Skip to main content

Nos seus inícios, o videogame no Ocidente era algo bastante adulto, o que era um tanto óbvio, já que estávamos falando de máquinas do tamanho de armários que estavam posicionadas em bares. Depois, os jogos foram migrando, primeiro para os arcades, depois para as casas. E, com isso, o meio foi se infantilizando, até chegarmos a um ponto (no lançamento do NES) em que os videogames passaram a ser um brinquedo ou um “guilty pleasure” para os adultos.

No Japão isso não aconteceu. Por algum motivo cultural que me escapa, o videogame ali sempre foi algo muito adulto. Por isso, jogos com temáticas mais adultas sempre estiveram na ordem do dia. E isso sempre incluiu, além dos jogos “sérios” (leia-se eróticos), outros jogos não tão sérios, incluindo aí temáticas extremamente “camp” e “kitsch”.

muscle-march_1

Um dos principais expoentes dessa corrente ultra-kitsch é a série Cho Aniki. São jogos de vários estilos, estrelados por dois carecas musculosos afeminados de sunga. Todos os jogos da série têm uma estética homoerótica que chega às raias do absurdo. Apesar dos jogos serem no máximo competentes, eles têm uma legião de seguidores. Mas nunca foram lançados no Ocidente, já que o seu visual seria muito chocante para o jogador médio.

Bem, agora o videogame já não é um meio infantil no Ocidente. Várias pesquisas dizem que a média de idade dos jogadores supera com muito os vinte anos. Com isso, alguns temas mais “fortes” podem ser tratados. Com isso, a Namco Bandai resolveu ousar e lançou na semana passada para o WiiWare um sucessor espiritual de Cho Aniki. Muscle March é um jogo estrelado por halterofilistas musculosos afeminados de sunga – e um urso polar.

No jogo, um ladrão rouba o Mega Mass do grupo de heróis, que então perseguem o meliante pela cidade. O desafio do jogo consiste no fato de que o ladrão consegue atravessar paredes sem se abalar, deixando buracos nas paredes. Esses buracos têm formas variáveis, já que o ladrão fica mexendo os braços. Como nem você nem seus amigos conseguem fazer a mesma coisa, para alcançar o ladrão você precisa imitar as posições dos braços que o ladrão fez, para poder atravessar a parede sem se machucar. Você começa como o último da fila de halterofilistas (o que te dá bastante tempo e referência para mudar a posição dos braços), mas o ladrão vai soltando cascas de banana que fazem seus amigos escorregarem e trombarem na parede, até que você seja o último, tendo que reagir rapidamente. Ao chegar perto, você precisa correr para alcançar o ladrão e derrubá-lo com um touchdown – ao que ele reage passando o Mega Mass pro cúmplice dele, reiniciando o processo.

muscle-march_2

O jogo em si é um simples “siga o mestre”. A novidade é o controle via Wiimote + Nunchuk. Para controlar as posições dos braços de seu personagem, você precisa apontar os controles para cima ou para baixo. Ao apontar o Nunchuk para baixo, o braço esquerdo do personagem abaixa. Ao apontá-lo para cima, o braço levanta. A mesma coisa com o braço direito e o Wiimote. Simples, mas não muito funcional, porque o controle tem um incômodo atraso: ao mover um controle, o jogo leva uns bons décimos de segundo para refletir o movimento para o braço do personagem. Se você tem que mover os dois braços de uma vez, o jogo move primeiro um braço e depois o outro, e isso acaba fazendo com que o tempo de resposta total seja, sem exagerar, de quase um segundo. Isso, especialmente nas fases mais rápidas, acaba deixando o jogo injustificadamente difícil.

Mas claro, o principal atrativo do jogo não é tanto a jogatina. Mesmo porque, além desse modo de “persiga o ladrão”, existe apenas um modo de “maratona”, onde você tem que seguir um personagem até quando aguentar, então variedade tampouco é o forte do jogo. O principal atrativo do jogo é seu visual. Ele é uma bizarra mistura de Cho Aniki com outro ícone do kitsch japonês, Katamari. É algo realmente difícil de descrever…

É uma pena que Muscle March não seja um dos jogos Wiiware com demo – mesmo porque é impossível, já que um demo já mostraria tudo que o jogo tem a oferecer – porque ele é difícil de recomendar. Como videogame, ele é ruim, já que tem apenas duas opções de jogo e os controles têm uma resposta muito lenta (ainda que precisa). Só que o verdadeiro público desse jogo são as pessoas que têm uma quedinha pelo ridículo de sua estética homo-kitsch. Veja uns vídeos primeiro. Se gostar, pode comprar porque é baratinho (apenas 500 Wii Points/Nintendo Points).

40%


Prós:

🔺 Controles simples e precisos
🔺 Estética “ousada”
🔺 Preço baixo

Contras:

🔻 Resposta lenta dos controles
🔻 Poucos modos de jogo

Ficha Técnica:

Lançamento: 26/05/09
Desenvolvedora: Namco Bandai
Distribuidora: Nintendo
Plataformas: Wii

Review – Pepper Grinder

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.28/03/2024
Imagem do review de Everloop

Review – Everloop

Marco AntônioMarco Antônio28/03/2024
Imagem do review de Dicefolk

Review – Dicefolk

Marco AntônioMarco Antônio27/03/2024