Skip to main content

Todos conhecemos como essa história é contada: uma grande calamidade que pode destruir o mundo está prestes a ressurgir e cabe a um herói salvar o mundo. Muitas vezes o nosso protagonista é alguém que percorrerá uma longa jornada até se tornar o herói predestinado, mas em Omensight a história é contada de uma maneira diferente, numa experiência inovadora, interessante e viciante. Com uma história simples, o jogo consegue fazer com que o jogador não queira parar de jogar para poder resolver os mistérios deste mundo antropomórfico, o que eu acho que foi uma ótima escolha de universo.

Para quem jogou Stories: The Path of Destinies e The Legend of Zelda: Majora’s Mask, Omensight é uma experiência de mão cheia e repleta de mistérios que farão com que os jogadores explorem todos os níveis atrás de pistas e respostas para descobrir como Volden, a imagem do abismo, conseguiu se libertar de sua prisão!

Nesse mundo antropomórfico, eu classificaria o Augúrio como um coelho…eu acho.

Alvorecer do último dia, 24 horas restantes!

Para aqueles que notaram: sim, eu fiz uma referência a Majora’s Mask, mas por quê? Porque em Omensight a volta no tempo é crucial para evitar que Volden destrua o mundo. Durante uma guerra na terra de Urralia, uma força antiga começou a se mover e os fios do destino começaram a se desenrolar após o assassinato da Sacerdotisa Agnóstica, a única capaz de prevenir que Volden, o emissário do vazio, retornasse. Durante o ataque à prisão onde a líder da nação rebelde de Rodentia estava, surge o Augúrio, uma força predestinada a evitar o fim do mundo, porém seu despertar veio tarde demais, minutos antes de Volden escapar de sua prisão e desolar o mundo. Porém, com a ajuda de uma bruxa encarregada de proteger a árvore do mundo, o Augúrio pode voltar para o começo do dia do surgimento de Volden para interagir com os personagens chave dessa história e descobrir as tramas e maquinações que deram início a estes eventos.

Em Omensight somos apresentados a duas nações em guerra: Rodentian e Pygaria. Pygaria é povoada por uma raça de homens-pássaros, gatos e cães, liderados por Indrik, um homem-pássaro moldado para ser o imperador perfeito e guiar sua nação e o mundo para um futuro próspero. Ao seu lado está a general Draga, uma mulher-gato com a missão de comandar as tropas do imperador Indrik para a vitória. Conhecedora de muitos segredos e profecias, ela é a lâmina do imperador e escudo do povo, sempre evitando o derrame de sangue desnecessário, mesmo que isso seja contra a vontade de seu superior.

Já em Rodentian interagimos com dois de quatro personagens. Ludomir é o urso pugilista que passa seus dias na taverna de Fyobor, bebendo e preparado para uma boa pancadaria. É também um dos soldados do exército rebelde de Rodentian e irmão de criação de Vera, a Sacerdotisa Agnóstica, e Ratika, a rata barda líder do exército. Ratika também aprendeu a magia dos Bardos com Vera, tornando-se assim em uma poderosa líder e inimiga do imperador Indrick. Mas quais serão os motivos que levam Fyobor e Vera a se envolverem nesta guerra? Por quê e pelas mãos de quem Vera foi assassinada? Quais as verdadeiras motivações de Fyobor? Quem é culpado e quem é inocente? Isso cabe a você, o Augúrio, descobrir ao voltar para a manhã deste dia conturbado.

Diferentes pessoas, um mesmo ponto de ligação em comum.

Augúrio é um ser extremamente poderoso, capaz de controlar uma espada feita de pura energia, mas o tempo adormecido enfraqueceu sua armadura e sua arma, e agora terá de coletar cristais de âmbar para que as energize, além de si mesmo. Ao evoluir de nível, Augúrio consegue habilidades como um dash, que permite que ele se locomova rapidamente de um ponto ao outro, a habilidade de poder agarrar e lançar objetos e inimigos e até mesmo diminuir a velocidade do fluxo do tempo.

Com isso ele será capaz de aumentar ainda mais seus combos, um dos grandes atrativos de Omensight, com um sistema de batalha simples de se aprender e dominar. Misturando ataques leves e pesados, o jogador deve estar sempre atento para poder utilizar suas habilidades e ligar o máximo possível de ataques para causar dano máximo.

