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Pine é um jogo de ação e aventura de mundo aberto desenvolvido pela Twirlbound e lançado para PC e Nintendo Switch. Este título remete principalmente a The Legend of Zelda: Breath of the Wild, e infelizmente é impossível não comparar os dois títulos, tanto em gameplay, quanto em certas mecânicas.

Uma ilha dividida

Em Pine encarnamos Tuhy, um jovem que pertence ao povoado humano que vive pacificamente em cima de um penhasco temendo pela invasão de outras tribos que vivem em guerra por território. Seu irmão mais velho, Amam, gosta de explorar e imaginar como seria a vida no resto do mundo abaixo daquele penhasco. Ele está cansado de viver apenas ali como um prisioneiro do medo de seu povo.

Certo dia há um grande tremor de terra que abala as estruturas do penhasco e acaba destruindo parte da aldeia. Nesse momento, quando uma grande árvore está prestes a tombar sobre Tuhy, Amam o empurra, salvando sua vida. O irmão mais velho não sobrevive ao ocorrido, então Tuhy decide que é hora de procurar novas terras para seu povo, um local mais seguro para morarem. E assim se inicia a jornada deste jovem pelo mundo.

Imagem do jogo Pine
A ‘florzinha’ que irá trazer a paz à sua nação.

O local habitado por Tuhy e a tribo de humanos é uma grande ilha, conhecida como Albamar, que também é habitada por inúmeras espécies, além de outras tribos mais avançadas. Seu objetivo inicialmente é desenvolver relações amigáveis com estas outras aldeias lhes oferecendo doações de alimentos e recursos que encontra pelo caminho.

Com isso, Tuhy ganha acesso a seus povoados e pode explorá-los para descobrir mais sobre suas culturas e formas de vida. Ao fortalecer estes laços de amizade, será possível pedir favores e ajuda a estas tribos aliadas. Nosso objetivo por fim é unir todos em harmonia para que possam viver pacificamente nesta ilha.

Há três níveis de afinidade possíveis entre as tribos: aliado, onde os povos se ajudam, neutro, onde não haverá nenhum tipo de conflito entre eles e por fim hostil, onde ao se encontrarem irão se enfrentar até a morte. A busca por um convívio amigável será difícil, principalmente por existirem 5 tribos no total, sendo algumas mais hostis e outras mais pacíficas. Será necessário realizar muitas oferendas e coletar muitos itens pelo caminho para tal.

Imagem do jogo Pine
O mamute que não conseguiu voar.

Um ponto fraco é a variedade de interações com as tribos. Basicamente todas elas se comportam e possuem exatamente as mesmas falas ao interagir com seu povo. como se todas tivessem a mesma programação, somente alterando suas skins. Em compensação, quando em combate, cada uma possui sua maneira única de lutar.

Os cenários em Pine possuem ambientes bastante variados, passando por florestas, regiões cobertas de neve, montanhas, pântanos, desertos, praias, cânions, planícies e etc.. Cada bioma conta com sua própria fauna e tribo dominante, além da flora única para coleta e criação de novos objetos e equipamentos.

Porém a exploração é lenta, o que agrava as coisas já que passamos boa parte do tempo explorando a ilha a pé. Existe a possibilidade de fazer um fast travel entre certos locais chave no mapa, porém para tal é necessário criar um “kit de viagem”, o que consequentemente demanda recursos e nem sempre vale a pena.

Imagem do jogo Pine
Um mundo para explorar – a pé.

O que agrava ainda mais esse ponto é o fato do personagem ter uma stamina de corrida, assim ele se cansa ao correr por longas distâncias, o que nos obriga a ter de ir andando diversas vezes, ou comer algo que recarregue sua energia para assim ter mais fôlego para voltar a correr.

A navegação em Pine também é um tanto confusa, muito devido à forma como ela funciona. O acesso ao mapa é em tempo real com o personagem segurando o objeto e inclusive podendo andar – mesmo que lentamente. Até aí tudo bem, porém não há uma maneira de acessar o mapa com o jogo em pausa ou ver ele com mais detalhe – é possível ser atacado enquanto se está visualizando ele.

Outro detalhe é a bússola que fica no canto superior direito da tela. Este objeto não somente indica os pontos cardeais, como também é um tipo de contador de tempo, mostrando os ciclos de dia e noite (como um relógio, mas sem as horas). O problema é que é confuso navegar utilizando esse sistema, sendo bem mais simples utilizar o mapa da maneira tradicional.

