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Pode parecer preguiça tentar definir um jogo como uma combinação de outros gêneros, mas no caso de Monday Night Combat essa descrição é tão perfeita que se torna inevitável. Ele apresenta uma mistura de diferentes jogabilidades que, apesar de não terem aparecido lado a lado até então, fazem completo sentido. Sua essência básica é a de Team Fortress 2, com toques variados de Tower Defense e Dota.

Na mitologia desse mundo, Monday Night Combat é um show televisivo que coloca pessoas e robôs tanto lado a lado quanto contra o outro. Não existe nenhum tipo de trama, e realmente uma não é necessária, mas os elementos que nos são dados, como a menção de patrocinadores, descrições dos locais e de pequenos eventos, criam uma atmosfera interessante para as partidas.

Existem dois modos de jogo sendo que, mesmo que um deles funcione offline, MNC é voltado quase que exclusivamente para partidas na internet, com vários jogadores. Seu componente solo serve mais para que você se familiarize com as diferentes classes, suas habilidades e com os controles. Por isso, caso você não tenha Live Gold e não possua planos de começar a pagar pelo serviço, passe longe de Monday Night Combat.

Existem seis classes no total, que seguem os padrões esperados. Há uma chamada de Assault, equilibrado em termos de mobilidade e potência, uma de Assassin, voltada para velocidade e camuflagem, uma de Support, com a capacidade de curar companheiros etc. Os nomes e as funções podem não ser muito originais, mas eles transmitem de maneira direta e reta qual a função de cada. Além disso, todas as classes são funcionais, e testá-las para descobrir qual é mais compatível ao seu modo de jogar é bastante recompensador. Há também uma boa personalidade em cada um dos personagem, que tranparece não apenas nas coisas ditas durante os combates, mas também na fisionomia de cada um deles – que parece beber fortemente de Team Fortress 2 em relação ao estilo.

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Um dos modos, chamado Blitz, coloca você e outros jogadores lado a lado, cooperativamente, e é este que mais mistura elementos de Tower Defense. O objetivo aqui é impedir que as levas de robôs, que saem periodicamente de bases, consigam destruir a Moneyball, um globo repleto de dinheiro, que se encontra no meio da arena. Com o decorrer da partida, inimigos mais fortes e em maior quantidade aparecerão, ficando cada vez mais difícil barrar seu progresso. Esta opção também pode ser jogada offline, mas como o limite máximo de participantes com tela dividida é de dois, ela não é muito prática. Não que seja impossível aproveitá-la dessa forma, mas os níveis mais avançados de dificuldade se mostrarão difíceis demais com apenas esse número de pessoas.

A outra modalidade, intitulada Crossfire, é de natureza mais competitiva. Aqui, dois times de jogadores são formados, com o objetivo de destruir o globo adversário. A sacada do modo, que é o que o faz se assemelhar a Dota, é que a Moneyball contém um escudo que só pode ser penetrado por robôs, só então podendo ser destruída pelos competidores. Dessa forma, cada lado recebe periodicamente levas de seres mecânicos, sendo necessário que você os proteja durante o percurso, enquanto destrói os que vêm do lado adversário. É claro que seus oponentes estarão tentando fazer a mesma coisa, o que faz com que você esteja o tempo todo atento aos arredores, enquanto protege seus próprios robôs.

Para conseguir realizar essa tarefa com sucesso não é preciso contar apenas com a sua perícia. A cada oponente derrotado, um pouco de dinheiro é ganho, que pode ser usado para duas diferentes finalidades. Uma é a melhoria dos próprios atributos. Cada classe tem quatro parâmetros únicos, que refletem a eficácia de cada uma de suas habilidades. No entanto, não se trata de nenhum sistema de persistência, como o visto em Call of Duty 4 e afins. Seus níveis são zerados a cada partida e, já que o limite de cada um é alcançado com apenas três pontos, será possível chegar ao máximo em qualquer rodada de média duração.

A outra finalidade das moedas é na construção de armas montadas. Existem locais específicos de cada estágio, em torno de sua moneyball, que permitem a instalação desses equipamentos, que vêm em variedade de quatro. A melhoria de suas defesas é essencial em qualquer uma das modalidades, mas infelizmente isso não parece estar claro para a maior parte dos jogadores. Especialmente em partidas Crossfire, muitos se concentram em apenas aumentar os níveis de suas habilidades, o que invariavelmente traz desvantagens para o time. O pior é que cada oponente derrotado com uma arma construída por você contribui para a sua pontuação, o que torna ainda mais estranha a atitude dessas pessoas. Existem ainda outros usos para o dinheiro, como a ativação de uma espécie de força repulsora em algumas áreas, a criação de uma nova leva de robôs e a compra de “suco” (juice), que também pode ser pego de inimigos derrotados. Ele enche um medidor que, quando completo, confere ao usuário um tempo limitado de força e defesa aprimoradas.

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Apesar de nem todos esses elementos serem bem usados por muitos jogadores, sua presença garante uma grande diversidade de formas de se atuar durante uma partida. Existem muitas escolhas estratégicas a serem feitas, e as habilidades particulares de cada classe aumentam ainda mais essa variedade. As ideias todas podem parecer básicas quando colocadas no papel, mas elas se combinam de maneira perfeita, criando algo muito divertido. As rodadas possuem caos na medida certa, o que garante que você sempre tenha algo em que atirar, sem a inconveniência de morrer constantemente sem saber de onde vêm as balas adversárias. A ação contínua às vezes ataca a taxa de quadros, que sofre eventuais quedas, mas não é nada que chegue a atrapalhar seu jogo.

É necessário ressaltar que, devido ao modo como a rede de Monday Night Combat funciona, o lag pode ser forte em algumas rodadas. Em minha experiência, certas partidas tinham o lag maior do que o aceitável, mas isso é algo esporádico e na maior parte do tempo tudo roda sem problemas.

Por apenas quinze dólares existe uma quantidade de conteúdo imensa em Monday Night Combat. As classes são boas e diversificadas e seus modos de partida, apesar de serem apenas dois, oferecem uma grande quantidade de maneiras de serem jogados. Se há algo que poderia ter recebido uma variedade um pouco maior são as arenas, que se parecem demais umas com as outras. Apesar disso, todas possuem um bom design e contribuem, junto com outros fatores, para criar uma atmosfera futurística e cartunesca, presente em todos os aspectos do jogo.

O Xbox 360 já possui uma grande quantidade jogos multiplayer de excelente qualidade, mas nenhum deles com esse tipo de perfil. Monday Night Combat proporciona uma ótima jogabilidade, que combina tantos elementos competitivos como cooperativos e, dependendo de como sua comunidade evoluir, poderá durar ainda muito tempo.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024