria ter sido.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024