Imagem do jogo Pine
Visualmente bonito, mas nem tão funcional.

Na versão de Switch, os modelos dos personagens e de elementos do cenário em geral passam a sensação de ainda não estarem plenamente acabados, como se faltasse polimento. E por mais que o Switch não seja tão potente quanto um PC de alta performance, ainda assim temos muitos exemplos de jogos com gráficos muito surpreendentes – principalmente os títulos first party – o que não justifica essa qualidade presente em Pine.

Quanto à trilha sonora, ela é até agradável, com tons sutis que se alteram em determinadas situações ou locais específicos. Ela combina bem com os ambientes, criando uma atmosfera agradável durante o gameplay.

Progredindo ou regredindo?

O sistema de progressão de Pine é relativamente arrastado, tedioso e ambíguo. Em diversos momentos senti enfado por ter que realizar algumas ações, e parecia que o jogo queria me enrolar para agregar mais tempo de gameplay. Tive essa sensação com mais frequência no decorrer das missões principais, já que muitas vezes não consegui progredir na história porque haviam exigências para tal. Também demoramos para aprender habilidades que seriam muito úteis desde o início, como por exemplo ter acesso a uma montaria.

Imagem do jogo Pine
Às vezes o texto dos objetivos se encavalam com o HUD.

Durante a trama é necessário negociar com todas as tribos a fim de conseguir mais informações e conhecimentos, porém a única maneira de fazer isso é sendo aliado delas, e elas não irão nos atender caso não estejamos no melhor nível de afinidade. Para isso será necessário fazer muitas oferendas, ou seja, passar boa parte do gameplay caçando diversos recursos pelo cenário.

O maior problema disso é que sempre que melhoramos o vínculo com alguma tribo específica, a relação com uma tribo rival piora. O que tem lógica, mas torna difícil encontrar um equilíbrio e nos obriga a sempre ficar agradando uma tribo ou outra para avançar na história, assim tornando o progresso enfadonho e desinteressante.

Também é preciso manter boas relações com as tribos para negociar itens. Há a possibilidade de levar itens as tribos e ao invés de simplesmente depositar como forma de ‘oferta de paz’, podemos trocar por itens que precisamos. É um sistema interessante e útil, porém é necessário doar muitos itens antes de chegar a esse ponto de afinidade.

Imagem do jogo Pine
Pixel art de qualidade.

Outra questão é o tamanho do inventário, devido à demanda das tribos por itens diversificados, nosso inventário sempre fica cheio, pois o espaço é dividido entre alimentos, materiais e alguns itens de uso, como poções e projetos. Dessa forma tornando complicado o gerenciamento de tantos itens, já que sempre falta espaço para algo, obrigando a se desfazer de algum pertence pelo caminho, e às vezes algum item que pouco tempo depois será necessário, mas que até então não sabíamos.

A única maneira de aumentar o tamanho do inventário é coletando orbes que estão espalhados pela ilha e levando-os ao NPC responsável por criar algumas invenções. Ou seja, até encontrarmos a quantidade de orbes necessária, ficamos reféns de um inventário bastante limitado. A dica que eu deixo é: faça isso antes de começar de fato a avançar na história, isso irá te poupar muito tempo – utilize um mapa guia se precisar.

Imagem do jogo Pine
Use a luneta para enxergar o que os olhos não veem.

Falando em inventário, Pine também conta com um sistema de crafting, no qual podemos criar além de ferramentas, peças de armadura, armas mais poderosas e iguarias envenenadas, armadilhas também. Mas para fazer isso é necessário obter as ‘ideias’ – ou projetos -, que nos são oferecidas pelas tribos e NPCs de confiança ao longo da campanha.

Também podemos encontrar projetos escondidos dentro de baús em locais secretos do mapa. Para abri-los será necessário possuir chaves especiais que só podem ser criadas a partir de um item bem específico e que possui apenas essa finalidade. Esse material é até bem simples de se localizar, já que há insetos luminosos voando ao seu redor e seu brilho pode ser avistado de longe – especialmente a noite. Isto é, não basta encontrar os baús, é necessário procurar por esse material para criar as chaves também.

Em determinados momentos ao longo das missões principais, precisaremos acessar locais como torres, cavernas ou construções antigas, nas quais teremos de solucionar diversos puzzles com a finalidade de encontrar algum item de interesse ou artefato importante. Esses momentos remetem muito às shrines de Breath of the Wild.

Imagem do jogo Pine
Acessar estes locais irá render boas recompensas.

