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No finalzinho dos anos 90, a SNK lançou o Neo Geo Pocket Color para tentar bater de frente com o Game Boy Color. Foi uma briga com K.O. programado, uma vez que o portátil da Nintendo reinava absoluto. No ocidente, o portátil da SNK não durou nem um ano no mercado e ainda assim deixou boas lembranças com jogos como Sonic The Hedgehog Pocket Adventure, Metal Slug 1ST Mission, SNK Vs Capcom: Match Of The Millennium e The Last Blade: Beyond The Destiny. Estes dois últimos serviram de base para o sonho da desenvolvedora indie Cardboard Robot Games: criar um jogo de luta com cara de game do Neo Geo Pocket Color.

O projeto começou em 2013, foi pro Kickstarter em 2014 e finalmente chegou ao Steam em Acesso Antecipado em 2016. Perfeito para o Switch, o game foi recentemente lançado em sua versão final, com todas as mudanças e melhorias feitas até aqui (e olha que não foram poucas). Pra quem curte nostalgia ou procura um jogo de luta fácil de aprender, Pocket Rumble é uma ótima pedida.

Simples por fora, complexo por dentro

Pocket Rumble é um jogo de luta com apenas dois botões e barra de vida dividida em blocos. Um golpe tomado representa uma bloco a menos na sua barra, sem firulas de golpes com danos diferentes. Os golpes especiais são ativados apertando botão + ↘ ou botão + ↙. Ou seja, cada personagem possui quatro golpes especiais e um Super, ativado ao apertar os dois botões juntos quando a barra de Super estiver cheia. Tem combos também, embora bem curtos e simples de executar. Onde está a complexidade nisso tudo? No estilo de luta de cada personagem.

Imagem do jogo Pocket Rumble
Aaaoooowwwww…. Agora vai!

Ao total, o game oferece oito lutadores: Tenchi, Naomi, Hector, Keiko, Quinn, Subject 11, Parker e June. São personagens inspirados em outros famosos: Tenchi lembra o Ryu (Street Fighter), Naomi lembra o Iori Yagami (King of Fighters) e June lembra Mei-Ling (Darkstalkers). Alguns são mais criativos neste sentido, como a mistura de Vega (Street Fighter) e Sabrewulf (Killer Instinct) do personagem Quinn, que se transforma em um lobisomem e permanece assim até acabar a barra de Super ou tomar um golpe.

Dando mais detalhes, Tenchi é o mais balanceado e básico de todos. Naomi é a única que não possui Super, mas pode carregar sua barra manualmente (apertando os dois botões juntos) para desferir golpes especiais mais potentes. Parker é um executivo que domina golpes elétricos e exige estratégia para acertar o oponente com bolas de eletricidade que se conectam. Hector é um samurai ocidental bastante rápido e que perde um bloco de energia a cada golpe especial desferido, mas possui Super que recupera sua vida. Subject 11 é um morto-vivo lento, mas com golpes bastante poderosos. Por fim a Keiko possui golpes fracos, mas conta com a ajuda do seu gato demoníaco para realizar ataques a curta e longa distância.

Em cada luta é preciso vencer 3 rodadas pra ganhar, o que resulta em partidas mais longas e nem sempre equilibradas. Todos os personagens possuem algo que pode ser usado para apelar violentamente, mesmo na simplicidade dos dois botões. Não há opção no menu para trocar para 2 rodadas, no formato padrão, nem mesmo a dificuldade do computador pra aprender no início. Eu tomei uma surra violenta na primeira hora, principalmente por jogar no analógico. Não faça isso, jogue com o D-Pad para ter maior precisão. Ao jogar de dois com um amigo, aí não tem jeito: os dois terão que encarar o analógico do joy-con.

Imagem do jogo Pocket Rumble
Tem sala de treino com lições pra aprender. E acredite, você vai precisar!

Tá faltando bolacha nesse pacote

Quanto aos modos de luta, temos o Online (com partidas rankeadas ou via convite), Versus e Solo. Neste último temos o Arcade, Contra CPU, Carreira, Treino (inspirado em Street Fighter IV, bem completo) e Lições, com 31 provas para aprender tudo que o jogo tem a oferecer. No Arcade, não espere uma campanha com história ou algo assim: você escolhe um lutador, encara os outros sete e pronto. O desfecho é uma tela tosca de “Thank You!” Custava criar finais pra cada um, por mais genérico que fosse? SFIV tem aqueles animes horrorosos, mas estão lá pra quem quiser ver. A apresentação é importante, mesmo que este seja um jogo de luta.

Faltou cuidado extra também na trilha e efeitos sonoros. Entendo que o objetivo foi emular músicas do Neo Geo Pocket Color, respeitando a limitação do hardware, mas ainda assim elas não possuem qualquer característica marcante. Mesmo quando se inicia uma rodada decisiva, em que o cenário sofre mudança visual e a trilha acelera, elas não empolgam. Os efeitos sonoros também deixam a desejar, mais irritando do que agradando.

Imagem do jogo Pocket Rumble
June vs Keiko, a luta das personagens monstruosas.

Pocket Rumble poderia ser melhor, mas não deixa de ser uma boa pedida pra jogar com amigos e online. Mas saiba que, estando no Brasil, você não irá pegar lutas com conexão sem lag. E, infelizmente, o jogo não dura muito jogando sozinho. Não há nada que segure o jogador exceto a curiosidade de conhecer cada um dos personagens e praticar seus respectivos golpes e Super. Apesar disso, é indiscutível o charme alcançado com o pixel perfect do game, de encher os olhos principalmente com a qualidade visual dos cenários e animações.

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