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Muito antes do Magbot, jogos de plataforma estão entre nós desde os primórdios dos videogames. Há quem diga que Pitfall, que ficou super conhecido no Atari 2600 lá na primeira metade da década de 1980, é o pai do gênero. A técnica de “side scrolling”, em que a tela vai passando para os lados (geralmente direita) conforme você avança, também ficou popular com Pitfall. Poderíamos citar aqui diversos jogos que ajudaram a popularizar ainda mais o gênero, mas Sonic e Mario são os maiores destaques.

De lá pra cá, milhares de títulos nesse estilo, pulando e indo para os lados, apareceram. Hoje em dia, é um dos gêneros favoritos dos produtores indies, já que é mais “simples” e barato para produzir. Sabendo desse cenário, conheçam Super Magbot, produzido pela Astral Pixel e distribuído pela Team 17, que é um jogo de plataforma em que não é possível pular. Sim, um jogo em que o foco é pular, mas você é incapaz de fazê-lo. Se você estiver se perguntando como avançar no jogo, eu já explico.

Magbot, o simpático guardião da galáxia

O foco do jogo é o desafio em plataformas. Então a história é bem simples. Um asteróide gigante vem destruindo os planetas que estão em seu caminho e você, o Magbot, tem a tarefa de impedi-lo. São quatro planetas e você tem que salvar cada um, ou tentar, já que eles são destruídos mesmo assim. Não se preocupe que não é spoiler, já que isso é mostrado no começo para dar introdução ao jogo.

Esse asteróide lembra a lua do Zelda Majora’s Mask, também causaria pesadelos.

Em cada um desses planetas, você precisa coletar fragmentos planetários para impedir o vilão. Ao entrar em cada planeta, você terá uma introdução com os nativos e então a primeira fase começa. O jogo está localizado em PT-BR e os diálogos estão muito bem traduzidos, com direito até a expressões nossas.

O Magbot é o herói simpático. Sempre que ele chega em um planeta e se depara com a dificuldade dos habitantes, ele já está pronto para ajudar. O protagonista não fala, então os NPCs respondem por ele, repetindo o que ele estaria falando. O engraçado é a linguagem corporal dele, fazendo pose, dando “jóinha”, tudo em seus sprites pixelados, mas com charme.

Cores, imãs e muita precisão

Diferente da minha descrição do gênero de plataforma no início, em que a grande maioria acaba sendo um “side scrolling” também, em Super Magbot é um pouco diferente. Ao iniciar uma fase, já vai ser possível visualizá-la inteira. Isso faz com que você já trace um plano para avançar pelos obstáculos, o que facilita um pouco, mas nem de longe diminui a grande dificuldade que o jogo tem.

O modo fácil adiciona um chekpoint no meio da tela.

As fases são do tipo saia do ponto “A” e vá até o ponto “B”, com diversos obstáculos no caminho. Como mencionei no começo desse review, o Magbot não pula, e o ponto “B” só é alcançável pulando. Se você perceber nas imagens e no trailer, vai ver que ele tem uma espécie de sabre de luz. Esse sabre é o responsável por fazer o herói-robô chegar em pontos altos.

Num primeiro olhar, é possível perceber plataformas vermelhas e azuis. São elas que vão impulsionar o Magbot, mas não é tão simples assim. Aqui vou tentar detalhar o gameplay para você, leitor, tentar entender como funciona. Cada clique do mouse (ou gatilhos do controle) controla uma cor. As cores iguais irão causar a repulsão (lançar o Magbot) e cores inversas vão causar atração (puxar o protagonista). É basicamente como funciona um imã.

É assim que nosso herói chega nos planetas quadrados.

Isso dito, agora você sabe como funciona o jogo inteiro… Só que não! São 8 tipos de plataformas magnéticas diferentes. Algumas são para empurrar, outras para puxar, as bolhas você entra e tem três segundos para sair dela antes de estourar. Enfim, são 8 formas diferentes de morrer. Sem brincadeira, a cada novo encontro com uma plataforma diferente pela primeira vez, você vai passar por momentos bem desafiadores até entender como funciona aquele novo momento.

