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Em uma galáxia muito, muito distante e em um futuro bem futurístico existem robôs gigantes controlados por pessoas boas e ruins causando destruição por onde passam, em vários planetas e em vários sistemas estelares. Essa é a base para a história de MechWarrior 5: Mercenaries, jogo de simulador de mechas (é como o jogo chama os robôs) desenvolvido pela Piranha Games Inc. e distribuído pela Sold Out, lançado em dezembro de 2019 para PC com exclusividade para a Epic e Microsoft Store através do Gamepass (e está lá até hoje) e agora chegando para Steam, Xbox One e Xbox Series X|S.

MechWarrior faz parte do universo BattleMech, que teve o primeiro título lançado em 1988 e o primeiro MechWarrior saindo em 1989. De lá pra cá, a franquia Mech teve várias séries diferentes, sendo a MechWarrior a maior e mais famosa. Um novo título dessa série não saía desde 2002 com MechWarrior 4: Mercenaries. Todo esse universo sempre foi focado em lançamentos para PC, com poucos títulos indo para os consoles: MechWarrior (Super Nintendo); MechWarrior 2: 31st Century Combat (Sega Saturn e PlayStation); alguns títulos da série MechAssault saindo para Xbox e Nintendo DS e um título para iOS.

Levanta a cabeça, se vinga e Roger That

Em MechWarrior 5, o ano é 3015, a última década da Third Succession War (Guerra da Terceira Sucessão) acontece. Várias facções mercenárias guerreiam entre si em territórios interstelares em busca de dominação territorial. Tudo se desenrola na Inner Sphere (esfera interna), que são conjuntos de sistemas estelares com centenas de planetas.

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Essa é a nave da Nik’s Cavaliers, grupo mercenário comandado pelo protagonista.

Você é comandante Mason, líder do Nik’s Cavaliers, um grupo de mercenários que era liderado por seu pai, Nikolai, que acaba morrendo depois de uma emboscada do grupo vilão da trama, Black Inferno. Durante uma missão de treinamento de seu filho, o grupo os embosca exigindo que ele desse a localização de algo misterioso. Nikolai nega, manda o filho e equipe voltar para a base e é morto pelo grupo de mercenários.

Mason precisa reestruturar sua equipe juntamente de Ryana Campbell e Fahad Arazad, membros do Nik’s Cavaliers que sobreviveram ao ataque da Black Inferno e vingar seu pai, além de descobrir qual o segredo que Nikolai guardava. Para isso, você precisa viajar pelos sistemas de planetas, pegando contratos de missões, finalizando esses contratos e aumentando sua reputação.

A história principal de MechWarrior 5 só vai para frente depois de aumentar sua reputação e isso, muitas vezes, se arrasta bastante. Logo no começo, quando você está com a reputação em nível 3, o jogo exige que você suba sua reputação para nível 5 para dar prosseguimento à história. Isso vai exigir boas horas de missões extras até que aconteça. Em boa parte do jogo, isso vai continuar acontecendo e, honestamente, a história aqui existe como uma desculpa pro quebra pau dos gigantes de aço. Mason é um cara de poucas palavras. Ele recebe as coordenadas das missões dadas pela Ryana e uma frase que você vai ouvir bastante é “Roger That” (significa “entendido” na linguagem militar). Às vezes ele solta umas frases de efeito do tipo “let’s bring ‘em hell” (algo como “vamos botar fogo em todo mundo”) nos começos de missões.

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Mason é treinado por seu pai, Nikolai, durante o tutorial do jogo.

Os gigantes de aço não são pra qualquer um

Essa vai ser a maior e mais importante sessão da review de MechWarrior 5. Aqui é onde falo da única coisa que brilha de verdade no jogo: os mechas. São bem feitos (dentro dos padrões aceitáveis de gráficos para um jogo não AAA); são bem variados com mais de 50 designs únicos: tem mecha alto, baixo, magro, forte, rápido, lento; customizáveis, podendo ser pintados e equipados com armas únicas de seu porte; e são muito badass. Nada fica em seu caminho quando você anda, tudo vai abaixo, seja árvores (você vai devastar florestas inteiras), prédios, rochas, torres espalhados pelos mapas.

