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Não é todo dia que vemos um jogo baseado no bom e velho RPG de mesa chegando aos consoles, afinal o nicho que consome esse tipo de conteúdo é, em sua maioria, PC gamer. Pathfinder: Kingmaker foi lançado originalmente em 2018 exclusivamente para PC e chamou atenção na época, prometendo dezenas de horas de conteúdo, uma história profunda e cheia de possibilidades, um mundo bastante imersivo e um sistema de combate bacaninha.

O jogo foi inspirado no RPG de mesa Pathfinder, que no geral não vai muito longe de um “paralelo de D&D”. Apesar de ter muitas falhas e não se destacar tanto quanto outros títulos do gênero, Kingmaker se saiu bem e entregou uma experiência satisfatória… em partes. Agora ele finalmente está chegando aos consoles com todos os DLCs inclusos e trazendo novidades para o sistema de combate.

Jornada do herói

A história de Pathfinder: Kingmaker não tem nada de muito ousado ou inovador, mas no geral traz uma jornada bem legal de se jogar. Você pode criar seu próprio personagem ou controlar algum já definido pelo jogo, com raça, classe e build prontinhas. Jogar com um avatar só seu é sempre mais legal e a customização aqui é bem profunda, ainda que não ofereça tanta variedade.

Além da aparência, você também pode escolher raça, classe, voz, armas preferidas, habilidades e até montar a build do personagem, distribuindo pontos nos atributos que julgar mais adequado. Nesse ponto, é como jogar um RPG de mesa, então começamos bem.

Alguns personagens podem desarmar armadilhas.

Independente de quem você for, o jogo começa na mansão da governante de Restov, Jamandi Aldori, que contratou um punhado de mercenários (você incluso) para se livrar de um bandido local conhecido como Stag Lord, autodeclarado rei de Shrike Hills. Aqui você conhecerá todos os NPCs que podem ou não te acompanhar em sua jornada, cada um com sua própria classe e a personalidade mais caricata possível.

Na mesma noite, a mansão é atacada por um grupo de assassinos e cabe a nós derrotá-los para salvar Aldori. Isso serve como o tutorial do jogo, onde somos apresentados às mecânicas de combate e basicamente já descobrimos como serão as próximas 70 horas de campanha. Ainda que o jogo não tenha nada de novo, esse tutorial é um tanto mal feito e provavelmente você vai acabar aprendendo a jogar na raça, na base da tentativa e erro. Essa galera que faz RPG precisa aprender que o jogo já tem toneladas de diálogos e botar um textão na tela não vai ensinar ninguém a jogar.

No final desse prólogo, o grupo de mercenários é dividido em dois, um liderado por você e outro por Tartuccio, uma criaturinha desprezível que tentou te passar a perna. Os personagens que irão te acompanhar serão definidos de acordo com suas escolhas nesse trecho do jogo, que são definidas através de um sistema de texto – idêntico a um RPG de mesa, no caso.

Em vários momentos teremos escolhas morais ou de liderança que vão moldando o relacionamento da sua party com seu personagem, ou até mesmo algumas características da história. O jogo vai literalmente narrar uma situação para você, como se fosse o Mestre da campanha te dizendo o que está a sua frente, e logo em seguida você deverá escolher o que fazer.

As escolhas têm peso na história, seja em pequena ou larga escala.

Como não temos dados rolando aqui, o sucesso da sua ação será definido de acordo com os atributos do seu personagem, então é importante tomar atitudes coerentes com sua build para não falhar demais e perder a confiança dos seus aliados. A parte legal é que nem sempre o sucesso da sua ação é o único fator que importa aqui; muitas vezes, as intenções valem mais que o resultado final, então se você tentou fazer algo bom, todos os personagens que são “bonzinhos” vão te apoiar, ainda que não dê certo no final.

Nada novo por aqui 

A parte mais falha de Pathfinder: Kingmaker fica por conta das mecânicas. A Definitive Edition inclui um novo modo de combate em turnos, adicionando mais estratégia e até um teor mais tático para as batalhas. Não é nada tão absurdo quanto as mecânicas da série Divinity (a comparação mais próxima que podemos fazer aqui), mas no final até que conseguiu ajudar um pouco.

O problema é que os combates continuam muito chatos. Não importa quantas lutas você jogue, não tem nenhuma particularidade aqui que tenta pelo menos transmitir a sensação de que as coisas são mais dinâmicas. O jogo foi feito totalmente na safe zone, utilizando mecânicas mais que manjadas sem nenhum tipo de inovação para não arriscar demais.

Você pode controlar qualquer personagem, tanto em combate quanto na exploração, ou simplesmente deixar a IA agir por conta própria, o que não é muito recomendado caso esteja jogando nas dificuldades mais altas. O game também não tem muito bom senso e pode jogar lutas absurdamente difíceis quando você estiver totalmente despreparado ou até fraco demais. A sorte é que ele salva automaticamente o tempo inteiro, mas é importante fazer saves manuais para retomar um ponto muito antigo, se necessário.

Faltou tempero no sistema de combate.

A parte de exploração também deixa a desejar. Uma vez que você saiu da mansão de Restov, tem um mapa inteiro para explorar do jeito que quiser, sem nenhum tipo de amarras para bloquear seu caminho. Quem for curioso e tomar cada estrada possível descobrirá vários vilarejos, dungeons e cidades que podem ou não acrescentar algo para a história (ao menos naquele momento), mas que no geral não empolgam muito em continuar explorando.

As dungeons são outro fator que desanima um bocado. Os layouts são muito parecidos e por vezes parece que você está explorando o mesmo lugar, então tudo que você faz é entrar em um corredor cheio de salas paralelas e batalhas chatas a cada esquina.

Quanto a parte visual, os gráficos não são grande coisa, mas também não são ruins, estão legais para a proposta do game. A trilha sonora é ótima e faz jus ao padrão épico de RPGs que estamos acostumados – ouso até dizer que é a única coisa que consegue deixar os combates um pouquinho mais empolgantes.

Pathfinder: Kingmaker é um jogo 100% de nicho. Se você gosta de RPGs densos, onde você mais lê diálogos do que joga, então ele é para você. Se você já é mais fã de um jogo de estratégia, esse aqui pode decepcionar um pouco, pois os combates se tornam monótonos e repetitivos muito rapidamente. É um título com um grande potencial desperdiçado, mas que no final, um fã hardcore de RPG ainda consegue tirar proveito.

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