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A música é um elemento que nos toca na alma, independente de onde nasceu, quem você é ou no que acredita. Todos estamos unidos através dela e, por mais que existam vários gêneros diferentes, não há alguém que consiga discordar disso. No Straight Roads surgiu segurando essa crença com tanta força que posso dizer que é impossível você jogá-lo sem que seu coração balance em nenhum momento.

Produzido pelo estúdio Metronomik, da Malásia, ele é um game rítmico. Porém, não se limite apenas a esta ideia, tendo muito mais do que busca por ali. Contando com diferentes formas de jogar e com uma proposta que ultrapassa a barreira de um simples jogo, é necessário que abra a sua mente para compreender os diferentes lados e avance pela história proposta. Então, prepare a caixa de som e só deixe as canções agirem por você.

Uma jornada diferente

Sendo muito sincero, No Straitht Roads é um jogo bem simples e não trará nada de muito surpreendente em sua gameplay. Os inimigos e chefões se movem e atacam através de ritmos e conceitos, te obrigando a vencê-los antes que acabem contigo. As próprias fases também têm sua própria sincronia, o que dará trabalho por si só. Com alguns golpes e habilidades especiais, você avançará contra essas ameaças e irá libertar Vinyl City das garras da empresa NSR.

Nesse aspecto, ele não conta com nenhuma novidade da qual já viu em diversos outros títulos. Explore os ambientes 3D, obtenha itens no caminho, fale com pessoas e tudo que você está cansado de fazer nos demais jogos. A cada chefão derrotado ou lugar da cidade salvo da falta de energia, controlada pela empresa, mais fãs você consegue e isso influencia a quantidade de upgrades que poderá usar.

Imagem do review de No Straight Roads
A exploração é simples e não trará nenhuma surpresa.

Mas, como disse acima, não deixe isso te enganar. No Straight Roads é uma forma distinta de se jogar, ter música e contar histórias no mesmo pacote. Uma experiência multimídia, ouso dizer. Se você só procura um desses elementos por aqui, você nunca aproveitará o bastante que ele tem a te oferecer. Todos os elementos estão ali por uma razão e todos são necessários para que aquilo te comova de alguma forma.

Você, como jogador, vai ter dificuldades de encontrar algo semelhante que carregue o tanto de alma e atitude que esses personagens e este universo possuem. Como uma verdadeira música, que pode não te surpreender com o som proposto, a letra é intensa e cheia de marra enquanto todos se divertem nesse processo. A cada fase, você dará risadas, se identificará com algum elemento e torcerá pela dupla que forma a banda de rock indie, Bunk Bed Junction. Mesmo que eles próprios errem pelo caminho.

Imagem do review de No Straight Roads
Atitude e estilo são os sobrenomes do jogo.

Uma das maiores forças está nos personagens dessa aventura, com o foco no par que está à frente de No Straight Roads. Mayday é uma personagem impulsiva e explosiva, tendo no seu lado emocional o motor inteiro do enredo. Enquanto isso, Zeke é a calmaria em pessoa. Ambos estão cansados da música eletrônica dominando as paradas de sucesso e o desprezo da NSR pelos demais sons e decidem lutar contra isso para garantir que todos tenham acesso ao seu estilo favorito, independente de qual seja.

Para isso, eles tem de conseguir sucesso e obter fãs para aumentarem suas forças. Quanto mais deles, mais upgrades você consegue realizar dentro da base principal da dupla. Ela, que fica nos esgotos da cidade, permite que descanse e jogue um pouco do fliperama na sala. Também é o lugar onde você usa os adesivos encontrados pela aventura para seus instrumentos, que oferecem bônus de dano e saúde. No QG, inclusive, há uma área onde funciona uma rádio pirata e você dá as declarações oficiais da banda e consegue mais apoio.

Imagem do review de No Straight Roads
Os personagens são a maior força desse game.