Como mencionado, cada mecha consegue levar determinados tipos de armas, já que dependem de seu porte e um limite de peso. Os menores e mais finos não vão conseguir carregar canhões de alto calibre, estarão limitados a metralhadoras e disparadores de raio de calor, por outro lado são bem rápidos e conseguem dar pulos muito altos com os impulsores equipados. Já os grandões bombadões levam o que os menores não conseguem, são lentos, mas são verdadeiros tanques, ao mesmo tempo que são alvos fáceis.

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Esquadrão Nik’s Cavaliers, vamos rodar!

Levar tudo isso em consideração pode ser uma dor de cabeça para os novatos na série MechWarrior como eu. Demora umas boas horas pra entender como funciona o gerenciamento dos gigantes. A cada missão feita, você vai levar danos, isso é inevitável. Ao retornar para a base, antes de partir para outro contrato, será necessário reparar seu mecha e é aí que começam as dores de cabeça que falei. Para reparar sua arma de batalha custa C-bill (moeda do jogo) e tempo. Dependendo do estrago, você pode levar a Nik’s Cavaliers à falência, pois pode custar muito.

A “moeda” tempo é a mais complicada de lidar. Você tem um mapa espacial gigantesco, com centenas de pontos, que seriam planetas. Para se locomover, você pode ir 10 pontos de distância por vez, quanto mais longe, mais dinheiro você vai gastar para chegar lá. E para passar o tempo, existem duas formas: viajando para qualquer lugar ou entrando numa missão. Se você quer tempo para reparar seu mecha, você não vai entrar numa missão, vai viajar para passar o tempo. Então você vai gastar dinheiro com o conserto e com a viagem.

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Seu esquadrão tem limite de membros, sendo você e mais três com seus mechas.

Controlar os gigantes de aço é algo desafiador à princípio em MechWarrior 5. Os mechas se movimentam parecido como funciona um avião. Quando você comanda o mecha para frente, é como se você empurrasse as manetes de aceleração de um avião. Mesmo quando você para de dar o comando, ele continua andando, até você dar o comando para trás. Ele vai desacelerar e começar a andar para trás. Os mechas só param quando você aperta ou tecla o comando de parar. Além disso, o torso se movimenta separado das pernas. No controle, cada analógico fica responsável por uma parte, no teclado e mouse funciona da mesma forma. Felizmente isso tudo pode ser amenizado configurando no menu, mas ainda assim não vai trazer uma jogabilidade arcade casual.

Os danos que os gigantes recebem são localizados. No canto inferior esquerdo da tela, você tem um desenho da frente e costas do robô. Os danos são em cada perna, torso, cabeça, braços e ombros, pela frente ou por trás. Se sua melhor arma está no ombro direito, é possível que ele seja destruída e você fique sem poder de fogo. Ou podem destruir suas pernas e você não conseguirá mais se locomover. Na hora de reparar o mecha, tem que ficar de olho no que foi destruído de vez, sendo necessário a troca da peça por uma nova, e isso é feito manualmente.

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Fique sempre atento aos danos do mecha e vida individual do piloto.

Mais um detalhe sobre MechWarrior 5 que vale ser mencionado é o sistema de aquecimento. No canto inferior esquerdo da tela, junto da barra de aceleração, você encontra a barra de aquecimento. Só pelo fato de andar, você já aquece o robozão em cerca de 10%. Dependendo das armas que você usa, essa porcentagem aumenta e pode aumentar rápido, ativando o sistema de desligamento do mecha para resfriar o sistema. Isso dura em torno de cinco segundos e você estará completamente vulnerável. Quando o mecha religa, a barra está em torno de 75%, então tem que ser bem cuidadoso. Cada função do mecha esquenta um tanto, é só dar uma olhada no menu de gerenciamento para ter certeza.

O jeito mercenário espacial de viver

Como dito anteriormente, MechWarrior 5 dispõe de sistemas estelares com muitos pontos para viajar. Nem todos os pontos são planetas com lojas e contratos para missões disponíveis. Esses pontos vazios vão ser usados para viajar e passar o tempo que você precisa para o conserto dos mechas, instalação de novos equipamentos e recuperação de pilotos. A Inner Sphere é dividida por cores: azul, vermelho, laranja, roxo e verde. Cada cor é comandada por uma facção, tem suas zonas de conflito (aumentando preço das lojas e viagens), tem suas próprias missões e fazendo mais missões em uma área, vai estreitar mais seus laços com essa facção, trazendo benefícios como preços menores para reparo de mechas, compra de equipamentos e viagens.