Onde o filho chora e a mãe não vê

O que mais vai acontecer durante as tentativas de chegar do ponto “A” ao “B” é confundir as cores, principalmente quando você precisa usar a cor inversa à plataforma. O problema não é só inverter as cores, mas também posicionar o sabre para o lado certo quando você está dentro das bolhas, por exemplo. Um detalhe: você só tem direito ao uso das cores por duas vezes seguidas, precisando esperar por um “recarregamento” até poder usá-las novamente.

O habitantes do fogo não acreditaram que Magbot poderia salvá-los.

Quanto mais avançamos nas fases, mais elementos que irão dificultar sua vida são adicionados. Tiros pela tela, serras giratória, gelo escorregadio, fogo e objetos pontiagudos são algumas das coisas que vão aparecendo com o passar das fases. Alguns estágios, inclusive, não vão ter um espaço para você pisar, parar, respirar e pensar seu próximo passo. Lá na frente, a partir do terceiro mundo, a ideia de ir de uma ponta a outra da fase deixa de existir, já que você precisará ir até a outra ponta, pegar a chave da porta, voltar para abri-la e terminar a fase. Isso torna as coisas ainda mais difíceis.

Tá difícil? Espera um pouco. Eu ainda não falei dos chefes. Cada mundo tem o seu e esses momentos são os únicos que você corre e a tela anda. Não é possível enfrentar de fato eles, você tem que fugir e chegar no final. As “batalhas” com eles acontecem de forma bem criativa. Porém preciso ser sincero aqui sobre os chefes: esperava mais dificuldade, tamanha era o empenho em passar alguns estágios. Os chefes me tomavam menos tempo do que passar uma simples fase.

Não parece, mas é bem difícil chegar do outro lado.

Ah! Cada mundo tem cerca de 30 fases. E o segundo “Ah!” é que, ao finalizar um mundo, o asteroide passa, destrói o planeta, e você pode voltar nele quebrado. São menos fases, mas incrivelmente desafiadoras. Como foquei em terminar os mundos principais, quando tentei as fases quebradas, simplesmente não fui muito longe nesses desafios. Pelo menos não agora, mas certamente o farei num futuro. O nível de complexidade dessas fases é algo a ser admirado.

É bastante difícil descrever como o jogo funciona, principalmente o uso do sabre, as cores, as diferentes plataformas. Realmente é uma experiência diferente. Até agora, de tudo que relatei, pode não parecer, mas o jogo é realmente único. Já joguei incontáveis jogos de plataforma, mas nunca tinha visto uma proposta tão original como essa.

Esse é um exemplo de fase sem chão para pisar.

Super Magbot é extremamente desafiador. A princípio parece uma proposta simples, mas à medida em que você conhece o jogo, morre “zilhões” de vezes e entende como funciona as mecânicas, a frustração da dificuldade se torna o “gás” para seguir em frente. Bom, pelo menos para mim. A criatividade e o empenho em fazer mais de 100 fases diferentes e desafiadoras impressiona.

Duas reclamações que tenho, que vão impedir o jogo de chegar a pontuação máxima, é o nível de dificuldade dos chefes (poderiam ser mais desafiadores) e falta de resposta de milissegundos do controle quando precisamos em alguns momentos. Algumas mortes foram causadas por isso. Sobre controle, se você jogar no PC, use o mouse. É muito mais preciso que os analógicos do controle. O jogo conta com um modo fácil que, na minha opinião, não muda muito. Apenas “Git Gud”.

Fica aí com o “jóinha” pixelado do Magbot.

Gosta de jogos de plataforma e ama encarar um desafio? Super Magbot é o seu jogo, definitivamente! Não se engane pelo visual fofinho em pixel art, já que ele vai fazer veteranos de metroidvanias e sous-like (como eu) chorar.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024