E não são só eles que marcam a sua experiência através da história de No Straight Roads. Tatiana, a misteriosa líder da empresa, inspira temor e suas vontades através da ordem que impôs. Posso citar também Yuni, claramente inspirada na personagem virtual Hatsune Miku, que é uma sereia digital e controlada por um grupo de nerds que ficam atrás de seus PCs. No meio da salada também há boy band, DJ, pianista e até mesmo uma clara alusão à Lady Gaga no meio da aventura.

Quebra de ritmo em NSR

Porém, nem toda essa dose de carisma e emoção eximem algumas falhas que ele apresenta pelo caminho. Tive a forte impressão de que os primeiros desafios do jogo eram muito mais complicados e engenhosos que os finais. No Straight Roads dá a impressão de que, conforme chegava em estágios avançados, a criatividade ia acabando e trazendo formas mais simples de conflito.

Fora isso, a aventura é muito curta. Claro que tem vários elementos que estendem isso para você, mas no grosso levei cerca de 5h com a história principal. No fim, você pode retornar para enfrentar os chefões novamente e também há mais coisas para desbloquear conforme consegue mais fãs. Mas em questão de histórias adicionais e conteúdo pós-game, não existe. Sai tudo uma repetição daquilo que já viu previamente.

Imagem do review de No Straight Roads
Você pode retornar e batalhar novamente com os chefões.

O multiplayer do jogo também não adiciona muito, apesar de que, de longe, torna o jogo em algo ainda mais fácil do que estava enfrentando. Se você jogar solo, notará que seu lado simples não oferecerá muitos problemas, porém no co-op fica absurdo de fácil e poderá acabar com um pouco da graça da ação. Podiam ter adicionado uma escala de dificuldade nessa condição, não é?

A Metronomik fez um excelente trabalho no mergulho das emoções para trazer a história aos nossos corações, com uma excelente trilha-sonora, mas até mesmo a simplicidade do game é afetada por algumas decisões chatas tomadas ao longo da produção. A lentidão aparente de alguns movimentos, a exploração na cidade ter limites invisíveis muito mal-trabalhados e a interação com certos objetos são alguns dos problemas observados enquanto jogava. Isso sem falar no personagem DK West, um tremendo pé no saco no seu caminho.

Imagem do review de No Straight Roads
Aqui existem estradas retas sim, ao contrário do que o título diz.

E o que mais me surpreende é o fato de No Straight Roads ter, ao mesmo tempo, elementos tão bacanas que me faziam esquecer disso. Dá para ir ao fundo do esgoto alimentar o jacaré que vive ali, ver e conhecer os itens dos seus adversários pós-batalha, aumentando ainda mais a profundidade da trama e tem algumas técnicas que te ajudam muito mais na movimentação enquanto realiza os upgrades.

Em conclusão disso, diria que em certos aspectos que você não espera ele vai lá e te surpreende muito positivamente. Já nos outros, que poderiam embasar um verdadeiro sucesso e dar todo suporte, tem certas falhas que nem mesmo atualizações poderiam resolver. Apesar de tudo isso, a experiência foi muito boa e gostei muito do que vi com o título e com o desenrolar e fim da aventura do Bunk Bed Junction.

Imagem do review de No Straight Roads
Apesar dos pesares, é um lindo jogo e que merece sua atenção.

No Straight Roads pode trazer esse sentimento um pouco contraditório, mas assim como disse na introdução, com toda a certeza ele aquecerá o seu coração. O fator música é algo muito poderoso que aqui é respeitado e contemplado, te fazendo batucar o pé ou balançar a cabeça quando menos espera durante sua aventura.

Com heróis, vilões e uma cidade que inspira vida, enquanto você tenta obter o maior número de fãs para enfrentar a NSR com toda a força, é certo afirmar que alguma coisa dele vai te cativar. Seja pelo som, pelos personagens, pelo desenrolar da trama ou pelo carisma de todo esse universo, não tem erro caso esteja procurando uma alternativa para os mais do mesmo que temos no mundo dos games.

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