Skip to main content

Pense rápido, o que você sabe sobre o feudalismo? Para nós, habitantes da América do Sul, o cenário de cavaleiros honrados e reis poderosos é algo que não fez parte da nossa realidade. Os principais elementos desse período funcionam apenas como combustível para a imaginação dos povos que não estavam inseridos nesse contexto. Plebby Quest: The Crusades é um jogo que, como o próprio título já diz, retrata um dos eventos mais marcantes desse período: as cruzadas católicas.

A proposta é semelhante à franquia Crusader Kings, mas possui um grau de profundidade muito menor. Esse fator, por mais que pareça jogar contra o título, é algo que torna o jogo mais acessível, diminuindo consideravelmente o seu grau de dificuldade. Se por um lado a complexidade é bem baixa, por outro lado isso possibilita que esse período seja retratado de uma forma mais leve e, como observado logo de início, bem caricata.

Who wants to be king?

Logo de início é possível escolher entre dois modos: o cenário e o livre. Para marujos de primeira viagem, é recomendável começar pelo modo cenário, onde a única campanha disponível no momento funciona como um tutorial. Ao entrar no jogo e ter o meu primeiro contato, senti uma sensação de nostalgia como se estivesse jogando Winning Eleven 4 no PlayStation. Mas o que teria um jogo de estratégia a ver com um jogo de futebol para dar essa sensação? Esse questionamento ficou em minha cabeça boa parte do jogo.

Quem disse que é fácil ser um sultão?

O primeiro cenário, além de funcionar como tutorial, já coloca o jogador para usar todas as suas habilidades de gerenciamento. Encarnando o filho do sultão de Rum, você será um jovem que retornou ao seu reino de origem para seguir a sua trilha como herdeiro oficial do Sultanato de Rum. Como todo jovem rebelde, ser ensinado para lidar com os desafios de se gerenciar um reino islâmico será uma tarefa árdua, e é justamente por isso que esse cenário foi escolhido para ensinar as mecânicas básicas ao jogador.

Por conta da sua inexperiência, conforme seu conselheiro for te ensinando as tarefas básicas do reino, mais responsabilidades serão colocadas em seus ombros, aumentando o leque de mecânicas disponíveis. Esse é, sem sombra de dúvidas, um dos tutoriais mais legais que eu já joguei, adicionando aprendizado com uma progressão de história e personagem excelentes.

Plebby Quest: The Crusades apresenta a sua verdadeira forma quando você assume total responsabilidade do reino e todas os elementos são apresentados. Jogado no mundo para se virar, será seu dever honrar seu pai e dominar toda a península anatoliana, protegendo seu povo de todos os impérios que te rodeiam.

Você tem o que é necessário para se manter vivo?

Tecnologias, diplomacia, exércitos mais fortes e até mesmo a religião, tudo isso poderá ser usado a seu favor nesse ambiente, constituindo as mecânicas principais do jogo. Claro que todo bom jogo de estratégia possui um fator de gerenciamento, e Plebby Quest: The Crusades não é diferente. Para conseguir realizar certas ações, será necessário gerenciar alguns recursos chaves que são destacados na parte superior da tela.

Deus Vult!

Certo, mas como o jogo segue após o tutorial? Por mais que seja bem simples para um jogo de estratégia, há um bom valor de desafio por aqui. Conquistar seus vizinhos dependerá bastante do nível de suas tropas que, por sua vez, dependerão do seu gerenciamento de recursos para atingir níveis mais altos.

Cada reino contará com um número de generais, onde será possível realizar apenas uma ação com eles por turno. As ações disponíveis se resumem em visitas ao templo (mudando o tipo de templo conforme a religião, mas as ações continuam as mesmas), à taverna e missões de patrulha ou de combate. Cada ação será preciosa, então escolha bem o que deseja fazer com cada general.

Empilhar livros no templo garantirá pontos de pesquisa.

Caso continue com a campanha do Sultanato de Rum e queira completar o objetivo de dominar a Anatólia, o jogador deverá estar atento às oportunidades, aumentando o nível das suas tropas sempre que possível. Quando achar que está forte o suficiente, ou quando a diplomacia falhar, você pode tentar a sua sorte atacando alguma cidade inimiga. Contudo, esteja avisado que essas cidades possuem fortificações que complicam a sua vida.