O sistema de combate é lento e muitas vezes não conseguimos realizar as ações com agilidade, assim sofrendo dano ou errando ataques. Isso é influenciado pela energia do personagem, que fica exausto depois de realizar ações subsequentes. Porém ela tem curta duração por natureza e se desgasta rapidamente até mesmo durante a exploração, agora imagine entre os combates.

A câmera também é problemática, principalmente nas seções de plataforma e durante combates em ambientes fechados ou estreitos. Ela não se posiciona automaticamente para ajudar na visualização nesses momentos e por vezes entra dentro de paredes ou atrás de algum objeto, sendo bastante conflituosa.

O frame-rate é instável em áreas com muitos elementos vivos. Mesmo em algumas cutscenes, percebi a queda de fluidez dos quadros. Até ao acessar o menu de pausa as informações não aparecem prontamente. Depois de ver jogos como Breath of the Wild rodarem de maneira tão surpreendente no híbrido da Nintendo, é difícil deixar detalhes como esse passarem, principalmente em jogos tecnicamente mais simples.

Imagem do jogo Pine
Sempre à espreita – pelas quedas de frame rate.

Bugs, bugs everywhere

Os loadings são extremamente longos, beirando o impraticável para os padrões atuais, comprometendo muito a fluidez. Todas as vezes que precisar carregar o jogo, seja ao iniciar uma partida ou quando o personagem morrer, precisará passar por esse loading extenso, que chega aos 2 minutos e meio de duração.

Mesmo com todo esse processamento antes de entrar no gameplay, por vezes há um gargalo no carregamento do cenário, principalmente quando estamos correndo por ele, e não foram poucas vezes que vi elementos brotarem em minha frente do nada – por mais de uma vez o personagem ficou preso dentro de um rochedo que apareceu repentinamente. De fato, o desempenho de Pine na versão de Switch é problemática.

Imagem do jogo Pine
Seu maior inimigo, o carregamento do cenário.

Para além disso, Pine conta com alguns bugs, sendo um dos mais críticos que presenciei o desaparecimento de aldeias inteiras. A localização consta no mapa, e ao chegar ao local, consigo visualizar a aldeia à distância, porém ao chegar próximo, ela simplesmente desaparece como uma passe de mágica, sem deixar vestígios. E ao me distanciar ela reaparece diante dos meus olhos – parece loucura, eu sei.

Outro bug foi durante a campanha principal, após ver uma cutscene onde um NPC me pede para realizar uma ação e então me fornece um projeto para criar um item específico. Em seguida, dois indicadores no mapa me mostravam onde ir, porém ao checar o inventário não havia plano nenhum ligado a essa missão – mesmo checando-o com atenção.

Assim segui até os pontos demarcados no mapa pensando que alguma ação precisaria ser realizada por lá antes. Pelo contrário, não havia nada para ser feito por lá, nenhuma interação possível. Passei quase uma hora explorando o mapa para tentar entender o que era para ser feito. Até que acabei morrendo e, ao retornar, eis que o bendito item havia aparecido no inventário, prontinho para ser criado – frustração define.

Imagem do jogo Pine
Tão maneiro que até flutua.

Mais um momento foi quando um NPC havia me pedido para levar determinados itens que encontrasse pelo caminho. Porém naquele primeiro contato eu já havia coletado alguns deles, mas somente após coletar o seguinte após esta interação, o jogo me informou que eu poderia entregá-los para ele – mesmo eu sabendo o que era para ser feito. É como se o jogo não tivesse entendido que eu possuía os itens, antes dele me informar da existência dessa possibilidade.

O fim da linha

Chegou um ponto da história que eu não consegui mais avançar, pois a missão exige adentrar uma caverna para encontrar um item chave para a trama. Porém ao tentar fazer isso, o jogo entra em uma tela de loading eterna e não passa disso. Até o momento de publicação desta análise, nenhuma correção foi lançada para este problema. Ou seja, a versão de Pine para Switch simplesmente não pode ser terminada – pelo menos no que diz respeito à história.

Imagem do jogo Pine
Acabar com os bugs deste mundo é seu objetivo.

Pine é um daqueles jogos com boas ideias, mas infelizmente com uma péssima execução. A sensação que tive é de estar jogando uma versão alpha. Apesar dele ter sido adiado por meses e ter recebido algumas atualizações desde o lançamento, ainda conta com inúmeros bugs críticos que o tornam injogável no Switch. Se mesmo assim o jogo despertou seu interesse por alguma razão, sugiro pesquisar pela versão de PC.

Review – Pepper Grinder

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