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Quem nunca passou por essa dúvida cruel que atire a primeira pedra. Este é um tema recorrente, que se repete todo ano com os vários lançamentos de hardware pelo mundo. Já se foi o tempo que computadores e notebooks eram itens de luxo, restando aos jogadores o tradicional mercado de consoles. De fato isso aconteceu por muitos anos, até a chegada da sexta geração (GameCube, PlayStation 2, Xbox). Com a concorrência crescente e o dólar custando menos de 3 reais, tais produtos passaram a ficar mais acessíveis a todos.

Embora eu vá dar algumas dicas, este não será um artigo focado em configuração de PC ou notebook. Meu objetivo é levantar a bola da lógica na hora de gastar seu suado dinheiro. Afinal, não tem coisa pior que investir uma grana preta em um produto e se arrepender depois. Dito isso, os consoles não entram nessa briga: eles vencem em praticidade e custo-benefício. Sempre! Afinal, o negócio foi feito pra ligar, jogar e desligar.

Os consoles só perdem esta briga se você levar em consideração os gráficos. Mesmo com a potência toda do PlayStation 4 Pro e o Xbox One X, nada supera a entrega das placas de vídeo mid e high-end. A curto prazo o investimento em uma GPU é maior, sem sombra de dúvida. Mas a longo prazo você terá games rodando bonitão por uns bons anos. É só parar pra pensar: com uma GPU atual (não necessariamente a mais top do mercado) e pegando aí um game recente com gráficos incríveis, como Metro Exodus, todos os jogos lançados antes dele exigem menos da placa de vídeo. Assassin’s Creed: Odyssey, Shadow of the Tomb Raider, Sekiro: Shadows Die Twice e The Division 2 são alguns exemplos que certamente vão rodar bonito.

PC cabuloso vs notebook boladão

O termo PC Gamer é relativo pra caramba. Uma configuração com i5 de oitava geração, 16gb de memória DDR4 e uma placa gráfica como a 1070 da Nvidia é o suficiente para rodar Resident Evil 2 Remake no talo, por exemplo. Ou seja, o perfil de quem curte jogar no PC ou é casual ou é um entusiasta dos hardwares high-end, que pira no alto desempenho e está a todo momento trocando as peças. Um deles possui entre 3 a 5k pra investir, já o outro é só maluco mesmo. E ambos conseguem se divertir com os mesmos jogos. Afinal, tem muita gente que prefere performance do que ver o game rodando com antisserrilhamento nos 16x e outros efeitos visuais ligados. É legal? Sem sombra de dúvida, mas não crucial.

O que difere o PC do notebook é o preço e as possibilidades. Comprando as peças e montando o PC sozinho costuma sair mais barato do que adquirir uma configuração sugerida em sites especializados. Mas esta opção só vale para aqueles que têm paciência de pesquisar os melhores preços e sabem o que estão fazendo na hora de montar o monstro. Caso contrário, não arrisque e compre montado mesmo. Se teu objetivo é ter uma máquina voltada para partidas online, para usufruir de jogos como Apex Legends, League of Legends, PUBG, CS:GO e Overwatch, não precisará desembolsar mais do que 3k na aquisição se for você mesmo o autor da montagem. Pegando em loja (física ou online, não importa), montado e já configurado com Windows 10 e tal, esse valor sobe um pouco mais.

Jogar futebol no teclado do notebook? Não pode.

Quanto aos notebooks, é aquela configuração mesmo e pronto. Só dá para trocar as memórias e HD ou SSD, no máximo um componente Wi-Fi quando a montagem permite acessá-lo (tem muitos modelos no mercado com alcance limitado de sinal). Upgrade de processador e placa de vídeo ainda não se tornou realidade nos notebooks, isso porque as empresas preferem investir em notebooks mais finos e leves. A Dell está trilhando esse caminho evolutivo com o Alienware Area-51m, lançado este ano e que custa uma fortuna. Existe a chance do projeto não vingar, mas ao menos estão tentando algo novo.

Há muitos empecilhos técnicos como o formato proprietário do notebook, crucial para permitir que a placa gráfica seja substituída por outra encaixando perfeitamente. Um problema que não existe no PC desktop: os gabinetes mid e high tower estão aí pra resolver a questão do tamanho das peças (e consequentemente ocupar mais espaço no seu cantinho). Pode enfiar vários HDs, botar um SSD do tipo M.2 na placa mãe, acoplar uns tubos de resfriamento com água (water cooler), umas ventoinhas com LED e já era.

No comparativo, o notebook seria um robô bonito que sai da fábrica repleto de funções, com acabamento refinado, enquanto o PC desktop é um verdadeiro robô de guerra cheio das parafernálias volumosas, que só falta botar umas rodinhas e empurrar pro ringue das batalhas robóticas. Tipo Wall-E vs Fulgore, para ilustrar melhor. Já sabe quem apanha, né?

Tem entusiasta que abusa, só pra humilhar geral na Campus Party.

A diferença com os periféricos

Não podemos esquecer dos periféricos. Dá pra usar tudo no notebook, claro, mas quem aqui curte jogar com um teclado mecânico conectado nele? Notebook é pra ser prático, compacto, portátil. Pra enfiar na mochila, retirar num movimento ninja, abrir a tela e sair usando. Teclados mecânicos geralmente ocupam um belo espaço na mesa. Por isso recomendo somente para desktop. A tecla baixa, geralmente do tipo “chiclet”, é uma delícia de apertar e não faz barulho, mas o input lag (tempo de resposta ao apertar uma tecla) nos games aumenta consideravelmente. Neste quesito, os modelos do tipo mecânico ganham de lavada. E há muitas opções de teclas, como as Cherry MX categorizadas por cores, sendo a laranja (exclusiva da Razer) a mais silenciosa do mercado.

