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Já começo esta análise com um desabafo: nunca terminei o Mafia original. Conheci a série pelo segundo jogo (que segue sendo o meu preferido até hoje) e, para tentar suprir a falta que ele me fez, tentei jogar seu antecessor mais de uma vez, mas já estava tão datado que não consegui engajar. Quando este remake foi anunciado, eu não poderia ter ficado mais feliz!

Essa foi a minha segunda chance de conhecer a história de Tommy Angelo, só que agora de uma forma mil vezes melhor. Mafia: Definitive Edition é o que eu chamo de remake perfeito: ele é exatamente o que o primeiro era e não deixa nada do original de fora, ao mesmo tempo que foi recriado com mecânicas e gráficos contemporâneos e ainda traz novidades.

Como Mafia III segue sendo o patinho feio da trilogia, este remake é praticamente um jogo novo – ainda que esteja aqui para contar uma história que muitos já conhecem. Por ser mais próximo do Mafia II, ele é o retorno do que tínhamos de melhor na franquia e vai maravilhar todos que curtem uma boa história de gângster.

Dinheiro sujo

Mafia: Definitive Edition nos coloca de volta nos Estados Unidos dos anos 1930, quando a máfia italiana ainda dominava praticamente tudo por aquelas bandas. Se situando na cidade fictícia de Lost Heaven, nosso protagonista é Tommy Angelo, um simples taxista que teve o azar de estar no lugar errado e na hora errada.

Sendo forçado a ajudar dois mafiosos da família Salieri a escapar de um tiroteio, Tommy acaba ganhando a simpatia do Don Salieri e logo percebe que pode fazer muito mais dinheiro no crime do que como taxista. Os anos se passaram e no presente temos um Tommy Angelo arrependido, que já percebeu que, em uma vida como essa, temos mais a perder do que a ganhar. A história começa com ele contando tudo de seus dias no crime para um policial, buscando proteção para sua família e, quem sabe, uma redenção.

“Just when I tought I was out…”

A narrativa sempre foi o ponto alto da série, desde o primeiro título, então aqui temos uma história profunda, envolvente, dramática e cheia de reviravoltas. Muita coisa não é diferente de filmes que já estamos cansados de assistir, como O Poderoso Chefão e Os Bons Companheiros, mas mesmo que ainda se prenda aos eternos clichês das histórias de máfia, tudo aqui é excelente.

O Mafia original já impressionava em sua época com a tecnologia usada para construir rostos e expressões faciais, que era um salto e tanto. Neste remake, todos os personagens receberam novos rostos e vozes, mas tudo continua top de linha. Este jogo chegou para provar que essa geração de consoles ainda dá um caldo dos bons, pois mesmo jogando em um PS4 FAT, não teve um momento que não fiquei impressionado com os gráficos e o realismo dos personagens.

Lost Heaven está incrível! Ainda que o jogo siga o sistema de capítulos do segundo e não nos dê tanta liberdade de explorar a cidade durante a campanha, eles implementaram um modo de “Free Roam”, que nos deixa andar por aí à vontade, sem se preocupar com as barreiras impostas pelas missões.

Quem precisa de next-gen?

Por mais que as texturas de alguns objetos ainda sejam um pouco inferiores, o nível de detalhamento da cidade – tanto de ambientes internos como externos – é absurdo. A iluminação, o reflexo em vidros e poças de água, a chuva caindo nos automóveis, tudo isso é de um realismo impressionante. Se o de 2002 já impressionou, não espere diferente deste aqui.

Jogo novo, erros velhos

As mecânicas também foram adaptadas para ficarem mais próximas do Mafia II. Alguns fatores parecem até terem sido herdados do segundo jogo, como a câmera super pesada, que demora uns 20 segundos para dar um giro 360 graus. Isso aí já me incomodou um pouco, pois muitas vezes eu só queria girar a câmera para apreciar a beleza do cenário e parecia que tinha algo “segurando” ela. O jogo foi construído de uma forma que devemos sempre olhar para frente e isso incomoda um bocado.

Outro ponto que me incomodou foi o combate corpo a corpo, que tentou ser superior ao do segundo jogo, mas a execução não foi das melhores. Naquele esquema já batido de acertar um Quick Time Event para amparar um ataque do adversário, o jogo sempre te força a acertar esses comandos e torna o inimigo invencível durante esses segundos específicos. Sendo assim, mesmo que você acerte um soco nele primeiro, se errar o QTE, quem vai tomar dano é você! Isso quebra um bocado o dinamismo e o realismo das lutas.

De mafioso a piloto profissional.

O tiroteio também lembra muito o segundo, mas nisso não tem do que reclamar. A mira é pesada, mas você consegue sentir uma boa diferença com os diferentes tipos de armas. O arsenal do jogo não é muito grande, mas tem tudo que um mafioso precisa: pistolas, escopetas e é claro, Tommy Gun!

Um ponto que acho que poderiam ter melhorado é a transição entre combate corpo a corpo e tiroteio. Sempre que você resolve atacar um inimigo entre uma troca de tiros, parece que a inteligência artificial dele reinicia e ele passa um meio segundo parado tentando raciocinar o que deve fazer. Não rola uma fluidez natural na transição de combate com uma reação adequada dos inimigos, como vemos impecavelmente nos jogos da Naughty Dog, por exemplo.

Ainda assim, a ação do jogo é muito prazerosa e, mesmo que tudo se resuma a dirigir e trocar tiros, as missões são tão variadas e criativas que você nem se importa. Ao contrário de Mafia III, que quando terminamos fica aquela sensação de “ainda bem que acabou, não aguentava mais jogar isso”, Mafia: Definitive Edition nos deixa com gostinho de quero mais! Bate até aquela badzinha de quando terminamos um jogo muito bom e ficamos desorientados na vida.

Mas o que está acontecendo aqui?

Colecione criminosos 

Neste remake também foi adicionado uma boa variedade de colecionáveis, um fator que marcou presença nos demais jogos da trilogia, mas ficaram de fora do Mafia original. Não teremos os colecionáveis mais famosos da série: as revistas Playboy, afinal a primeira delas só foi publicada em 1953, então sua ausência faz todo o sentido. Porém, teremos quadrinhos de gângsteres, revistas de terror e ficção científica, estátuas de raposa e o mais legal: cartas de mafiosos, estrelando grandes personagens de toda a trilogia. É fan service? Claro que é, mas é muito legal!

Para concluir, eles tiveram o cuidado de enriquecer ainda mais a história, com destaque para o final, onde finalmente foi criado a ponte definitiva com o segundo jogo (quem jogou sabe do que estou falando). Agora a trilogia está toda amarradinha e ainda mais crocante, pois o primeiro game está melhor do que nunca!

Já considero Mafia: Definitive Edition mais um título obrigatório desta geração de consoles, tanto para quem jogou como para quem nunca tocou na franquia. Se você conhece o original, tudo ainda será novidade e você vai se divertir como se fosse sua primeira vez na pele de Tommy Angelo. Já você que nunca jogou Mafia na vida, agora não tem mais desculpas!

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