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Com quatro aninhos de vida, acho que já podemos considerar o Nintendo Switch a maior central de jogos que a Nintendo já fez desde o Wii. As semelhanças entre os dois vão além de controles de movimentos e do número exorbitante de vendas, mas também de um fator que certamente colaborou muito com esse sucesso: ambos contam com uma biblioteca de jogos incrível e absurdamente vasta!

O Wii era o console definitivo da Nintendo, já que ele recebeu ports de praticamente todas as gerações da Big N. Isso é o que muita gente sonha para o Switch, principalmente por causa de suas funções portáteis. Por mais que o console receba jogos third-parties a rodo, até o momento a Nintendo não parece estar muito interessada em portar jogos antigos e isso é uma pena.

O 3DS foi outro sucesso absoluto e sua biblioteca de jogos fez história, então é claro que os fãs adorariam ver ports do portátil no console híbrido da vez! É fato que Miitopia, lançado originalmente em 2016, era um dos últimos títulos da lista que esperávamos ver no Switch, mas pelo menos já é um começo!

Aventura Miidieval

Desde sua primeira aparição no Wii, os Miis ganharam nossos corações e não demoraram nada para conquistar seu espaço como uma espécie de “mascotes” da comunidade nintendista. Eles já receberam alguns jogos focados exclusivamente nesse Miiverso, mas tirando o Wii Sports, nenhum outro foi um grande sucesso – e isso inclui Miitopia, o jogo da vez.

Mais que amigos, friends.

Agora totalmente em full HD e obviamente adaptado para uma única tela, Miitopia coloca seu avatar (ou qualquer outro que você queira criar) em uma aventura medieval. A paz desse simpático mundinho é perturbada após uma figura maléfica conhecida como Dark Lord começar a roubar os rostos de todo mundo e agora cabe a você, ou melhor, o seu Mii, partir em uma jornada para impedi-lo.

O jogo é um RPG de turnos que luta bastante para fugir da mesmice do gênero, mas que no final não consegue se distanciar tanto quanto gostaria. Como já dito, a graça de um jogo de Miis é justamente a liberdade que temos de colocar qualquer pessoa dentro do jogo. Você pode ser o protagonista dessa história, mas se preferir controlar sua mãe, seu pai, seu irmão, sua avó ou até mesmo o Keanu Reeves, é possível! Basta utilizar a vasta ferramenta de criação de Miis para fazer quem você quiser.

A criação de personagens da versão de Switch está ainda mais crocante que a do original de 3DS, já que agora temos à disposição uma variedade gigante de perucas, maquiagens e muitos outros detalhes que não estavam lá antes. Isso significa que não estamos mais limitados a criar somente Miis que parecem pessoas normais, pois dá para criar qualquer coisa! O céu é o limite e vai da criatividade de cada um fazer bom uso desses recursos para colocar personagens famosos dentro do jogo.

Eles que lutem para acompanhar o passo do cavalo.

Nem precisa se preocupar tanto com os Miis que você cria, pois faremos isso durante todo o jogo. O único que importa é o protagonista, pois é ele quem você controlará do início ao fim, mas ainda é possível editar individualmente cada membro de sua party, personagens da história e até mesmo os NPCs de cada cidadezinha! É tanta customização que chega até a cansar, mas ainda existe a opção de gerar um Mii aleatório ou receber Miis criados por outros jogadores, um recurso muito legal, mas desnecessariamente limitado. Para isso é preciso ter um código gerado pelo criador do Mii, então eles ficaram devendo uma base online de criações compartilhadas, no mesmo estilo do Custom Design de Animal Crossing: New Horizons.

O poder da aMiizade 

Uma vez que você criar um protagonista e seus companheiros, o restante é simples até demais. Em Miitopia você mal controla seu personagem, é mais um jogo de administrar do que um RPG super estratégico. Os únicos momentos que tomamos o controle do nosso Mii é dentro de cidades, o restante você apenas assiste e toma decisões pela sua party.

Cada personagem possui atributos próprios que tornam a coisa mais interessante. Você pode escolher uma personalidade (que define o comportamento dele em combate) e uma classe, que pode ir desde as mais clássicas dos RPGs medievais até algumas super estranhas como pop star, gato e cozinheiro. Assumo que essas classes nada a ver são as mais legais, então vale a pena dar uma chance para elas.

Aproveite bem os breves momentos de controle total do personagem.

O enredo é tão simples quanto o jogo em si e é claro que não possui nenhum personagem carismático ou coisa do tipo (afinal, é você quem cria todo mundo!). A verdadeira diversão de Miitopia está em colocar pessoas que você conhece dentro do jogo e criar uma aventura realmente única. Eu me dei ao trabalho de fazer Miis dos meus amigos para compor minha party e posso confirmar que o jogo ficou bem mais engraçado e interessante do que seria com bonequinhos aleatórios.

Seus maiores defeitos ficam a cargo do gameplay, que pode se tornar monótono e repetitivo em um piscar de olhos. Temos um mapa razoavelmente vasto para explorar, com diversos cenários e ambientes diferentes. Esse mapa é dividido em fases e em cada uma delas nós devemos apenas assistir nossa party avançando automaticamente de uma ponta à outra. Eventualmente acontecem alguns eventos aleatórios, encontramos encruzilhadas no caminho e, é claro, muitas batalhas.

O combate é praticamente 100% automático. Você só controla seu personagem e os demais membros são controlados pela IA, mas é possível deixar todo mundo no automático e apenas intervir quando eles precisarem ser curados ou ressuscitados. Como BOTs, todos fazem um bom trabalho e utilizam bem suas melhores habilidades, então eu realmente não vi muita razão em ficar controlando um único personagem. É um jogo que não exige nada do jogador, não existe estratégia nem qualquer coisa que te coloque em uma situação difícil, é apenas sentar e assistir ele se jogar sozinho.

O cavalo também pode ajudar aleatoriamente nas batalhas.

Para quebrar um pouco essa rotina, Miitopia é repleto de eventos aleatórios que acontecem entre a party principal. A maioria deles são piadinhas muito sem graça, mas todos contribuem com o relacionamento pessoal entre cada membro. O nível de amizade entre eles desbloqueia algumas vantagens nas batalhas, mas ao mesmo tempo também pode implicar em outros aspectos: um Mii pode sentir ciúmes de um amigo que está passando mais tempo com outro Mii e as vezes eles podem até brigar, fazendo com que se atrapalhem no meio do combate. Esse detalhe é bobo, mas bem divertido, principalmente se você criou bonequinhos inspirados em conhecidos.

Nessa rotina de aceitar missões e assistir seus Miis fazerem o resto, a campanha dura em torno de 40 a 50 horas, é coisa pra caramba! É praticamente impossível não enjoar no meio do caminho, mas se for jogado aos poucos, dá para aproveitar melhor essa jornada. Miitopia desperdiça um certo potencial ao explorar esse universo tão único da Nintendo, mas pelo menos ele cumpre o que promete: é um RPG simples, interativo e bonitinho que atende jogadores de todas as idades. Definitivamente a versão de Switch é bem melhor que a de 3DS, então que isso sirva de incentivo para a Big N tomar vergonha na cara e portar mais jogos do portátil para o console do momento.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024