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Cada cor é comandada por uma facção e contém áreas de conflitos.

Ao chegar em um ponto que tem coisas para se fazer, você poderá encontrar loja para comprar armas e munição para os mechas, comprar mechas e contratar pilotos, além dos jobs. Este último, geralmente, consiste em pegar determinado item em qualquer missão e devolver para o contratante. Mechas são absurdamente caros. Você vai demorar muitas horas pra poder ter dinheiro sobrando para comprar um. Ao assumir contratos, você terá missões como assassinato de algum líder de facção; demolição; proteção de contratantes e defesa de bases.

Aceitando uma missão de MechWarrior 5, você pode negociar o pagamento, o que muda alguns objetivos em missões. Ao concluir, você recebe pontos de reputação, dinheiro e restos de peças da batalha. Às vezes os mechas que você enfrentou estarão disponíveis no “loot” final (quebrados e precisando ser reparados). A história do jogo só avança conforme seu nível de reputação evolui. Por isso, você vai passar mais tempo concluindo missões paralelas do que as principais.

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É nessa tela que você vai gerenciar sua durante o jogo inteiro.

A partir do nível 5 de reputação, o coop é desbloqueado e é possível jogar com alguém convidado. Você pode ter aliados NPC também. Quer dizer, você deve tê-los! Não vá sozinho, contrate pilotos e compre mechas para eles, eles ajudam muito. Eles têm um custo para contratação e seus próprios salários. Então sempre tenha dinheiro no caixa. A IA deles é okay, às vezes um deles vai pro lado oposto que você tá indo, mas basta dar o comando de se agruparem ao seu redor, que todos os pintinhos voltam para baixo da asa da galinha.

Você terá missões em ambientes pouco diversificados em MechWarrior 5: desertos; planetas com solo escuro; regiões montanhosas com muito verde; vales nevados; climas diferentes como chuva, nevascas e neblina além de dia e noite. Mas algo em comum em todos os mapas são árvores, rochas e pequenas bases, tudo pra você esmagar e destruir. Os inimigos vão desde tanques, baterias anti mechas, helicópteros e mechas nos mais diversos modelos e dificuldades. Nunca esqueço uma missão que me deparei com uns cinco mechas, várias baterias terrestres, helicópteros e tanques. Meu esquadrão foi obliterado e tive um prejuízo de milhões de C-Bills e uns três meses para reparar tudo. Oh, boy…

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A qualidade gráfica é okay, mas algumas cenas são bem mais bonitas que outras.

Quando você não está em missão, vocês está na sua nave. Nela, é possível ir até o hangar, ver os mechas guardados e isso é bem legal. Eles são gigantes e bem detalhados. Do hangar você vai pro escritório principal, onde você conversa com Ryana, praticamente a única pessoa que você conversa a maior parte do jogo. Os detalhes gráficos no interior da nave são aceitáveis. Já a modelagem dos NPCs é algo que se vê em jogos de 2010 pra trás. Na nave, você vai encontrar uns NPCs parados, sem vida, quase sem movimentos. Não há nenhuma interação com eles.

A trilha sonora é interessante. É um rock com muitos riffs de guitarra e bateria. Não são super composições, mas servem pro que é proposto. Muitos sons trazem uma nostalgia das trilhas sonoras dos filmes policiais dos anos 80 e 90.

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A modelagem dos NPCs é super defasada e as vozes não convencem muito.

MechWarrior 5: Mercenaries é um jogo bastante desafiador. Principalmente se é seu primeiro contato com a série. Você sempre tem que estar atento ao gerenciamento do seu grupo, pagando pilotos e tendo dinheiro para reparo dos mechas. A jogabilidade não é simples, mesmo com opções que ajudam. É um jogo que se torna repetitivo rápido e leva muito tempo para avançar na história. Uma jogatina fazendo o básico para avançar vai levar a mais de 20h de jogo.

O game não é muito exigente em termos de uso de hardware, dependendo do nível de destruição (vários prédios, por exemplo), você pode perceber quedas rápidas de frames, mas nada preocupante. O gênero (robôs gigantes tacando-lhe o pau) está em falta atualmente. Com um ou outro jogo que se destaque. MechWarrior 5: Mercenaries chega em bom momento. Lembrando que não é seu primeiro lançamento, mas sim uma versão Steam e para os consoles Xbox.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024