Skip to main content

A Segunda Guerra Mundial é um dos conflitos mais utilizados nos videogames. Aparecendo de formas diferentes, seja como um jogo de tiro em primeira pessoa ou em um gênero mais narrativo, não faltam estilos para encaixar suas batalhas. Contudo, poucos títulos tentam trazer a contemplação e a melancolia que Paradise Lost, da desenvolvedora indie PolyAmorous, apresenta.

Em um mundo onde a Segunda Guerra devastou o planeta temos Szymon, um garoto de 12 anos que perdeu sua mãe de forma repentina. Desesperado, ele inicia a busca em um abrigo nazista atrás de respostas sobre quem é a figura misteriosa ao lado de sua mãe numa foto antiga.

Uma Jornada Vazia

Sozinho em meio à desolação, Szymon encontra apoio em Ewa, uma garota que conversa com o protagonista por meio do sistema de segurança do bunker, além de guiá-lo ali dentro.

Paradise Lost é dividido em cinco capítulos e cada um leva o nome de uma das fases do luto. Isso dá a entender que cada uma dessas etapas são relevantes à trama, mas não é bem assim. Durante as três horas de jogo não é apresentado nenhum avanço em nenhum dos dois personagens importantes, deixando uma sensação de que a história nunca avança.

Imagem do jogo Paradise Lost
O abrigo se mostra bem maior do que esperado.

Não existe um esforço em te fazer sentir a perda do personagem ou se importar com sua busca por respostas. Isso se agrava com o péssimo trabalho de dublagem, que tira o impacto dos momentos dramáticos, além do desfecho completamente previsível. As duas escolhas que resultam em finais não muito distintos acabam por enterrar qualquer possibilidade de ligação do jogador com a narrativa e seus personagens.

Na jornada dentro desse abrigo, o jogo te leva pra locais bem diferentes. De uma estação de trem abandonada a um pequeno bairro onde os mais ricos nazistas viviam. Fica bem clara a inspiração dos cenários em Rapture de Bioshock, porém sem a mesma criatividade. Graficamente, o jogo entrega o necessário: não será um experiência deslumbrante, mas vai demorar para o jogo ficar datado neste aspecto.

A atmosfera de desolação, junto da trilha sonora quase ausente, reforçam momentos específicos da trama em que a melancolia reina em sua jornada, sendo o ponto mais alto do jogo. Infelizmente, estas mesmas características não conseguem manter o jogador interessado na exploração.

Imagem do jogo Paradise Lost
Um antigo bairro para o mais alto nível dos nazistas.

Muito problemas técnicos

Em muitos Walking Simulator, os cenários são construídos cuidadosamente para contar uma história e os textos que o jogador encontra pelo caminho servem como um complemento. Não é o que acontece aqui. Os cenários não contam uma história. Não existe um esforço para se construir algo, te contar o que aconteceu em um determinado local, tornando a experiência muitas vezes tediosa.

Os textos até tentam entregar algumas narrativas secundárias, mas constantemente passam a sensação de que foram adicionados somente para se ter alguma coisa nesses cenários vazios.

Além do tédio, Lost Paradise apresenta alguns problemas técnicos que atrapalham a experiência, e a maior parte deles acontecem na hora final do jogo. Primeiro tem os problemas de objetos não aparecendo. Em uma cena onde o jogador encontra um álbum de fotos com a maior revelação da trama, o álbum simplesmente não apareceu e o personagem ficou folheando o ar, transformando um momento impactante em algo hilário.

Alguns cenários se destacam mais do que outros.

O segundo problema, mais grave, é que vários pontos do jogo apresentam falhas na colisão, fazendo com que a física funcione de forma bem estranha. Aconteceu comigo do protagonista sair do chão e não conseguir atravessar nenhuma porta, tornando impossível avançar. Pior que isso é ver o mesmo problema acontecendo nas escadas, obrigando o jogador a reiniciar para tudo voltar a funcionar como deveria.

A localização também não passa ilesa. Diversos textos sequer foram traduzidos e alguns ficaram pela metade com o título em inglês e o resto em português, e vice-versa. Paradise Lost tinha potencial, mas não dá espaço para o jogador se conectar com Szymon e suas motivações. No fim resta o vazio do jogo, mais evidente, com uma história que não tem nada a dizer e uma exploração nada convidativa.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024