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Quatro meses depois de termos em mãos o capítulo Isle of Armor, de Pokémon Sword & Shield, chegou o fatídico fim de nossas aventuras com The Crown Tundra. Numa área totalmente inédita, ao sul de Galar, o lugar é cercado de mistérios e monstros lendários vivendo pelo ambiente inóspito. O local pode estar congelado no tempo, porém a sua presença desencadeará reações que vão acelerar um pouco as coisas por lá.

Com isso, chegamos ao capítulo final do primeiro pacote de expansão que a Game Freak ofereceu em um jogo oficial da franquia. Pela primeira vez fazendo uma jogada deste tipo, até para evitar um terceiro game da linha como tivemos com Yellow, Crystal, Emerald e Platinum, vale dizer que o conteúdo dela é até mais interessante que o seu material base e merece uma atenção de todos os jogadores.

Uma nova jornada, com novas emoções

The Crown Tundra é um território nada amigável, onde faz um paralelo com a Isle of Armor cheia de vida e de terrenos diferentes. A cidade de Freezington, que está no meio dela, é o único local habitado e os seus habitantes já não tem esperança de boas colheitas e de um futuro ali. A não ser por Peony, um empolgado cidadão de lá que pretende explorar cada espaço dali com a sua filha. O problema é que ela morre de vergonha dele e não tem a mínima vontade disso.

Sim, você é pego no meio disso e o explorador te convoca para fazer parte da sua equipe. Com um uniforme próprio e muita garra, o treinador/a treinadora e ele discutem todas as pistas dos mistérios que estão espalhados pela região. Três aves lendárias que se reúnem por ali, templos estranhos que foram lacrados em eras ancestrais, com ninguém sabendo o que existe dentro, e uma estátua misteriosa que conta sobre um antigo rei qual uma vez dominou todo o continente de Galar.

Imagem do review de Pokémon: The Crown Tundra
Seja bem-vindo ao time de exploração!

Ao contrário dos demais, onde a aventura segue até um aspecto linear, aqui as missões aparecem como side-quests e você pode fazer conforme a sua boa-vontade ou o que decidir melhor para o início. Confesso que isso me deu um gigantesco alívio, já que essa aventura sequencial que eles seguiam anteriormente chegava a sufocar desde os títulos Sun e Moon. Você pode ficar passeando e encontrar o que procura no caminho, ou até mesmo desviar para caçar os monstrinhos e completar sua Pokédex antes.

Uma das novidades por aqui é a Max Lair, um local onde cientistas te alugam Pokémon com set de ataques personalizados e você explora uma dungeon até encontrar uma criatura lendária. Isso marca o retorno de muitos rostos conhecidos dos fãs, como Kyogre, Groudon, Dialga, Palkia, Lugia, Ho-Oh entre vários outros que se perderam no tempo, conforme avançamos nos jogos.

Imagem do review de Pokémon: The Crown Tundra
Você está pronto para enfrentar e capturar as lendas?

Essa área pode ser percorrida de forma solo, com os demais membros da raid sendo controlados pela inteligência artificial do jogo ou pelo multiplayer online com os amigos ou desconhecidos. Até chegar no lendário, você lutará com diversos outros monstros e capturá-los também. Mas cuidado, você só pode sair com apenas um Pokémon lá de dentro, considerando os lendários não lhe dá muito espaço para escolher.

Este recurso é muito sacana, pois muitas vezes você encontra shinies lá dentro ou até mesmo os monstros iniciais de gerações anteriores, ou um com uma Hidden Ability, até mesmo tudo isso em conjunto, tornando a raridade do que encontra na Max Lair ainda maior. Para a sua sorte, caso não queira capturar o lendário da vez, você pode retornar outra vez para enfrentá-lo.

Imagem do review de Pokémon: The Crown Tundra
A Max Lair te obrigará a fazer escolhas que não serão tão fáceis.

Como falei, The Crown Tundra é muito diferente da Isle of Armor. Enquanto uma é cheia de vida, aqui você encontra planícies congeladas, construções destruídas, templos antigos e um pouco de vegetação aqui e ali. Não há treinadores pelo lugar nem muitas pessoas para ter diálogo, tornando a sua interação limitada com o Peony e os habitantes de Freezington. A ambientação é um dos pontos-chaves da expansão, pois ainda assim consegue te cativar e te fazer se importar com tudo que acontece por ali.

O próprio Peony é um dos pontos altos da história, protagonizando momentos hilários e te fazendo questionar onde está a sanidade daquele homem. Porém, não o subestime, além de ter uma sabedoria grande do que está prestes a acontecer na região, ele é um exímio treinador Pokémon. Inclusive, ele esteve envolvido diretamente com alguns personagens que encontrou na aventura principal do jogo base. Sua filha é divertidíssima também e você até se vê apegado em toda a situação mostrada por eles.

Imagem do review de Pokémon: The Crown Tundra
Peony é um dos maiores destaques da expansão.

Lendas do mundo Pokémon

Porém, o lugar é a terra de poderosos monstros e cabe a você descobri-los em seu caminho. As três aves lendárias que conhecemos, Articuno, Zapdos e Moltres protagonizam uma das side quests principais. Dessa vez em suas formas galarianas, elas trazem um elemento antigo de volta: os Pokémon que fogem de nós por todo o mapa. E  quando digo todo, realmente são todas as áreas. Ou seja, se prepare para voltar à Wild Area e ao território da primeira expansão para ir atrás deles.

Enquanto isso, os Regis se escondem em seus templos pela região. Com a inserção de dois inéditos para aumentar a família, eles trazem os quebra-cabeças clássicos que vimos na terceira geração, com Ruby, Sapphire e Emerald. Você precisa ter a sagacidade de desvendar o mistério de como abrir as portas para ter uma chance de enfrentá-los e capturá-los. É a única forma de encontrar e derrotar Regirock, Registeel e Regice.