Mouse é mouse, não tem segredo. Aqui o gosto reina absoluto, pois cada jogador possui um tamanho de mão e pegada. Seja a sua mão pequena ou grande, há várias opções de ergonomia para garantir conforto na hora de jogar. O ideal é testar as opções em uma loja física, para ter certeza da melhor escolha. E não se preocupe tanto com botões extras na lateral e DPI. Atalhos no teclado geralmente funcionam melhor do que no mouse e a questão do DPI, no caso de pegar um mouse travado em uma sensibilidade única, dá para contornar com setup de software e opções no jogo.

Com relação aos headsets, este é um periférico que demorei para achar o ideal. Compensa ir em uma loja ou evento como a Brasil Game Show, botar o headset na cabeça e ficar um tempo com ele para sentir a acústica, se ele aperta as orelhas (mesmo ajustando as hastes) e se o microfone presta. Eu já tive vários e o que mais me incomodava era a questão da espuma e o cabo. Hoje em dia tem vários produtos com “memory foam”, igual aqueles travesseiros da Nasa, cujo a espuma se ajusta ao formato das suas orelhas. Quanto ao cabo, tive muita dor de cabeça com estes cujo o controle de volume vem no formato tradicional de rodinha, sempre dando mal contato. De preferência, fuja destes! Procure as opções com controles no próprio headset ou em uma interface à parte, como o excelente Mixamp Pro da Astro.

Não precisa brilhar no escuro, mas concorda que é legal né?

Já o monitor realmente faz diferença para quem busca refresh rate alto (120, 144 ou 240 Hz) e um campo de visão maior nos jogos (possível com telas ultrawide, 3K e 4K). Nos jogos competitivos online, ainda mais se tratando de eSports, esta é uma preocupação real. Pode parecer frescura, mas faz toda a diferença para o reflexo dos jogadores. De novo, a questão do jogador casual vs entusiasta (ou pro player). Infelizmente, estas características em um notebook gamer elevam demais o preço do produto. E tem uma coisa que sempre detestei: não dá pra ligar console via cabo HDMI para usar a tela do notebook como TV. Pelo menos, dá pra conectá-lo na TV e aproveitar a resolução em uma tela maior.

Agora, eis um detalhe técnico que não tem como evitar: o aquecimento. No PC desktop é importante ter um bom gabinete (independente do tamanho), com várias ventoinhas e um water cooler para cuidar exclusivamente do calor do processador. Problema resolvido, certo? Bem, nem tanto. Em cidades muitos quentes, é preciso ter um cuidado extra com o monitoramento do calor do seu gabinete. Deixá-lo em ambiente arejado, com um ventilador por perto ou ar-condicionado. Afinal, todos os outros componentes também esquentam, uns mais que outros.

Nos notebooks, mesmo com saídas de ar planejadas e ventoinhas potentes e personalizadas para cada modelo, o calor é mais concentrado e pode facilmente fritar seus ovos caso esteja jogando com ele apoiado no colo. Quem nunca, não é mesmo? E o aquecimento geralmente se espalha pelo teclado e até mesmo pela tela. Não vai explodir ou danificar alguma coisa se você não bloquear as saídas de ar, colocando no tapete por exemplo, mas o calor é um incômodo comum que não será sanado tão cedo pelos cientistas da tecnologia. Os estudos com resfriamento continuam, mas ainda tem muito chão pela frente…

É cadeira de F1 que chama?

Conclusão

PC desktop dura mais, ad infinitum, se o dono se ligar nos upgrades quando necessário. O notebook dura menos, justamente pela questão da configuração datar mais rápido, não te dando outra escolha a não ser vender e comprar outro. Esta questão fica ainda mais crítica quando o notebook passa a ter problema com a bateria, caso mais do que comum após 3 anos de uso contínuo. Se precisar de reparo em assistência técnica, a conta também sai mais cara, pois a peças não são tão fáceis de achar. Porém, não dá pra negar o charme de um produto sem fios aparente, bonitão, pra levar junto aonde for e conectar aquele controle esperto pra jogar uns games.

Eu já tive três notebooks gamer, sendo o último um Dell Inspiron Gaming Edition com dois SSDs. Joguei horrores neles, mas em um dado momento eles não aguentaram os lançamentos. Reduzir a qualidade gráfica não é o fim do mundo, mas ver o desempenho caindo drasticamente nos frames por segundo é de desanimar qualquer um. Então, se é pra gastar consciente, pensando no custo-benefício, dê preferência à um PC Gamer e seja feliz.

Pra fechar, uma lista com 10 “nãos” pra você:

1) Não se iluda achando que processador i9 compensa mais que i7;
2) Não faz tanta diferença ter mais que 16GB de memória;
3) Não deixe de comprar um water cooler, tem vários baratinhos;
4) Não pegue monitor curvado. É legal no começo, mas depois o arrependimento vem forte;
5) Não use SSD para instalar jogos. Deixe para o sistema operacional e programas;
6) Não pague mais caro em produtos que tem como diferencial a iluminação LED;
7) Não ignore a importância da fonte. Pegue uma com 500W ou mais;
8) Não compre mouse pad grande se não for jogar com sensibilidade baixa;
9) Não compre cadeira gamer só porque ela é da hora. Teste antes e procure por promoções;
10) Não vá achar que sou expert no assunto. Sou apenas um PC Gamer querendo ajudar outro a economizar.

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