Um exemplo: você está lutando contra quatro inimigos e um deles se prepara para te atacar. Você esquiva e o tempo diminui por um breve período, permitindo iniciar um combo que enche sua barra energia. Uma vez que essa barra está completa, o jogador pode usar sua habilidade de diminuir o tempo em uma área, podendo agarrar um inimigo e lançá-lo em direção ao seu companheiro e, caso sobre energia, eliminar outro com um rápido e poderoso golpe.

Além do combate intenso e incessante, o visual do jogo em si é magnífico. Durante o combate, Augúrio muitas vezes realiza lindas execuções – uma das minhas favoritas é quando desfere um poderoso golpe de cima para baixo que abre o oponente em dois, fazendo com que ele se dissolva em luz. Outro aspecto interessante é a velocidade, pois os combates são muito rápidos e o jogador estará sempre se deslocando de um lado da tela ao outro, deixando um rastro azul. Além disso, a direção de arte do jogo é fantástica, graças ao estilo cartunesco das personagens e do cenário, que remetem a histórias fantasiosas e facilitam entrar de cabeça neste mundo.

Vou mandar aquele corte do Toguro em você, fião! Pode deixar com o tio!

Mas o que é um jogo bonito sem uma boa trilha sonora, não é?  A trilha sonora de Omensight é sufocante, por assim dizer. Como dito antes, o jogador sempre voltará para o início do dia em que Volden é libertado, então a música constantemente refletirá essa sensação, com algumas mudanças. Além do esconderijo de Augúrio e a Árvore do Mundo, o jogo conta com outros cinco locais diferentes para serem explorados de acordo com os acontecimentos: a Taverna de Fyodor, Cidade de Ekka, Templo de Yarbog, Floresta Rubra e Prisão Imperial.

As músicas conseguem transmitir a imagem dos locais relacionados a elas – durante as cenas na prisão, a música será melancólica, enquanto no santuário da Árvore do Mundo e no Templo de Yarbog a atmosfera é a de um local sagrado e intocado por incontáveis gerações. Mesmo não tendo nenhuma “Bloody Tears” (de Castlevania) ou “The Opened Way” (de Shadow of the Colossus), a trilha sonora de Omensight consegue se mostrar relevante e bem trabalhada.

Guie o caminho, Augúrio, e nos mostre o Omensight!

Um adicional interessante do jogo é o mistério que parte da fuga de Valden da prisão no Vazio. Quase sempre se tem o objetivo de descobrir os culpados de forma natural, mas Omensight resolveu abordar isso de maneira diferente. Após o final de cada dia e dependendo das escolhas feitas em relação a seus inimigos e aliados, o Augúrio poderá descobrir mais pistas, desbloquear selos para abrir portas secretas e revelar ainda mais segredos espalhados pelo mundo do jogo.

Com isso o Augúrio terá muito mais facilidade para descobrir os responsáveis por colocar o destino do mundo em direção ao apocalipse. Não há vilões ou mocinhos aos olhos do jogador: há apenas evidências e mesmo estas podem ser apenas um fragmento de algo muito maior, por isso esteja sempre preparado para novas revelações com os Omensights, poderosos flashbacks que podem ser mostrados a outras pessoas por Augúrio.

Através da meditação, Augúrio consegue refletir melhor sobre os eventos e acontecimentos.

Para mim, Omensight foi como um sopro de vida em um gênero onde os jogos muitas vezes se mostram como mais do mesmo, e para quem gostou de Stories, Omensight é obrigatório. A história é muito bem trabalhada, os personagens são muito carismáticos e é muito fácil se ver torcendo para um dos lados, mas aí que está uma pegadinha – talvez seja melhor agir com frieza e racionalidade do que deixar apenas os sentimentos agirem. O jogo infelizmente é um pouco curto, mas em compensação é extremamente divertido.

Review – Pepper Grinder

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.28/03/2024
Imagem do review de Everloop

Review – Everloop

Marco AntônioMarco Antônio28/03/2024
Imagem do review de Dicefolk

Review – Dicefolk

Marco AntônioMarco Antônio27/03/2024