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Após o sucesso de Momodora, a Bombservice acreditou que devia emplacar outro grande título. E a solução não viria à cavalo, mas sim montada numa vassoura. Minoria traz para o mundo dos games a Quarta Guerra Bruxa, onde a própria igreja está caçando essas existências através de suas freiras. Porém, com várias delas já mortas, cabe à irmã Semilla invadir o castelo da comandante inimiga para impedir seus maléficos planos. Mas será que elas são más mesmo?

Agindo como um sucessor espiritual dos quatro games de sua antiga franquia, este não é um título novo para quem joga nos computadores. Lançado em 2019 para a Steam, GoG, Humble Bundle e itch.io, agora é a vez do game chegar nos consoles de mesa e mostrar que um raio pode sim cair duas vezes no mesmo lugar, ainda mais saindo do Brasil. Principalmente quando estão sendo ajudados por forças sobrenaturais como as bruxas e criaturas místicas durante o processo!

Agressividade é a chave

Minoria é um metroidvania intenso e movido extremamente pela ação. No que títulos como Castlevania e até Hollow Knight se garantem na exploração e no rico universo que os carregam, aqui as coisas acontecem de forma diferente. Os ambientes são menores, os segredos menos escondidos e os inimigos são muito mais agressivos. Quando algum deles te vê, não ficam lá parados esperando você agir. Eles vão para cima, sem pensar duas vezes.

Porém, você achou que conforme avança de nível e consegue mais habilidades, isso se torna cada vez mais fácil, certo? Achou errado. A curva de dificuldade aqui é bem acentuada, mostrando que você pode obter técnicas que ocupem a tela toda e traga vários dos oponentes ao chão. Mas sem a sua própria tática, isso e nada podem ser a mesma coisa.

Imagem do review de Minoria
Usar técnicas é o de menos, você tem de saber como utilizar.

Sendo sincero, se você jogar apenas o começo do game, será enganado por ele. A primeira parte de Minoria, chamada de A Catedral, é um grande tutorial no modo easy. Ali os monstros e chefões são mais parados, sem muita interação. Você fica tão acostumado com isso que, quando surge um mais elaborado, você cairá com toda a certeza. No momento que entra no castelo mesmo é que o bicho pega de verdade. Se jogá-lo, dê uma chance para chegar até o castelo para começar a ação de verdade, não se arrependerá se busca um bom desafio.

Apesar de eu citar Castlevania e Hollow Knight, ele também não é tão longo quanto estes. As áreas e o mapa são consideravelmente menores e dão um gosto de quero mais dentro do universo que estão estabelecendo. Porém, dão exatamente o que eles propõem, mostrando vários pequenos detalhes por tudo que explora. Segredos escondidos por quase todo o lugar te farão ir em cada canto para saber mais do que está rolando.

Imagem do review de Minoria
A área de exploração é um pouco limitada.

E enquanto os soluciona chegará apenas à uma conclusão, nem sempre somos os donos da razão. Do lado da igreja, Semilla logo de início mostra ao que veio e sai levando consigo bruxas e vários dos monstros. Mas uma carta deixada por uma delas diz que existem outros lados. Outra, achada num corpo, mostra que aquele ser morto também já fez parte da instituição e viu que eles agiam de forma tão ruim quanto o lado oposto.

Não me entenda errado, caros leitores, não estou aqui para criticar a religião nem nada. Muito menos Minoria, por tudo que vi no game. A intenção é única, mostrar que existe uma pluralidade de ideias, conceitos, visões e nunca devemos ficar presos a tudo que nos dizem como se fosse uma verdade absoluta. E o jogo demonstra isso de forma delicada, mostrando todo um cuidado com o roteiro para passar a mensagem.

Imagem do review de Minoria
Vai ter debate e textão sim!

O conjunto disso com o design que parece pintado à mão e a ação que entregam tornam o game em um sucessor mais do que digno ao Momodora. Claro, várias referências da franquia aparecem, porém nada de muito extravagante. Mesmo com uma repetição de padrões entre as duas, com certeza este lançamento já pode dizer que tem um lugar para chamar de seu nesse universo e está pronto para alçar vôos.

Uma minoria que traz problemas

Uma das maiores reclamações que teria sobre ele é referente à mesmice das localizações. Vamos usar as referências que citei antes como parâmetro, Castlevania e Hollow Knight você está dentro de um local e, nem por isso, ficam presos no mesmo desenho de fundo. Você está num castelo, depois tem um jardim imenso, pula num buraco e vai para uma área de esgoto e criaturas aquáticas e por aí segue.

Imagem do review de Minoria
Tudo parece mais do mesmo por aqui.

Em Minoria você está preso numa catedral no início, depois segue para dentro de um castelo e ele passa sempre essa sensação de que não importa para onde vá, não há um macro-ambiente rolando ali. A primeira experiência que tive fora da catedral foi uma das melhores partes para mim, que segue com um baita combate embaixo da Lua Cheia. Porém, dali segue novamente para dentro de outro espaço.

As áreas secretas também nem são tão escondidas assim. Minha namorada até se assustou ao me ver indo pela primeira vez numa área e seguindo direto para descer a espada numa das paredes. Você chega na área, bate o olho rápido, identifica e abre a passagem. Simples assim. No que os inimigos te desafiam e tornam a experiência em algo enriquecedor, todo o level design parece ter sido feito apenas para ocupar o fundo da imagem.

Imagem do review de Minoria
Demora pra ver algo muito diferente de tudo isso.

Falando nos monstros, também não gostei da experiência de alguns chefões. Não são todos, mas alguns em particular te matam num golpe só, independente do nível ou das suas defesas. E a morte por aqui é cruel, te manda diretamente para o último ponto salvo. Sem choro nem vela. Se você está longe ou não encontrou algum há um tempo, isso chega a ser irritante. Não seria difícil perder 2 horas de jogo nessas, já estejam avisados que pode causar dor de cabeça.

Considerando que é um título que te faz aprender a usar o ritmo dos oponentes contra eles, essa não é a melhor forma. Imagina perder esse tempo todo, retornar para o último checkpoint e ainda ter de grindar para, no fim, passar por todo o caminho de novo e ter apenas mais uma chance contra aquele chefão que varreu o chão com a sua cara. Se morrer de novo, sua paciência vai tolerar?

Imagem do review de Minoria
Os chefões tem suas manhas, basta entender suas mecânicas.

Mesmo assim, Minoria vai te entregar uma experiência muito boa com um enredo que certamente vai te deixar pasmo. Isso porque nem disse que tudo foi produzido por um brasileiro, o Guilherme “Rdein” Martins, idealizador de Momodora também. Não digo isso por ser uma joia da casa, mas valorizem o trabalho desse cara que ainda verão um esmagador sucesso saindo de sua mente.

Com um baita potencial e trazendo um desafiador Metroidvania, não estranhem que futuramente ele caminhe lado a lado com os sucessos do gênero. Por enquanto é uma grande ideia, que precisa passar por pequenos ajustes para se tornar um grande nome no meio. E outra, com uma temática adulta e debates necessários, que é incomum de vermos nessa pegada.

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