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Roguelites são jogos com um grande valor de replay para os jogadores. Assim como o dia de amanhã, nunca sabemos o que está por vir. Mas nós sabemos que será algo bem diferente do que vimos anteriormente. A Scorpius Games resolveu usar este contexto para criar PositronX, um jogo que mistura a mecânica do FPS, um visual à la DOOM 3 e o sistema de mapas do gênero roguelite em um jogo só.

Aqui os jogadores irão avançar por labirintos controlando diferentes ciborgues. enquanto por outro lado vocês também devem se preparar para os drones que os aguardam. Inúmeras entidades robóticas estão apenas esperando a chance de dilacerar os  jogadores que aqui se aventuram. Mesmo com essa proposta chamativa e interessante, o jogo acaba deixando um pouco a desejar.

Robôs de saldão

Nosso sol está próximo da morte e a subsequente extinção humana que virá é iminente. Para salvar a raça humana, uma expedição a um distante planeta é lançada, com intuito de salvar o restante dos humanos. No entanto nenhum ser vivo poderia aguentar o trajeto, por isto Turing é criada. Uma inteligência artificial autônoma com objetivo de garantir o sucesso absoluto da missão.

O jogador comanda os ciborgues em um shooter de mapas roguelite, ou seja, você jamais poderá contar com sua memória para itens ou armas caso pereça durante a missão. Podendo escolher entre nove diferentes corpos, cada qual com sua vantagem, arma inicial própria além de upgrades, impressões e implantes. Estes dois últimos alternando entre habilidades permanentes e temporárias respectivamente, permitindo que o jogador crie combinações supe- poderosas que irão ajuda-lo a abrir caminho pelas fases.

Imagem do review de PositronX
Só a “pistolinha” é o suficiente em alguns bosses.

Algumas habilidades no entanto acabam por deixar o jogador na mão. As que eu principalmente tive problemas foram as relacionadas ao tempo e a barreira. Nas várias vezes que utilizei a habilidade de diminuir o tempo, de duas uma: ou o efeito é tão leve que quase não se percebe diferença ou simplesmente funcionam quando desejam, por assim dizer. Já a habilidade de barreira eu várias vezes cheguei a tomar danos de explosivos que explodiam por fora da mesma.

Durante o avanço pela estrutura no qual nos aventuramos, você pode esperar que irá morrer várias vezes, aprendendo cada vez mais com os erros e pelo fato de ser algo comum nos jogos do gênero. Voltando sempre mais forte para a linha de frente, escolhendo diferentes corpos para controlar. Positron, Proton e Electron foram os personagens com quem mais joguei, além de serem os primeiros a serem desbloqueados. Cada um representa um estereótipo de personagem, Positron é balanceado, Proton é um tank e Electron é algo semelhante a um rogue. Criando miragens e tendo a habilidade de “desacelerar o tempo”.

Imagem do review de PositronX
Adianta voar não meu lindo.

Apesar do total de personagens ser de nove ao todo, até agora só tive a oportunidade de jogar com estes três ciborgues. Infelizmente no departamento de personagens e inimigos, PositronX deixa bastante a desejar, contando com personagens e inimigos bem clichês. Com a grande maioria parecendo algo semelhante a inimigos de Halo 4 da sessão de desconto ou Bionicles. Mas em contrapartida os jogadores irão se divertir bastante com a mecânica do jogo.

A experiência não chega a ser tão bem polida igual a jogos como Immortal Red Neck ou Painkiller, mas é satisfatória. As armas todas possuem dois modos de disparo, um no botão direito e um no esquerdo, o que permite uma maior abordagem contra os inimigos. Os bosses também não apresentam grandes desafios, sendo em parte até repetitivos. Um que eu esperava um grande embate era Bulletrain, no entanto o mesmo simplesmente tinha um pequeno teleporte e nada mais.

Imagem do review de PositronX
Hora de ir às compras.

Cenário futurista cansado

Como é possível ver em cada imagem, não há sinal de vida orgânica no mundo de PositronX, apenas metal frio e calculista. Até mesmo os inimigos são assim, temos ciborgues, ciborgues tanks, tatus-bolas explosivos e escorpiões metálicos. Todos irão se amontoar e transformar o jogador em sucata o mais rápido possível caso o jogador não preste atenção. O que facilita bastante é que em certos níveis é possível adquirir vidas extras, atrasando assim o processo de morte e game over.

As impressões como as vidas extras também podem ser adquiridas por sorte ao final de cada sala nos baús que os inimigos sempre derrubam ao morrer. Elas servem, costumeiramente, para aumentar cada vez mais a capacidade de suportar danos e facilitar a travessia pelos níveis. Já as habilidades ficam tanto entre ativas e passivas, mas as ativas ficam direcionadas nas teclas Q, E e R, está ultima sendo aberta conforme avança.

Nada me alegra mais do que o cheiro de óleo e metal estourado.

Visualmente PositronX também pouco impressiona. O planeta no qual nos encontramos consiste em um céu eternamente esverdeado e planícies infinitamente desérticas. Enquanto a parte interna da base acaba sempre tendo salas repetidas, algumas possuem armadilhas o que realmente deixa o jogo interessante. Um exemplo disto é uma sala na qual entrei e consistia em duas plataformas na diagonal, após derrotar os inimigos ali tive de fazer um salto de fé rumo a lava embaixo.

Aqui encontrei os inimigos restantes que deveria derrotar para limpar mais esta sala. Desviando de seus mísseis, tiros e da lava, dançando entre rocha líquida enquanto destroçava os inimigos, admito que foi muito divertido. Quando há um buraco negro então, tudo fica ainda mais insano, afinal você está sendo constantemente puxado em direção ao abraço negro infinito daquela singularidade.

Em um jogo semelhante a este o que eu mais gosto de ter é algo que me mantenha ligado no jogo. No meu caso, a  conhecida trilha-sonora, o que PositronX tem em salas aleatórias, lhe falta em uma música ou batida que realmente marque. Se fosse para descrever a trilha de PositronX diria que é algo semelhante a um pseudo rock no maior estilo DOOM, mas bem enxugado. Passando praticamente despercebida pelo player, aumentando durante as batalhas, mas nada digno de ser marcante.

A Scorpius Game fez um jogo mediano, que tem uma mecânica funcional e alguns momentos muito prazerosos. Por outro lado o jogo pouco marca e pouco inova, trazendo personagens, inimigos e locais totalmente esquecíveis por assim dizer. Parece que desta vez salvarei a humanidade um pouco de cada vez, pois o incentivo para voltar a repetir os níveis cada vez com um ciborgue diferente é bem pequeno.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024