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Eu costumo pensar que a franquia MotoGP é o equivalente à franquia F1, se tratando de corrida de motos. É um simulador complexo e imersivo, que exige um bom investimento de tempo para se jogar em um nível aceitável. A edição 21 não está lá tão diferente de MotoGP 20, como já era de se esperar, mas trouxe um adendo muito bem-vindo: é a primeira entrada da franquia em muitos anos que finalmente estende a mão para novatos.

Até o ano passado a Milestone levava muito a sério o termo “jogo de nicho”, então era um simulador só para quem manjava. Os títulos anteriores eram extremamente hostis com pilotos de primeira viagem, deixando o jogador à deriva para aprender sozinho os fundamentos do jogo, suas mecânicas, física etc. Visando atrair um público maior, MotoGP 21 está bem mais democrático, mas isso não quer dizer que está mais fácil.

Só para profissionais

Quem espera encontrar pelo menos um pouquinho de jogabilidade arcade neste jogo, pode tirar o cavalinho da chuva. MotoGP nunca ofereceu modos mais flexíveis, como ultimamente é comum vermos nas franquias de esportes, então é simulador do início ao fim e a gente que lute. Na verdade, isso não é algo ruim, pois uma vez que você domine pelo menos o básico das mecânicas, poderá experienciar o melhor jogo de corrida de motos que temos no mercado.

A edição 21 ainda trouxe algumas pequenas novidades para tentar alcançar um realismo maior. A física foi levemente aprimorada e agora a moto reage com mais fidelidade ao realizar freadas bruscas ou quando leva uma pancada. Os freios também receberam uns detalhezinhos legais, como um sistema de temperatura. Agora eles podem ficar muito quentes ou muito frios e isso vai interferir no desempenho do seu veículo (muito provavelmente te derrubando ao fazer uma curva).

Só tem gente feia nesse jogo.

Um outro detalhe interessante é que agora existe toda uma animação específica quando caímos da moto. Ao invés do piloto respawnar automaticamente no veículo, acompanhamos todo um processo de ver o boneco levantar, subir na moto de novo e voltar para a pista. Isso definitivamente alcança sua proposta: é mais realista, mas também é uma baita sacanagem, já que os BOTs têm o privilégio de respawnarem na moto automaticamente. Nisso, saímos prejudicados já que perdemos alguns segundos valiosos enquanto a IA simplesmente continua correndo como se nada tivesse acontecido.

Mas é aquilo que eu já disse mil vezes e volto a dizer: MotoGP é um jogo difícil. Leva um tempo para se adaptar ao peso do veículo, às mecânicas de pilotagem e tudo que torna a jogabilidade tão complexa. Nas primeiras corridas, você provavelmente nem vai conseguir se manter em pé na moto ou sequer seguir a linha do trajeto (que funciona exatamente igual à linha da série F1) sem sair rolando na primeira curva. É por isso que uma outra novidade desta edição caiu tão bem: a adição de tutoriais.

Noobs são bem-vindos 

Se for sua primeira vez nas corridas profissionais de moto, existe uma série de tutoriais que explicam tudo que é preciso saber para dar o primeiro passo rumo ao sucesso. Pode parecer um detalhe idiota, afinal todo jogo possui um tutorial… menos MotoGP! Por alguma razão, os jogos anteriores não contavam com esse recurso, então é por isso que soa absurdo tratar esse adendo como algo tão incrível.

Até que dá para brincar com esse Modo Foto.

Outro elemento bem popular em jogos de corrida – que também se faz presente aqui – é o rewind, que permite voltar no tempo caso a gente faça alguma besteira. Para os iniciantes é uma beleza, já que você pode usar esse recurso quantas vezes quiser, então não precisa ter medo de cair da moto! Já para quem já está familiarizado com a franquia, é possível limitar ou até mesmo desligar a ferramenta, tornando a experiência um simulador com todas as letras maiúsculas.

Quanto ao restante do pacote, temos aqui praticamente o mesmo jogo de 2020, então quem espera alguma novidade nos modos pode acabar se decepcionando. O Modo Carreira está idêntico, nem se preocuparam em dar uma maquiada para transmitir uma sensação de “novidade”. A única adição relevante são as chamadas Long Lap Penalties, algo que veio do esporte real. Agora, sempre que você inventar de queimar largada ou cortar caminho fora da pista, será penalizado e precisará passar por essas extensões maiores no percurso, que servem unicamente para atrasar os espertinhos. Foi adicionada uma Long Lap Penalty em cada pista do jogo, que “por coincidência” são as mesmas da temporada de 2021.

O Modo Carreira traz apenas mais do que a gente já viu nos anteriores.

Graficamente falando o jogo está lindo, mas nada muito distante da edição 20. É aquela velha história: vai demorar um tempo até que os jogos de esportes passem a explorar melhor o verdadeiro potencial da nova geração de consoles. No PlayStation 5, MotoGP 21 ainda explora levemente os recursos do DualSense, tentando simular o peso da moto através das vibrações e travando os gatilhos adaptativos vez ou outra. É interessante, mas perde a graça rápido e deixa a sensação de que poderia ser muito melhor.

MotoGP 21 é a melhor entrada da franquia para os iniciantes, mas não tem nada de muito atrativo para os veteranos. É apenas o mesmo jogo de antes, mas bem mais acessível para quem está disposto a se tornar um fã da franquia.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024