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Depois de muita aventura e ação com Monster Hunter World e Monster Hunter Rise, agora o ritmo é mais devagar no bom e velho estilo de JRPG em Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin. A Capcom já tinha introduzido o estilo no primeiro título dessa nova série, que ficou restrito ao 3DS e celulares. O segundo episódio dessa série não é uma continuação do jogo anterior, como disse o produtor do jogo.

Preciso deixar algo claro antes começar a expressar minhas opiniões sobre o jogo: não joguei o primeiro Monster Hunter Stories. Portanto não vou relacionar o segundo em nenhum momento com o primeiro. Outro ponto importante: irei mencionar algumas vezes Monster Hunter World, já que não pude jogar MH Rise, que é exclusivo de Switch e chega para PC em 2022, como a própria Capcom já disse.

Neto de lendário, lendário é

Confesso que não sou muito fã de criação de personagens, já que a grande maioria deles não têm personalidade, não falam e só estão ali presenciando tudo, mesmo que sejam os protagonistas. E é assim que começa o jogo, que se passa em um mundo único, sem relação com os jogos anteriores. Durante uma cerimônia em uma vila, uma jovem elfa corre floresta adentro fugindo de cavaleiros até se deparar com um Rathalos, um dos monstros mais poderosos e que esta vila cultua. O monstro entrega um ovo para ela, enquanto uma forte luz erradia deixando todos os Rathalos incontroláveis e fogem da ilha, deixando alguns cavaleiros gravemente feridos.

Monster Hunter Stories 2
O gatinho tagarela, Navirou, é o mais empolgado de todos.

Após todos da vila presenciarem a luz e vários Rathalos voando para longe, o dia se encerra. À luz do dia seguinte, o chefe da vila o coloca para começar sua jornada para ser um montador junto de sua tutora, Kayna. Todas as missões a seguir fazem parte do tutorial inicial. Vamos avançar no tempo. Você encontra a elfa com o ovo e ela diz que o protagonista lembra alguém muito importante de muitos anos atrás.

Acontece que ela se referia ao seu avô, Red, que foi um montador lendário. Entrega o ovo ao protagonista, junto da pedra de afinidade de seu avô. Essa pedra é responsável por estreitar os laços entre você e seu monstro. Logo em seguida eles são perseguidos pelos cavaleiros que querem destruir o ovo, pois acreditam que o monstro possa ser uma ameaça. Eles chegam à praia, sobem num barco e fogem. Aí o jogo começa pra valer.

Preciso parar de descrever a história por aqui. As reais motivações dos cavaleiros, para onde você vai com a elfa e todo o resto. Esse jogo é um JRPG, muitos NPCs cruzarão seu caminho interferindo diretamente na história, que começa a se desenvolver depois de muitas horas, o que é típico do gênero.

Monster Hunter Stories 2
O monstro nasce fofinho, mas logo já é um adulto em sua primeira batalha.

Monster Hunter Stories 2 adota um estilo artístico bastante diferente do que Rise e World mostraram antes, tendo agora uma aparência desenhada em cel-shading, parecendo um anime. As animações são boas, os personagens têm expressões e as cutscenes, especialmente as de cenas de ação, são um espetáculo à parte. Infelizmente é bem comum encontrar texturas pelos cenários que destoam do resto de tão baixa que é a resolução.

Ainda sobre imagem, o jogo tem um sério problema com o balanço de branco. É exageradamente brilhante, chegando a momentos que não é possível ver o que está acontecendo, como em cenas nas regiões nevadas e com gelo. Isso acontece, principalmente, se já tem algo claro na tela, como um personagem vestindo branco. Ele vai brilhar tanto, que não será possível ver os detalhes.

De boa dando uma volta no meu Anjanath.

A exploração conhecida da franquia continua

Como todo Monster Hunter, o jogo trata dos monstros, obviamente. Você captura monstros, treina eles, monta neles, e os usa em batalhas. Parece uma outra franquia, não é… Enfim. Você captura monstros ao entrar em seus ninhos e roubar seus ovos. Em cada vila você terá um estábulo em que será possível chocar o ovo de seus “monsties”, nome dado aos monstros domados.

Ainda no estábulo, é possível gerenciar todos os seus monstros, podendo carregar um número limitado deles com você, mas somente um entra em batalha. Mesmo os que não lutam, ganham experiência em cada batalha e, assim, evoluem da mesma forma. Cada monstro tem seus atributos, força e fraqueza em relação aos elementos. A lógica dos menores e magros serem mais rápidos e habilidosos, enquanto os grandes e fortes são verdadeiros tanques, se aplica aqui.

