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Como um grande fã de futebol americano, tenho uma relação de amor e ódio com a franquia Madden. Assim como todo setembro marca o mês do kickoff, o início da temporada regular da liga, também temos a certeza de que a EA sempre lançará um novo Madden em agosto, mas a qualidade do jogo é uma tremenda incógnita. Já tem anos que a série não vem recebendo a atenção e o capricho que merece, afinal estamos falando do único simulador de futebol americano do mercado, que por sinal também é o único jogo oficial da liga.

Depois de uma série de entradas um tanto insatisfatórias na franquia, Madden NFL 22 prometeu uma vez mais tudo aquilo que seus antecessores já haviam prometido: melhorar o gameplay, temperar os modos já existentes e tornar a experiência um tanto mais crocante. A boa notícia é que dessa vez eles realmente cumpriram… pelo menos em partes, pois ainda assim está longe de ser o ideal.

Correndo atrás do prejuízo

Quem é teimoso o bastante de acompanhar Madden ano a ano sabe muito bem o quão catastrófico foi o título do ano passado – e toda minha solidariedade ao Lamar Jackson por ter estampado a capa em 2020. Com diferenças imperceptíveis entre a velha e a nova geração de consoles, bugs a rodo e diversos outros problemas técnicos, a situação estava bastante crítica.

Parte desses erros foram corrigidos na edição de 2021, o que já é um começo. Primeiramente, a quantidade de bugs agora é bem menor que a do ano anterior, apesar deles ainda se fazerem presentes. A primeira partida que jogamos é uma simulação do Super Bowl LV entre Kansas City Chiefs e Tampa Bay Buccaneers e logo de cara já me deparei com duas coisas absurdas. A primeira delas é o modelo do Mahomes dentro do jogo, que está com a cabeça consideravelmente maior que o corpo e vai dar pesadelos em muita gente. A segunda veio logo em seguida, quando do nada o jogo bugou e o cabelo do Mahomes sumiu. Logo já pensei “pronto, lá vem outro Madden quebrado”.

Lamar descontando toda sua raiva de ter sido capa do Madden NFL 21.

Felizmente, fui surpreendido positivamente conforme jogava esse tutorial. A movimentação dos jogadores em campo está notavelmente melhor e mais suave, sendo disparado a mais satisfatória que já tivemos na franquia. Passar a bola, fazer uma recepção e até dar um sack traz um realismo impressionante que fazia tempo que eu não via por essas bandas. É claro que nem tudo são rosas e ainda temos aqueles momentos esquisitos, em que eles parecem se mover de forma desajeitada ou travada, mas agora esses se tornaram casos isolados e não são mais recorrentes como era antigamente.

A inteligência artificial dos oponentes segue sendo medíocre, apesar de também apresentar leves melhorias. Em diversos momentos me deparei fazendo touchdowns ridiculamente fáceis simplesmente porque o defensor que deveria estar marcando meu jogador resolveu não sair do lugar e ficou lá parado. Chegou um momento que eu resolvi fazer fakes em todas as oportunidades de extra points e field goals que tive, e adivinhem? Só teve um único momento em que a defesa adversária conseguiu interromper minha jogada. Isso tira bastante a graça do jogo, mas tende a acontecer mais no modo arcade; o modo simulador continua implacável, na maior parte do tempo.

Vovô rumo ao oitavo anel.

O melhor Franchise de todos

Se tem uma coisa que faz Madden NFL 22 merecer elogios, essa coisa é o modo Franchise. Ele é definitivamente o que mantém os veteranos da franquia jogando ano após ano, afinal é o modo mais legal que um fã da liga poderia desejar: você escolhe seu time, elabora jogadas, contrata jogadores, vence partidas e escreve sua própria história rumo ao Super Bowl. Franchise sempre foi muito profundo e consideravelmente complexo, mas agora finalmente recebeu a incrementada que merecia.

A primeira grande novidade é a atenção que foi dada no treinamento entre cada partida, que aqui é chamado de Weekly Strategy. Os outros jogos já vinham tentando implementar um sistema de scouting há algum tempo, mas esse aqui foi o primeiro que deu certo. Agora você pode analisar parte do playbook do time adversário e estabelecer jogadas específicas visando explorar suas principais fraquezas, sempre utilizando jogadores chave do seu elenco. É um recurso muito legal que faz a gente se sentir um verdadeiro head coach.

Usar o stiff arm do Derrick Henry proporciona um prazer sem igual.

Falando em técnico, agora também é possível contratar diferentes coordenadores ofensivos e defensivos, sendo que cada um oferece uma árvore de habilidades exclusiva que trará impactos diferentes ao seu time. Aqui já temos a implementação sutil de elementos de RPG que deu muito certo, pois as vantagens proporcionadas pela sua comissão técnica são realmente relevantes, melhorando o desempenho dos jogadores, deixando-os mais resistentes a lesões e por aí vai.

Tudo quase novo

As demais novidades do jogo são mais tímidas e não merecem tanto destaque. O modo Face of the Franchise agora disponibiliza uma posição defensiva para nosso avatar, os Linebackers, além das ofensivas Quarterback, Running Back e Wide Receiver, que já haviam aparecido nos anos anteriores. Dessa vez não tem nenhuma história para enfeitar a carreira do seu personagem e sinceramente não fez falta alguma, já que dificilmente você vai se apegar àquele boneco feio. As opções de customização seguem sendo extremamente limitadas e é praticamente impossível conseguir criar um jogador à sua semelhança (o meu ficou a cara do Josh Allen).

Dessa vez é possível investir em atributos específicos para o seu personagem, visando customizar um estilo de jogo mais ao seu gosto. Ele pode ser mais rápido, mais forte ou algo mais balanceado, independente da posição escolhida. Esse seu personagem também é utilizado no modo The Yard, que não é lá muito interessante a não ser que você curta o Madden Ultimate Team, já que jogá-lo garante moedas para investir neste outro modo. Por outro lado, o MUT não sofreu alteração alguma e segue sendo a mesma coisa dos anos anteriores, o que acaba sendo seguro para quem já curtia, mas continua sendo pouco atrativo para quem nunca teve interesse em experimentar.

Socorro…

Já se tratando da parte técnica, infelizmente não foi dessa vez que tivemos um Madden digno da nova geração de consoles. Os gráficos estão timidamente melhorados e o desempenho com framerate alto é ótimo, mas o salto do 21 para este aqui foi bem baixo. O que eles precisam é fazer um investimento maior no realismo e na reconstrução dos rostos dos jogadores, porque tem muita estrela aqui que beira o bizarro – incluindo o Mahomes, que por alguma razão está com a cabeça enorme, como eu já citei anteriormente e é sempre bom relembrar.

Se você é fã de Madden e procura grandes melhorias, felizmente tivemos algum progresso, mas não espere nada revolucionário. Ainda há muito que melhorar e a EA precisará trabalhar incansavelmente para garantir que as próximas entradas da franquia alcancem o potencial que deveriam atingir sempre.

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