Skip to main content

Outriders é aquele tipo de jogo tão genérico que chega a doer. Desde seu lançamento inicial, não teve uma única vez que me interessei por ele, afinal é um título que não oferece nada que eu já não tenha visto em tantos outros jogos. Agora que sua versão final enfim foi lançada, posso afirmar com toda certeza: dessa vez eu queimei minha língua.

Isso não quer dizer que o jogo não seja genérico, longe disso. A real é que Outriders é um exemplo perfeito de que nem todo game precisa ser revolucionário ou profundamente marcante. Ele não tem absolutamente nada que consiga torná-lo um dos melhores lançamentos do ano, mas ainda assim consegue entregar uma experiência surpreendentemente divertida e viciante.

Jornada ao desconhecido

A história gira em torno daquele velho tema de ficção científica: a humanidade acabou com tudo que tinha na Terra e agora precisa encontrar outro planeta para sobreviver. O problema é que quase nenhum planeta é apto para a sobrevivência humana, o que acaba custando bilhões de vidas e uma humanidade à beira da extinção. Agora, nossa última esperança está em um planeta desolado que apresenta características semelhantes as da Terra, mas que esconde perigos que vão além da nossa imaginação.

Maior especialidade da humanidade: construir para destruir.

Apesar de termos a liberdade de criar nosso personagem (mesmo que as opções de customização sejam mínimas), o jogo acerta em tornar ele uma figura importante e participante na trama, não somente um mero boneco sem voz como vemos na maioria dos jogos que também oferecem essa possibilidade. Nosso personagem não só fala como também não perde uma oportunidade de mostrar quem é que manda e isso é muito legal.

Neste jogo somos um Outrider, um dos poucos guerreiros de elite remanescentes da Terra. Logo após chegarmos ao planeta desconhecido, não demora muito para descobrirmos que o lugar é extremamente hostil e o primeiro dia já acaba em tragédia: nosso personagem é infectado por um agente desconhecido e termina congelado em uma cápsula. Mais de 30 anos depois, acordamos em um lugar assolado pela guerra e, como todo bom soldado, tudo que nos resta é lutar para sobreviver mais um dia.

A vantagem é que aquela infecção do começo do jogo nos garantiu poderes e essa é a graça de Outriders. O jogo não foge muito de um shooter em terceira pessoa padrão, lembrando bastante Gears of War (não só na história, mas também no gameplay); porém, nossos poderes temperam bastante o gameplay, resultando em um jogo de tiro muito divertido e desafiador. Após o prólogo temos a possibilidade de selecionar uma classe, essa que definirá quais serão os poderes do nosso personagem, e a partir daí é só partir para a briga.

Aqui, se piscar o olho já leva bala…

Eu escolhi a classe Piromaníaco, pois não tem nada mais legal do que tacar fogo nas coisas. No começo dispomos apenas de uma habilidade, mas conforme subimos de nível vamos liberando novas e o arsenal de super-humano só aumenta. O jogo não é nem um pouco fácil, principalmente se jogado sozinho, então aprender a fazer bom uso dessas habilidades e improvisar no campo de batalha é essencial.

“Loot” para sobreviver

Tudo em Outriders é baseado em repetição e loot. Temos aqui um enredo bem elaborado que consegue ser interessante, por mais clichê que seja. Ainda assim, não importa se for missão principal ou secundária, você sempre fará a mesma coisa em todas elas: sair no tiro com uma legião de inimigos. O jogo inteiro consiste em tiroteio e o que salva é o seu gameplay extremamente dinâmico e gostoso de jogar. Não tem nada de novo aqui, mas alguma coisa te mantém preso no meio daquela ação, te faz querer continuar jogando.

Assim como em Destiny e outros jogos do tipo, vamos equipando nosso personagem conforme jogamos mais. Cada missão te garante equipamentos novos, alguns melhores e outros não. Se você continuar jogando por 200 horas, sempre irá encontrar armas e armaduras mais fortes para usar e isso nos causa aquela falsa sensação de progresso. Por mais baixo que esse sistema de loot seja, sempre funciona… mas é claro que uma hora vai acabar enjoando.

Too much partículas!

O que mantém essa repetição eterna de Outriders andando é o multiplayer online, que nos coloca ao lado de outros jogadores para salvar o planeta. Jogar sozinho também funciona e posso garantir isso, já que joguei quase 20 horas solo e ainda quero mais. Porém, as chances de se enjoar quando jogamos sozinho é duas vezes maior do que com amigos e é por isso que esse multiplayer está aqui para “salvar” o jogo.

O maior problema são os servidores. Desde o lançamento eles estão completamente instáveis e você nunca sabe se vai conseguir logar, já que é um título que precisamos jogar obrigatoriamente conectados. É muito comum ter que esperar mais de dois minutos para se conectar e mesmo assim ser desconectado logo em seguida. Mais chato ainda é quando a partida cai no meio do gameplay, muitas vezes nos custando boa parte do progresso da missão. Até o momento que esta análise está sendo postada, os servidores continuam bem problemáticos, mas a tendência é que isso melhore no futuro.

Momentos antes da desgraça acontecer.

Os gráficos estão incríveis e, no PlayStation 5 e Xbox Series, o desempenho está maravilhoso, rodando a 60fps constantes (inclusive no meio da ação intensa, sem quedas de fps) e com loadings praticamente inexistentes. É a primeira experiência realmente next-gen que tive desde que joguei o remake de Demon’s Souls.

Que fique dado o recado: não julgue Outriders pela capa. Ele pode ser simples, mas é indiscutivelmente muito divertido e vai te render incontáveis horas de tiroteios intensos. Os donos de um Xbox não têm desculpa para não jogar, já que o título saiu no Xbox Game Pass simultaneamente com o lançamento. Assim que o problema com os servidores for corrigido, ele tem tudo para ser um dos melhores “loot shooters” da atualidade e ainda contará com uma base de jogadores muito sólida.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024