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Ao abrir a página do Kickstarter de Masquerada: Songs and Shadows, a primeira informação dada sobre o jogo é que ele é (em tradução livre) um “RPG com pausas para táticas completamente dublado”. “Pausas para táticas” se refere a uma mecânica que explicarei mais adiante. Meu ponto é que você estaria perdoado por pensar que Masquerada é um jogo sobre combate, quando na verdade a palavra-chave aqui é “dublado”. Mas que tipo de jogo se gaba na primeira sentença do seu Kickstarter sobre ser dublado? Simples: um jogo que quer te contar uma história.

Masquerada narra as aventuras de Cicero Gavar, um jovem de origem humilde que se tornou um respeitado Inspettore – uma mistura de guarda real, agente do governo e dobrador de elementos. Seu destino muda quando seu irmão se rebela contra o governo em um ato revolucionário e faz Cicero ser exilado da cidadela, tendo que dizer adeus à única vida que ele conheceu. Mas após um antigo amigo e colega seu desaparecer misteriosamente enquanto cumpria uma missão para a Coroa, Cicero é convidado a voltar para ajudar a solucionar o mistério. A partir daí começa a desenrolar uma trama complexa e surpreendente, que sabe obscurecer informações na medida exata para instigar o jogador e, quando você menos espera, é surpreendido ao perceber que nada é o que parecia.

O estilo visual é elegante e lembra vagamente os desenhos da Disney

E é aqui que entra o “dublado”. Masquerada carrega um orçamento claramente baixo; assim fala muito sobre o jogo que uma parte tão enorme dele tenha ido para a construção de ferramentas narrativas. Os cenários são cheios de personagens conversando, que sempre oferecem perspectivas e informações sobre a história. Há também um codex que cria entradas quando o jogador encontra informações ou personagens novos. Isso dá espaço para o mínimo de exploração que Masquerada oferece e, apesar de exposição ser a forma mais gratuita de narrativa que um jogo pode ter, elas enriquecem a história do jogo e imergem o jogador dentro daquele mundo.

Nem tudo são flores

Olhando as screenshots a impressão é a de que Masquerada é um RPG de ação no estilo Diablo, e no primeiro instante jogando pode ser que a jogabilidade ecoe essa ideia. Mas a impressão infelizmente não passa disso, e sob a superfície encontra-se um gameplay muito pior e mais cru do que as referências sugerem. Você clica em um inimigo e seu personagem o ataca sozinho, como de praxe em RPGs de ação, e há habilidades com cooldown que dariam o sabor ao combate, mas nenhum desses ataques parece ter peso, tanto em questão de estratégia quando nas animações em si. Sem peso não há graça, o que faz o combate se tornar aquele trabalho chato que você realiza entre os pedaços da história.

Eu prometo que é muito pior do que parece

Como que para confirmar a futilidade do gameplay ainda há a possibilidade de se pausar o combate e dar comandos para o seu avatar e a sua party, que é composta de até 2 outros aliados semi-controlados pela CPU relevantes à trama. Nessas horas Masquerada assume uma dinâmica similar à de jogos por turno, com o jogador confortável para pensar táticas e se livrar de situações arriscadas. Enquanto essa mecânica poderia se passar por criativa em um jogo mais competente, aqui ela só deixa claro como o jogo nunca ofereceu desafio nenhum, e que basicamente não há diferença entre jogar em tempo real e pausado.

Não há loot, itens escondidos ou qualquer outra razão mecânica para se explorar os cenários. Mais ainda, não há nem uma sombra de mundo aberto para ser explorado – você vai de cena em cena enfrentando adversários pré-determinados e ouvindo a história que o jogo quer contar. Essa estrutura é incomum em qualquer tipo de RPG, mas ela resolve o problema do grinding, que é parte quase inevitável desses jogos.

Entradas do codex espalhadas pelo mapa te impedem de andar em linha reta da entrada à saída de um cenário

Tudo isso é irrelevante se as suas expectativas estão no lugar certo; por baixo da cacofonia do gameplay há uma história sendo contada, e o seu papel é ficar queto e ouvi-lá. O combate fazendo peso onde não devia catapulta uma questão mais existencialista: se a ideia é apresentar uma narrativa linear e predefinida então por que ela existe como jogo? Mas isso também é irrelevante, pois Masquerada existe como um jogo, história e combate em um pacote fechado. Cabe a você decidir se vai aceitá-lo por inteiro.

55%


Prós:

🔺 História complexa e envolvente
🔺 Dublagem boa para um indie

Contras:

🔻 Combate vazio e sem peso
🔻 Gameplay extremamente linear

Ficha Técnica:

Lançamento: 14/07/17
Desenvolvedora: Witching Hour Studios
Distribuidora: Ysbryd Games
Plataformas: PC, PS4
Testado no: PC

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