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Vamos lá. Hoje vai ser complicado. Realmente não gosto deste tipo de situação, mas alguns catramalhos precisam ser postos nas respectivas mesas. Noahmund é um RPG com um cheiro dos JRPGs mais antigos produzido pelo Estudio Ábrego, uma desenvolvedora espanhola em seu jogo de estreia financiado pelo Kickstarter. Nada disso seria um problema se o jogo funcionasse direito.

A narrativa acompanha a trajetória de Galina Angstroud, uma agente governamental buscando derrotar os inimigos do seu vilarejo. Acompanhada por seu guardião, Berani Valenti, ela saiu pelo mundo enfrentando dezenas de desventuras (nenhuma delas pior do que tentar jogar Noahmund).

Uma espécie de xadrez deformado

Noahmund nos joga num mundo aberto, mas não tão aberto assim. Por mais que ele queira te mostrar uma certa abertura, a movimentação é feita em quatro eixos isométricos, aproximadamente em 45°. É basicamente uma versão piorada daquela movimentação que ficou conhecida com os jogos de cenário pré-renderizado do Playstation 1, como Resident Evil.

Imagem de Noahmund
Perdida num mundo com estradas bem estranhas.

Assistindo ao gameplay, é possível notar quantas vezes eu fico mexendo no controle como um louco para conseguir direcionar o personagem para o caminho que eu queria a princípio. E isso acontece também em outros momentos, como selecionar as opções desejadas no menu dentro do jogo.

O combate é confuso, lento e monótono. Cada tipo de inimigo tem basicamente uma única maneira de ser derrotado, sempre usando as mesmas armas, do mesmo jeito, com a mesma sequência de movimentos. Em toda e qualquer situação que algo saia deste trilho, acaba sendo muito mais um fardo ter que dar uma volta para estar novamente no único trilho que leva a vencer os adversários.

Fora isso, os personagens são coisinhas muito estranhas. Assim… Estranhas num nível que parecem modelagens feitas por alguém passando pelos tutoriais de softwares 3D. Sabe quando você fala com aquele primo que “sabe fazer animações/modelagens”? Então. O resultado é os bonequinhos deformados de Noahmund.

Imagem de Noahmund
O fantástico mundo onde inimigos se reúnem em arenas de gladiadores pelo mundo.

Descobrir o que precisa ser feito já é, por si só, um desafio. Os objetivos são passados com tanta firmeza quanto uma mera lembrança durante os diálogos monótonos e desinteressantes. Depois disso, o jogo te solta nesse tabuleiro bizarro e grita: “VAI!”. E que você se lasque com a movimentação estupidamente lenta,que parece se esforçar para dificultar que você chegue onde você acha que seu objetivo está.

Em um tabuleiro desconjuntado

Isso tudo o que eu falei só acontece se tudo der certo. Porque fazer o jogo funcionar já foi um problema e tanto. Dando uma visão dos bastidores para vocês que estão lendo. Recebi esse jogo antes do seu lançamento, no final de julho. O tempo habitual é demorar aproximadamente duas semanas entre o recebimento, jogar, gravar o vídeo e escrever o review.

Vocês estão vendo a data de lançamento do review. Já dá pra perceber que certo não deu. Para o jogo começar a reconhecer meu teclado, foram três semanas. Isso contabilizando que o jogo já havia sido lançado. Mesmo tendo entrado em contato com a desenvolvedora pelas redes sociais, pela Steam e com os responsáveis pela relações públicas.

Imagem de Noahmund
Até os corredores tem esses pisos táteis. Legal ter esse preocupação com acessibilidade.

Depois do jogo funcionar com o teclado, já com uma predefinição de comandos completamente bizarros para se utilizar e sem a possibilidade de mudar, chegamos no outro problema. Com aproximadamente 20 minutos de jogo, ele volta a travar depois de uma passagem específica. Lá se vão mais quase 2 semanas. Só aí corrigem de novo e me permitem usar o controle. Mas nada disso faz o jogo melhorar.

Por fim, Noahmund é um jogo ruim. Sinto muito em dizer isso, mas não posso elogiar algo no qual não encontrei partes, de fato, bem feitas. Desde o visual, ao design, narrativa, combates, escolhas simples e que já são padrão da indústria foram completamente ignoradas sabe-se lá por quê. Noahmund busca fazer muito, e faz mesmo, mas tudo errado.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024