Imagem do review de Pokémon: The Crown Tundra
Esteja pronto para encarar os puzzles novamente.

Falando nos três, fiquei desapontado com a Game Freak quanto à dificuldade de captura oferecida. Muitos fãs se recordam da dificuldade absurda que tinha de um monstro lendário entrar na Poké Ball, até que isso foi sumindo ao longo das gerações. Quando encontrei Regice, a esperança de ver isso novamente se acendeu e levei cerca de 40 minutos para capturar o bicho. Foi um dos combates mais árduos do jogo, na balança de deixá-lo com status negativo e fazer ele não devastar meu time no processo de tentar pegar.

Isso me empolgou de tal forma que eu fiz toda uma preparação para enfrentar Regirock e Registeel na sequência. Do nível que eu não fazia desde Pokémon FireRed e LeafGreen, de Game Boy Advanced. Aí veio a decepção, Registeel levou três rodadas para ser capturado e Regirock se deixou ser pego na primeira Ultra Ball que joguei. As três aves ofereceram um pouco de combate, mas também nada que me levasse ao extremo de ter um pouco de preocupação.

Imagem do review de Pokémon: The Crown Tundra
As aves parecem não se bicar muito…

Essa facilidade é combinada com os atuais esforços da empresa de trazer um público infantil mais forte à franquia. Não me entendam errado, eu sei que é o público-alvo deles e estão certos em realizar esforços para os jogos serem mais agradáveis aos olhos dos pequenos. Mas gostaria que não se esquecessem do pessoal dos anos 90 que cresceu jogando a série também, podendo levar mais conteúdo a estes e equilibrando a balança para ambos. E olha que não sou apenas eu reclamando, basta olhar qualquer um dos milhões de comentários a cada coisa postada nas redes sociais.

Se você chegou até aqui, está na hora de falarmos do inédito Calyrex. O rei ancestral de Galar fecha a explicação sobre as side quests principais e traz o monstro tentando reaver o seu imenso poder com a sua ajuda. Para isso, Freezington se torna o palco de vários estudos sobre o que aconteceu no passado e nas tradições que seguiam para recuperar toda a glória da criatura.

Imagem do review de Pokémon: The Crown Tundra
A jornada de Calyrex não empolga tanto assim.

E ele não é a única novidade de The Crown Tundra, com outra surpresa aparecendo em sua jornada. E não, caros leitores, não falarei sobre ela para não entregar spoilers a ninguém. Há uma razão para a Game Freak ter escondido isso e no fim das contas é algo muito bem-vindo ao jogo. Porém, das três principais histórias, essa é a menos interessante e completá-la não vai dar muito trabalho a ninguém.

O grande final

Quando termina tudo, caso tenha fechado o jogo principal e Isle of Armor também, libera o Galarian Star Tournament. É a Liga Pokémon de volta, mas agora podendo completá-la batalhando em duplas com os maiores treinadores de toda a região, incluindo dos rostos vistos nas expansões. Apesar de não trazer nada de surpreendente, confesso que me senti enfrentando todos eles como se fosse pela primeira vez novamente e isso me deixou muito animado.

Imagem do review de Pokémon: The Crown Tundra
Se prepare para o grand finale da aventura.

É o grand finale de toda uma saga, com interações e diálogos novos entre seus integrantes e o retorno ao estádio de Wyndon com todos torcendo por você numa competição inédita que coroará a melhor dupla de toda região. Não se engane, caso não tenha comprado o pacote de expansão, é aqui que rola o verdadeiro final da história de todos estes personagens. Não que precise comprar só por isso, mas se deseja ter uma sensação de dever cumprido é um bom investimento.

Outro detalhe importante por aqui é o tempo curtíssimo para conseguir realizar tudo. Confesso que esperava um pouco mais. A região é grande, as missões são interessantes, mas você completa tudo isso se estiver motivado em cerca de 3 a 4h no máximo. Obviamente você demorará mais capturando outros monstrinhos e explorando, mas senti que cabia mais conteúdo por aqui e que terminou bem rápido.

Imagem do review de Pokémon: The Crown Tundra
Aproveite o seu tempo curto na jornada.

Pokémon Sword & Shield, no seu geral, falhou com seus fãs ao não entregar um conteúdo destes logo de cara. A Game Freak tinha capacidade de criar algo épico desde o seu início e trouxe o jogo picotado, com uma história rasa e sem muitos impactos no final. Precisou a expansão chegar e trazer a profundidade necessária para emocionar os fãs e trazer o verdadeiro potencial ao título.

Estamos avaliando apenas The Crown Tundra aqui, mas deixo registrado a imensa falha da equipe de desenvolvimento nesse aspecto. Mais valia um ano esperando pelo conteúdo completo do que ter ele adiantado para 2019 e saído da forma como veio.

Imagem do review de Pokémon: The Crown Tundra
A expansão veio tarde, mas chegou com tudo.

Agora, como expansões, é um grande alívio ver vários dos Pokémon que conhecemos de volta, assim como novas formas de antigas criaturas que entregam um novo modo de vê-las no metagame. Tanto Isle of Armor quanto a recente também trouxeram ambientes incríveis e que marcaram mais do que a própria Wild Area, que fica disponível nas primeiras horas do jogo principal.

A aventura em Pokémon Sword & Shield: The Crown Tundra foi excelente e, apesar de um pouco de tristeza pela jornada por Galar e de toda a oitava geração ter finalizado, ainda vale a exaltação. Com liberdade, momentos épicos e tudo que lembra os bons momentos da franquia de volta, a expansão encerra com chave de ouro e já nos deixa questionando o que veremos futuramente, na nona.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024