Viva pela espada, morra pela espada

Não há como conquistar territórios sem apelar à guerra. Caso queira satisfazer suas ambições e expandir ao máximo, uma hora o outra você devera engajar em conflitos contra seus vizinhos. A mecânica de batalha funciona de uma maneira simples, mas bem desafiadora caso esteja enfrentando exércitos bem preparados.

As batalhas possuem um valor estratégico interessante, mas não é possível ganhar batalhas contra inimigos muito mais poderosos.

Colocando todas as suas unidades no campo de batalha, você poderá apenas dar ordens às mesmas. Tenha em mente que, até você desbloquear as tecnologias necessárias, só será possível ordenar o recuo e o avanço dos seus soldados, aumentando o número de ações disponíveis no decorrer das suas pesquisas. Todas as ações são realizadas através do seu pombo correio, levando um pequeno intervalo de tempo até que as ordens cheguem aos seus comandados.

Plebby Quest: The Crusades conta com três tipos de unidades de combate: a infantaria, os arqueiros e a cavalaria. Cada uma dessas unidades têm peculiaridades e variações conforme a sua região de origem, mas funcionam de maneira similar. A cavalaria, por exemplo, pode realizar investidas poderosas contra os inimigos, cabendo a você ou ao seu general escolher o momento certo para ir de encontro ao mesmo.

As batalhas parecem (e são) bem simples, mas saber alternar entre as unidades e saber a hora de recuar é de extrema importância (sim, você precisará recuar em muitos momentos). Dependendo do contexto, o cenário desses embates irá se transformar, adicionando um elemento extra de dificuldade. Batalhas de campo aberto, por exemplo, contam apenas com dois exércitos se enfrentando, enquanto batalhas por cidades possuem, além do exército rival, cercas para atrasar a sua vida.

Nessa tela, os pontos referentes à pesquisa podem ser utilizados para desbloquear melhorias e elementos extras.

Caso um ataque seja bem sucedido, a cidade será tomada sem maiores problemas. Contudo, falhar um ataque a uma cidade fará com que revoltas ocorram na mesma, dando uma dor de cabeça extra para o governante que a possui. Deve-se notar também que, caso o jogador tenha destruído a cerca que protege a cidade em sua primeira investida, ele poderá retornar para atacá-la no próximo turno e tomá-la sem nenhuma resistência, assim facilitando seu trabalho e poupando suas tropas.

Diversão e acessibilidade sem perder o desafio

O grande ponto forte de Plebby Quest: The Crusades é conseguir criar um jogo de estratégia acessível para pessoas que não querem muita complexidade ou que acham que jogos de estratégia são difíceis. Trata-se de um jogo muito simpático e charmoso, que coloca a estratégia e a história lado a lado em uma narrativa bem estruturada e divertida.

A maneira com que os personagens históricos são tratados, oferecendo uma visão bem divertida dos acontecimentos da época, é um dos fatores que mais destaco por aqui. Não é raro encontrar referências e piadas modernas inseridas no contexto medieval, mas tudo isso feito com muito cuidado para não se tornar muito exagerado.

Vocês se lembram do que eu disse no começo sobre esse jogo me dar um ar estranho de nostalgia? Após uma pesquisa, descobri que a empresa por trás desse jogo é coreana, então muitas das escolhas por trás do design do jogo têm influência asiática, ativando meu lado nostálgico.

Eu entendi a referência!

O modo livre permite que o jogador escolha certas nações medievais, mas não oferece tanto em termos de história. As mecânicas são as mesmas, mas não há um objetivo definido. É uma abordagem semelhante à de títulos “grand strategy”, porém sem o mesmo grau de profundidade de franquias como Crusader Kings ou Europa Universalis. Após algumas horas, esse modo se torna repetitivo e enfadonho.

Plebby Quest: The Crusades é um jogo que oferece uma visão diferente do que se está acostumado dentro gênero de estratégia. Somando elemento de RPG, gerenciamento e estratégia, esse é um jogo extremamente divertido e, por vezes, bem desafiador. O modo cenário é o grande carro-chefe do jogo, pois ele contém todos os elementos do modo livre com uma história de fundo bem interessante sobre os reinos medievais. É um jogo indispensável para os fãs de estratégia, garantido horas de diversão com os diversos cenários e, caso o jogador queira mais, oferecendo um modo livre para se fazer o que bem entender.

Review – Fallout: 1ª Temporada

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.15/04/2024
Harold Halibut

Review – Harold Halibut

Carlos AquinoCarlos Aquino15/04/2024