Quando monstros alados usam ataques parecidos, partem para o duelo nos ares.

Em cada cidade você vai encontrar quadros com missões secundárias (como em MH World); o gatinho responsável pelas viagens rápidas e salvar o jogo; outro gatinho que colhe tampinhas que são usadas para trocar por itens e equipamentos; lojas de itens; ferreiro; sua casa, onde é possível mudar a aparência; e o vaso de preces, onde é possível, bem, fazer preces, usando amuletos específicos que podem aumentar ataque, defesa ou experiência por determinado tempo. Este último funciona mais ou menos como as refeições em MH World.

Vale destacar o papel do ferreiro. Assim como em MH World, ao derrotar monstros, você coleta partes dele. Dessa forma, você consegue forjar armas e armaduras baseados naquele monstro, inclusive carregando o mesmo elemento para defesa e ataque. Confesso que nessa parte me dediquei bastante, já que queria ter todas as roupas possíveis. Isso é muito divertido.

Monster Hunter Stories 2
O cavaleiros não gostam da ideia do culto ao perigoso Rathalos.

As regiões são amplas, com monstros espalhados por toda parte, bem como “coisas” para se pegar, usadas para criar itens e, às vezes, até necessárias para forjar armas e armaduras. Distribuídos pelos mapas estão tocas e ninhos dos monstros, onde você consegue roubar um ovo. Algumas dessas áreas são bem pequenas, dando de cara já com o ovo (e às vezes sua mamãe). Já outras são bem grandes, com vários caminhos, itens e monstros. Infelizmente muito desses ninhos têm seu layout idêntico a outros, deixando o jogo repetitivo em algumas partes.

Alguns desses ninhos são especiais, contendo um ovo raro lá dentro e, de novo, uma mamãe rara e durona também. A variedade de monstros é enorme, marca registrada da franquia. Você terá parceiros NPCs durante quase o jogo inteiro, o que é bom, já que alguns monstros são bem difíceis para você e seu monstie. Durante suas andanças pelo mapa, é possível encontrar monstros reais dormindo. Um alerta já é dado ao encontrar um, dizendo que eles não são qualquer coisa, e realmente não são. Porém a recompensa vale a pena.

Decorem esses monstros. Essa batalha foi árdua.

Quem dá esse alerta, é o seu representante, Navirou, um gato tagarela. Já que o protagonista parece não ter vida própria, o “felyno” especial fala por ele. Ele é engraçado, arrogante, é quem vai te passar informações importantes, é curioso (sempre quer saber a história de qualquer NPC novo que você encontra) e, depois de algumas dezenas de horas, vai se tornar irritante. Sobre isso, não tem o que fazer, já que ele é o representante do protagonista mudo.

“Ratha, eu escolho você!”

Vou tentar resumir como funcionam as batalhas, já que tem muitos detalhezinhos. Elas sempre acontecem ao esbarrar com um monstro andando pelo cenário/mapa, como o bom e velho RPG japonês. Você, seu monstie, seu parceiro NPC da vez (são vários durante o jogo) e o monstie dele compõem seu grupo. Você comanda somente o protagonista e, no máximo, manda seu monstie dar uma ataque especial específico. Fora isso, eles agem por conta própria. A IA é até boa, ajuda quando é preciso e ataca conforme a fraqueza do monstro.

Esse é o momento do especial montado em dupla. Extremamente forte.

Os ataques normais funcionam como a brincadeira “pedra, papel e tesoura” (jokenpô). Força, técnica e velocidade são os tipos de ataques. Força derrota técnica, que derrota velocidade, que derrota força. Quando um monstro ataca, ele vai usar um desses tipos de ataque, então você já se prepara baseado nisso. Claro que, enfrentando um monstro pela primeira vez, não é possível saber. Usando o ataque certo, você causa mais dano e recebe menos. Os monstros alteram seu comportamento durante a batalha, mudando o estilo de ataque.

Existem três categorias de armas: corte, contusão e perfuração. Cada monstro tem sua própria fraqueza que, sendo bem explorada, recebem mais danos por causa do tipo de arma certa. Alguns monstros terão várias partes do corpo como alvo, cada parte tendo sua própria fraqueza. Quando você acha a arma certa, um ícone indicativo aparece, e toda vez que você enfrentar aquele monstra de novo, você já saberá qual arma usar. Quando um monstro tem partes diferentes para acertar, cada parte tem sua própria barra de resistência. Ao derrotar um dos alvos, o monstro cai por um turno, fazendo com que qualquer ataque cause dano crítico.

