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É fato que todos nós precisamos ter um pouco de suspensão da realidade e descrença dos fatos apresentados durante qualquer game. No entanto, Maize, o novo jogo indie da Finish Line, abusa do fator “loucura” e acaba proporcionando um misto de revolta e curiosidade pela estranheza que surge em meio à um milharal do interior norte-americano.

Basta você iniciar o jogo que a maluquice de Monty Python ganha nova roupagem através de espigas de milho que andam e falam. Quase como um experimento científico do Dr. Bishop, de Fringe, cujo a missão é surreal e digna de um episódio retirado das piores safras de Arquivo X. Nesta análise você saberá mais sobre Maize e a minha opinião sobre as piores quatro horas de jogatina de 2017.

Ah! O cheiro de mato…

Sabe o que normalmente vem acompanhado daquele cheiro gostoso de mato, característico do interior? Talvez ele possa ter um pouquinho do aroma de estrume! É essa mesma sensação que temos ao iniciar Maize, em que somos jogados em um milharal claustrofóbico e largados numa jornada sem pé e nem cabeça. Sem explicações, tutorial ou até mesmo detalhes do que você precisa fazer inicialmente, o jogo começa e conta com a sua boa vontade ou conhecimento através de anos de jogatina para os primeiros passos e tentativas. Desde o início temos piadas, pequenas e sem graças, para delimitar o que você precisa aprender para se movimentar, qual o seu destino inicial e para onde deve ir até chegar ao fim. Do caminho? Não! Do jogo. Isso mesmo, são apenas 4 horas de muita andança por três cenários: milharal, casa e bunker; um walk simulator que de longe falha em simular qualquer coisa a não ser a loucura em você encontrar objetos, combiná-los e usá-los para liberar novas áreas.

Um começo estranho, num lugar feio

Acompanhado de uma trilha sonora que não condiz em nada com a proposta mais galhofa do jogo, a atmosfera durante o gameplay se torna ameaçadora de maneira desnecessária e gratuita. Aquele som repetitivo e baixo, como se fosse uma trilha de Resident Evil, acompanha seus primeiros movimentos e te seguirá pelo restante do jogo, criando a sensação de que algum inimigo ou monstro vai atacar a qualquer minuto. O pior? Nada disso acontece, pois não é o que esse indie se propõe a fazer. Talvez seja mais uma, dentre as várias escolhas equivocadas feitas para esse lançamento.

O mesmo podemos dizer dos gráficos, que parecem usar texturas do Playstation 2 e que, se não fosse pela versão original de PC (lançado em dezembro de 2016), que realmente impressiona pela qualidade dos gráficos, com certeza seria crucificado pelos gamers mais exigentes nessa questão do visual. Engraçado perceber que Maize possui uma reunião de pontos negativos que poderiam ser evitados, mas que foram colocados no jogo como desculpa de algo que faz parte daquele “universo” bizarro.

Não, não é trabalho de faculdade de games! É um jogo indie e finalizado

A jogabilidade é um desafio a parte, não por qualquer dificuldade e sim por achar que todos nós somos limitados. Basta você sair apertando X e R2 andando pelos ambientes à procura de objetos demarcados com linhas coloridas e mais iluminado, em comparação aos demais itens. Com certeza você vai encontrar algum documento, anotação e, finalmente, o que realmente importa: chaves que serão usadas nos quebra-cabeças para prosseguir na história. Cada item possui uma descrição, que novamente chama o jogador de burro e não estimula a exploração ou tentativas e erros. Já os documentos e anotações fazem parte do grupo que complementam a história, que por sinal é vaga e muito mal construída. Tudo muito aberto e solto, quebrando a graça do desafio com dicas que entregam o que você realmente precisa fazer. E se mesmo assim você tiver preguiça de ler, basta tentar combinar tudo o que você acha (que não são muitas coisas) e sair apertando loucamente os botões para interação.

It’s alive!

A proposta de ser um jogo engraçado não está apenas na descrição dos itens, nos post-its coloridos ou nos diálogos entre os personagens. A Finish Line se preocupou em criar uma base narrativa sólida para desenvolver o jogo, em que dois cientistas, Ted e Bob, interpretam de maneira errada um memorando enviado pelos EUA e iniciam experimentos para criar vida a partir do milho. Resultado: milhos que andam e falam. E é nesse ponto que entram os dois pontos fortes do jogo, que são os personagens Vladdy e o próprio jogador, que assume um papel importante nessa aventura. Vladdy é um ursinho russo, construído em laboratório para ajudar nessa jornada misteriosa, e que não perdoa e chama tudo e a todos de idiota. Já você, gamer, tem um papel fundamental em acompanhar o progresso dos dois cientistas até certo ponto, em que um plot twist, muito bem construído por sinal, será responsável por explicar o início do jogo no milharal e quem você realmente é.

A mecânica dos puzzles e de coletar itens é dos pontos fortes desse jogo

Calma, não se empolgue! Os pontos fortes acabam aí, pois logo depois vem uma enxurrada de loucura ainda maior. Toda a sequência final não faz sentido algum. Talvez a motivação por trás dos milhos vivos e a sua função em provar-se durante dezenas de puzzles até façam sentido. O problema é o próprio final do jogo, a animação de encerramento, que é revoltante e te faz apagar qualquer coisa legal que o jogo possa ter. Você encontrará bons quebra-cabeças, mas que se repetirão três vezes pelo jogo, e a construção da história pode agradar aos mais detalhistas. Tudo pelos ambientes podem favorecer esse entendimento por trás da loucura existente em Maize, mas nada justifica um acabamento mal feito e uma maneira horrível de encerrar uma história.

Seria melhor terminar em pizza

Não tem como comparar esse indie com qualquer coisa. Seria injustiça com o trabalho de outras empresas ao termos qualquer coisa lado-a-lado com Maize. Infelizmente, os breves momentos de glória não justificam a escolha dele em um ano tão bom para os games, seja no PC ou nos consoles. Pode ser muita exigência minha, mas até mesmo jogos com menos capacidade técnica ou financeira conseguiram extrair boas avaliações.

E esse jogo tem vilão? Puff…

No fim, esse é só mais um jogo que cresceu com um hype inexplicável dentro do Steam e que engana pelo trailer infinitamente melhor do que o próprio produto. Afinal, termos em plena geração atual uma exploração com paredes invisíveis, loadings demorados e até mesmo a movimentação do seu personagem – que parece ter nascido de um relacionamento de Doom com Herectic – são falhas imperdoáveis.

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