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Magos e magia nunca saíram de moda, ainda mais quando se fala no universo dos games. Pelas mãos da Borealys Games e do renomado escritor de Forgotten Realms, Ed Greenwood, nasceu Mages of Mystralia para manter a chama mágica acesa.

Imagine este game como uma mistura das mecânicas da série Diablo com o mundo fantástico de The Legend of Zelda. A partir disso, você pode ter uma breve noção do que o aguarda. No papel de Zia, poderá executar feitiços, combinar habilidades, desvendar puzzles e enfrentar poderosos chefões. Enquanto isso, o mundo é ameaçado pela guerra entre trolls e o Reino de Mystralia, exigindo que use todos seus poderes para salvá-lo.

Hogwarts para adultos

Não se deixe enganar pelo design visual infantil e ar fantástico da aventura, pois ela traz muito mais do que sua aparência esconde. Zia, quando descobre ser uma maga e descendente de uma rara linhagem, acaba se exilando do vilarejo que vive. Ainda criança e sozinha, ela encontra um mentor que a guia para Haven, onde ela poderá aprender a usar a magia e se unir a uma sociedade inteira de magos.

Ainda no início do game, podemos sentir o quanto esse fardo é pesado. Ela é aconselhada a se manter distante do local que sempre viveu, existindo toda uma sociedade cujo preconceito impede magos de serem vistos com frequência. Assim, ela se vê obrigada a esconder sua varinha em determinados locais, mudando um pouco a mecânica que aprende desde o princípio.

Subtramas que são inclusas no decorrer do jogo também a fazem duvidar da própria Ordem à qual serve, percebendo que não existe nada totalmente preto e branco em nossas vidas.

As aventuras mágicas de Zia vão levá-la a lugares distintos.

Não é tecnologia, é magia

Conforme avança em Mages of Mystralia, Zia aprende magias para ajudar em sua jornada. Immedi permite que ela use magia no combate corpo-a-corpo, Actus é a habilidade de invocar fogo, Creo domina a arte do gelo e Ego reforça a defesa. Usando-as, você adquire no decorrer da exploração itens que permitem criar novas variações delas, e conforme as equipa, mais formas distintas se tem em mãos. Elas variam desde criar cópias de si, lançar três bolas de fogo ao mesmo tempo ou até mesmo alterar a natureza de uma das habilidades.

Essas magias podem ser suas principais armas, mas você terá muitos desafios que exigem que sua mente também esteja a postos. A magia serve muito bem ao combate, mas praticá-la para alcançar progresso nos dungeons é tão importante quanto. Todas exigirão o máximo do seu aprendizado para que avance e chegue até os chefões.

O caminho de gelo faria inveja a muito personagem apelão de anime.

Falando nos chefões, você realmente se sente jogando algum game da série The Legend of Zelda nas batalhas com eles. Salamandras de gelo, fantasmas gigantescos, árvores violentas, entre vários outros, todos muito caricatos e que vão exigir que domine muito bem tudo que tiver até ali. Alguns até te obrigarão a fazer alterações nos seus sets equipados durante o confronto, para se adaptar às mudanças de comportamento dos oponentes. Vencendo, você conquista aumento na barra de vida e de magia.

Os limites do feitiço

Porém Mages of Mystralia não é perfeito. Conforme a história progride e começa a se empolgar nos desdobramentos, percebe que eles não se aprofundam muito nas abordagens. Ele começa te fazendo sentir o pesar de abandonar seu lar e ver como o mundo pode ser preconceituoso, mas não desenvolve isso. É assim, fica assim.

Personagens que aparecem em momentos importantes da história também passam a ser subaproveitados em pequenas side-quests. Outro ponto negativo é a escassez de inimigos diferentes, que se resumem a poucas classes de trolls e, mais para frente na história, soldados.

Os puzzles são grande parte do jogo, seja no uso da magia ou da sua mente para resolvê-los.

Também não há um sistema de progressão por níveis ou desbloqueio de itens que aumentem seu poder em. A quantidade de dano causada por determinadas habilidades no início será a mesma até o fim. Algumas varinhas mágicas até o auxiliam, mas só para determinadas funções. Só há vantagem nos sets que multiplicam sua bola de fogo por três, por exemplo.

Isso não atrapalha muito sua experiência, ainda deixando Mages of Mystralia como uma ótima opção old-school na atual geração. O game não possui uma variedade grande de side-quests, mas algumas são bem divertidas de se realizar. Numa delas, um fazendeiro perdeu sua enxada e você a encontra nas mãos dos trolls. Um deles a esconde nas costas e se mistura a alguns outros para que não possa encontrar o item, mesmo que a ferramenta enorme seja bem visível em suas costas, o que faz rir da falta de inteligência da criatura.

Você sabe dizer com quem está a enxada?

Normas do grimório

Quanto à parte técnica, o game não tem localização para o português brasileiro, e não há diferenças entre jogar de forma portátil ou na TV. Também não há modo multiplayer, seja online ou local. O único modo distinto se chama Trial of the Mages, que é liberado durante a história, que permite confrontar hordas de inimigos simultaneamente para ganhar mais itens.

A Borealys Games também disponibilizou uma HQ online para quem desejar saber mais sobre o passado de Mystralia. As aventuras de Zia neste mundo colorido e cheio de magia valem a pena para todos que são fãs do estilo ou para quem deseja iniciar agora neste mercado old-school. Apesar do aprofundamento do enredo ser prejudicado, Mages of Mystralia ainda te reserva bastante desafios, garantindo alguma diversão.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024