O grande momento de chocar o ovo do começo do jogo.

É possível atacar em dupla com um monstie. Pode ser o seu, ou o do NPC colega. Basta você, o protagonista, usar o mesmo tipo de ataque que o monstie vai usar. É possível ver as ações de cada um de seu grupo antes do próximo turno começar, o que facilita a execução do ataque duplo, que até cancela o ataque inimigo e causa muito dano.

Às vezes vão acontecer duelos entre os monstros. Quando isso acontecer, você terá que apertar botões freneticamente para que seu monstro vença. Os duelos vão desde monstros disputando forças cabeça com cabeça, até duelos de monstros voadores na alturas (essas cenas são bem legais). Se dois monstros que têm ataques elementais atacarem ao mesmo tempo, uma disputa de forças acontecerá ao estilo Dragon Ball.

Esse é um exemplo de vantagem usando o ataque certo.

A medida que você e seu monstie atacam, a barra de afinidade vai enchendo. Ao encher, é possível montar no monstrengo, enchendo a vida e curando status negativos. Montado, os ataques causam bem mais danos e um especial estará disponível. Cada monstro tem sua própria animação de ataque, o que é muito legal de assistir. Se seu especial montado coincidir com a do NPC amigo, um especial duplo acontece, com direito a cenas bem trabalhadas e ataques finais que resultam naquelas bolas de energia gigantes que deixariam Goku e Vegeta surpresos. Esse tipo de ataque causa um dano absurdo por ser mais difícil de executar.

Você e o NPC colega tem três corações cada. Se a vida dos montadores ou dos monties chegar a zero, você perde um coração. Ou seja, você tem três chances naquela batalha difícil. Eu cheguei a perder os três uma vez, em uma batalha especial contra um montador NPC (que na verdade era um tutorial), que estava introduzindo o multiplayer do jogo.

A luz rosa que está causando desequilíbrio no mundo.

Bom, pelo visto não deu para resumir muito essa parte sobre as batalhas. Porém é aqui que o jogo brilha. As lutas são bem dinâmicas, com várias combinações sendo possíveis de executar. Quando você fica muito forte para determinado monstro, a opção de “término rápido” fica disponível, sendo possível terminar a batalha em uns segundos, o que não acontece com monstros mais fortes. É possível, também, acelerar as batalhas em três tempos diferentes, o que ajuda quando é uma batalha demorada.

Diferente, mas ainda Monster Hunter

Falando em segundos, os loadings do jogo são um pouco demorados. Sempre variam entre 3 a 5 segundos. Parece pouco, mas se levarmos em consideração que a todo momento estamos entrando e saindo de batalhas, entrando e saindo de áreas, no fim das contas, esses segundos viram uma ou duas horas depois de dezenas de horas jogadas. Mesmo o jogo rodando em um SSD, sendo super leve em termos técnicos de execução, isso acontece. O game no PC é super leve, sendo possível rodar até de APUs de última geração sem problemas.

“Prazer, eu sou Rathalos, o monstro mais badass do jogo”.

O jogo tem uma história que demora um pouco para se desenvolver. Isso não é problema para jogadores do gênero, mas com certeza não agradaria quem tá acostumado com MH World e Rise. Entre nesse jogo sabendo que é outra pegada, não tem nada a ver com os anteriores. O jogo carrega bastante aspectos da essência da franquia como trilha sonora, menus, itens, os gatinhos e, principalmente, os monstros. Reconheci vários por ter jogado Monster Hunter World.

Monster Hunter Series 2: Wings of Ruin conta uma história de afeto e cuidado com a natureza, ela consegue emocionar em determinado momento, mesmo não sendo nada inovadora. A localização em PT-BR está excelente, com muitas expressões e piadas que fazemos. Infelizmente as vozes em inglês (idioma que escolhi, mesmo sabendo que japonês é bem mais interessante) são um tanto travadas e sem emoções, igual acontece em MH World.

Montar seu monstie durante a batalha é uma arma bem poderosa.

Para amantes do gênero JRPG e da franquia como um todo, esse jogo é obrigatório. Vai lhe render dezenas de horas com o conteúdo atual, fora o que já foi anunciado e que vai chegar logo depois de seu lançamento.

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