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Fale o que quiser de Kingdom Hearts, mas uma coisa você não pode negar: a trilha musical de qualquer entrada da franquia nunca deixou a desejar. Por mais que a cada jogo a trama pareça ainda mais sem pé nem cabeça, toda essa loucura sempre foi acompanhada por músicas incríveis e memoráveis.

Estive nas duas apresentações da orquestra de Kingdom Hearts no Brasil e falo com tranquilidade que essas melodias são tão boas ao vivo quanto nos jogos. A compositora Yoko Shimomura criou uma identidade inconfundível nesses quase 20 anos de KH. Cada música é tão marcante que basta ouvir o comecinho para sentir os pelos do braço se arrepiarem e vir à tona todas as memórias daquilo que ela representa (Vector to the Heavens está aí para provar).

Quando vi que a série iria receber um jogo rítmico, logo pensei: por que não? Uma coisa que Tetsuya Nomura nunca teve medo foi em inovar com a franquia e trazer jogos bem diferentes uns dos outros. Quem iria imaginar que o Chain of Memories conseguiria transformar um sistema de combate tão frenético e dinâmico em um jogo de cartas completamente único sem perder sua essência? São quase 20 anos de pura excelência, então não tinha como Melody of Memory dar errado!

Aventura musical

Como de costume, Kingdom Hearts nunca teve spin-offs e continua não tendo, então Melody of Memory é canônico e dá continuidade à história! Apesar de boa parte do jogo ser apenas uma longa recapitulação dos acontecimentos mais importantes de todos os jogos, na reta final o título reserva cutscenes inéditas que dão continuidade aos fatos de Kingdom Hearts III.

É sempre bom estar de volta!

Se você é veterano na franquia, provavelmente vai entortar o nariz ao ver tudo sendo recontado desde o primeiro Kingdom Hearts, mas dessa vez é um pouco diferente, pois estaremos ouvindo a história sob a perspectiva de Kairi. Já faz muito tempo que estamos aguardando a ascensão dessa personagem, então já era hora! O fato dela ser o foco da capa do jogo não é algo meramente ilustrativo, pois aqui toda a história gira em torno dela e já não vejo a hora de ver essa personagem ganhando mais destaque nos próximos jogos.

Porém, durante uma boa parte da campanha o jogo não aparenta ter foco algum em história. Ao começá-lo, somos jogados direto em uma fase e devemos aprender a jogar na raça, sem nenhum tipo de explicação. Na verdade, o tutorial vem logo em seguida e, para a minha surpresa, o game é mais complexo do que eu imaginava!

Existem três tipos de fases: Field, Boss e Memory Dive. Field são as fases mais comuns, onde controlamos um trio de personagens que percorrem uma trilha e devem ir enfrentando os inimigos de acordo com o ritmo da música. Os personagens avançam automaticamente e você deve apenas ir apertando os comandos no momento exato para que eles consigam derrotar os Heartless no caminho.

Sora conta com várias de suas habilidades dos outros jogos.

A princípio parece fácil e bem acessível, mas na prática não é tanto. São muitas coisas para assimilar em pouquíssimo tempo como qual personagem deverá atacar, quando usar uma habilidade, quando pular, quando planar etc. Isso não é ruim, pois faz parte do desafio proposto pelo jogo, mas quando eu vi que estava apanhando no Beginner, fiquei indignado! Você pode selecionar três níveis de dificuldade diferentes e no maior a coisa fica insana, com uma velocidade maior e ainda mais inimigos na tela.

Com o tempo o jogo fica bem mais fácil e o Beginner até deixa de ser divertido, instigando o jogador a aumentar a dificuldade por vontade própria. Ainda assim, até aqueles que já são familiarizados com jogos rítmicos podem esperar um bom desafio em Melody of Memory.

Música para os seus ouvidos 

As fases seguem a sequência de fatos dos jogos em ordem de lançamento, então começamos no primeiro Kingdom Hearts controlando Sora, Donald e Goofy e conforme avançamos vamos liberando fases dos outros jogos, podendo até controlar os personagens que os protagonizam! É simplesmente incrível reviver esses momentos com foco nas músicas, sendo aquele tipo de jogo para jogar com o volume da TV lá no alto.

Conforme concluímos as músicas, vamos ganhando novos itens e subindo de nível, o que libera outras recompensas dentro do jogo. Cada fase ainda possui três objetivos opcionais que nos recompensam com estrelas, podendo desbloquear novas fases secretas. No geral, Melody of Memory surpreende no quesito “recompensa”, deixando muito instigante tentar fazer as coisas certinho para ser bem recompensado no final.

Cada fase traz uma música dos jogos anteriores.

Além disso, o modo como eles encaixaram as características do combate foi muito criativo. Não podemos usar magias ou skills a hora que quisermos, mas elas sempre aparecem de forma oportuna para fazer sentido com o ritmo da música. As fases ainda são selecionadas no clássico mapa da Gummi Ship e as telas de loading fazem uma fofa homenagem à série Theatrhythm Final Fantasy, o lado rítmico de uma das franquias que originaram Kingdom Hearts.

Minhas críticas ficam mais às custas dos outros tipos de fases. As chamadas Memory Dive não são tão divertidas quanto aparentam de início, pois só ficamos flutuando e assistindo um clipezinho do jogo ao fundo enquanto coletamos notas pelo caminho, geralmente sendo fácil demais. Já as batalhas contra chefes são um tanto confusas, sendo difícil de prestar atenção nas notas ou em qualquer coisa que estiver acontecendo.

O combate foi perfeitamente adaptado para o novo sistema.

Tirando esses pequenos defeitos, a campanha é muito divertida e satisfatória, com um final para deixar qualquer fã da saga ansiando pelo que vem por aí. Ainda existe um modo online que nos coloca contra outros jogadores, ambos jogando a mesma música buscando a maior pontuação. Quem jogar no Nintendo Switch terá acesso a um modo exclusivo que pode ser jogado em até oito jogadores, tendo o multiplayer mais completo de todas as versões. Não é lá uma adição muito necessária, mas é ótimo ter essa variedade para estender ainda mais a vida útil do jogo.

Kingdom Hearts Melody of Memory certamente foi melhor que a encomenda. Ele mira em um dos pontos mais fortes da franquia e acerta em cheio, conseguindo inovar ao seu próprio modo e trazer uma experiência divertida e imersiva. Para quem é fã de longa data, a experiência será recheada de nostalgia, mas já para quem nunca jogou, será um ótimo jogo rítmico com dezenas de belíssimas músicas!

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