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A princípio, Katana Kami: A Way of the Samurai Story pode parecer um mero clone de Diablo ambientado no Japão durante a derrubada do Xogunato, marcando o início da era Meiji. No entanto, apresentando-se como um título mais simples no campo do que é esperado em um Action RPG mas em compensação trabalhando seus próprios sistemas dentro do subgênero rogue-lite, o jogo da Acquire consegue se distinguir com algumas de suas ideias.

Distribuído pela Spike Chunsoft, Katana Kami é um título de menor porte, algo que deve ser sublinhado àqueles que esperam um pacote extremamente robusto e querem passar dezenas de horas batalhando sob uma perspectiva isométrica. Como dito antes, contudo, é o tipo de jogo que supera tais limitações através do molde do rogue-lite, incorporando a repetição em seus sistemas e oferecendo outras formas de progresso.

Todo dia eu ralo

O jogo parte de uma premissa narrativa simples, colocando o jogador no papel de um espadachim nômade que deve ajudar um comerciante de armas, Dojima, a reaver sua filha, levada à força como garantia para que pague suas dívidas com uma figura importante. Para isso, devem quitar as devidas dívidas semanais se quiserem vê-la de novo, e ao protagonista é prometida a mão da garota em caso de sucesso. Mas é claro que este processo não será tão simples, e a dificuldade só aumentará daí pra frente.

Imagem do jogo Katana Kami: A Way of the Samurai Story
Home office.

Adotando uma estrutura de dias, cada um dividido em dois períodos, diurno e noturno, Katana Kami com certeza parte de uma natureza rotineira, na qual o jogador gerenciará parte da loja de Dojima durante o dia e se aventurará em dungeons durante a noite. Há algumas atividades paralelas bem singelas, mas a maior parte das quests adicionais são reservadas aos andares específicos destas dungeons, que aumentam em dificuldade.

Espera-se, é claro, que o foco de Katana Kami seja em seu combate com espadas, e de certa forma é o caso, mas não tanto quanto acreditava. O miolo pelo qual muitos jogadores buscarão o título está afinal nas dungeons, onde degladiamos com criaturas diversas e aprendemos novas técnicas para cada arma, além de coletar recursos naturais e procurar tesouros não tão escondidos assim. E que fique claro: nenhum solo ficará limpo depois das lutas.

Este combate, apesar de não ser incrivelmente profundo, apresenta ideias como diferentes posturas (separadas por arma), gerenciamento da stamina, contra-ataques ritmados e um “modo fúria” intitulado de Katana Time. Apesar de não ser sempre fácil direcionar os golpes aos inimigos, os controles reagem bem e costuma ser bastante satisfatório acertar o timing das lutas, proporcionando mutilações espetaculares ou mesmo kanjis coloridos em tela.

Imagem do jogo Katana Kami: A Way of the Samurai Story
Kiwamis são os ataques mais brutais e estilosos.

Neste departamento, Katana Kami só deixa a desejar nos inimigos. Não é que falte variedade a eles, mas esta escondida por trás de muitos níveis, variando com muita lentidão. Sub-chefes como os Golems de Pedra, por exemplo, são repetitivos e não apresentam mudanças em seu comportamento para representar um desafio àqueles jogadores mais habituados – na verdade, são fáceis desde o início por serem tão lentos.

Acaba sendo muito mais divertido batalhar contra inimigos médios, com os quais devemos empregar aquela clássica abordagem de atacar, bloquear e quebrar defesa. Mesmo assim, estes também representam muito raramente uma ameaça, até em números elevados. O oponente mais forte do jogo, ironicamente, aparece quando a barra de stamina vai ao zero por muito tempo: o Death God, um guerreiro ágil com uma cabeça de rato. Porém é fácil evitá-lo com atenção.

Apostando alto

Os sistemas mais interessantes de Katana Kami, como havia sugerido antes, não estão nos combates e sim no gerenciamento multitarefa que deve ser feito durante o dia. As dívidas semanais, por exemplo, crescem a cada leva e induzem o jogador a ligar um alerta adicional de risco/recompensa durante a exploração das dungeons. O que é melhor: ir mais a fundo nos níveis e correr o risco de perder tudo? Ou voltar assim que possível e armazenar o dinheiro em meu cofre?

Às vezes a treta é inevitável.

Isso conecta diretamente, então, à necessidade de fazer upgrades em armas e juntar materiais para que isso seja possível, já que mesmo que suas espadas também sejam perdidas para sempre com a morte, você coletará o suficiente delas para recomeçar o processo. Além disso, basta apenas prestar atenção em estatísticas e ir preparando outras armas reserva, deixando-as no estoque que, assim como o cofre, está localizado no quarto de Dojima.

Esse movimento constante da moeda e de recursos, que nunca param quietos nas mãos do jogador, se reflete em outro aspecto ainda mais sistemicamente relevante: as tensões da guerra. Desde o início do game, são apresentadas três facções diferentes que, durante a queda do Xogunato, criam atritos constantes entre si. Seu objetivo, no entanto, não é diminuir este atrito, e sim tomar proveito dele para que seu negócio bélico estoure nos lucros, permitindo assim pagar suas dívidas com mais facilidade.

Além desses sistemas todos em Katana Kami, há ainda uma tentativa de “titilância” na relação entre o protagonista e a garota sequestrada, que pode receber presentes e agrados seus e devolver o favor com outras regalias, porém é um conceito periférico demais para ter um efeito marcante no equilíbrio do resto do jogo. Falando nisso, há opções diferentes de diálogos para personagens principais e secundários, mas estas também não impactam o game de nenhuma forma significante.

Só pensa naquilo…

No fim das contas, Katana Kami: A Way of the Samurai Story decepciona por não conseguir amarrar todos estes sistemas em volta de uma ação mais robusta, perdendo um tanto o estímulo do replay pela repetitividade das dungeons e variação lenta de inimigos. Ainda assim, acredito que aqueles que se dispuserem a ir até o final terão uma experiência mais equilibrada e menos maçante que o esperado, principalmente se tiverem algum fascínio pela ambientação escolhida aqui.

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