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Quem acompanha meus reviews sabe que eu definitivamente não gostei de Prey. Um game bem produzido, sem dúvida, mas que possui uma campanha arrastada e um desfecho desastroso. Porém quando a Bethesda anunciou o DLC Mooncrash, durante sua conferência na E3 2018, eu fiquei bastante curioso. Pegar as melhores qualidades do game e criar uma nova campanha roguelite, com geração procedural? Por favor, me leve agora para a Lua!

Gerenciamento de fugas

Após os eventos de Prey, a comunicação com a base lunar secreta Pytheas foi cortada. Peter, um hacker a bordo de um satélite espião chamado M-13 – com a tarefa de interceptar a comunicação da TranStar – é incumbido de descobrir o que aconteceu. É sua única chance de rever a família, já que um contrato com a KASMA Corp. o impede de voltar pra casa sem antes concluir a missão. Os Typhon invadiram a Lua e para investigar o caso Peter faz uso da tecnologia interceptada Looking Glass e um backup da base, contendo dados de pesquisa, segredos da empresa e conectomas de cérebros de funcionários. A tecnologia permite visitar a base lunar como ela era antes, através de simulação visual, vendo-a através dos funcionários.

Moocrash introduz cinco membros da tripulação, cada um com suas especialidades: Andrius Alekna (usa poderes PSI), Riley Yu (possui a habilidade mímica), Vijay Bhatia (soldado), Claire Whitten (espiã, que possui uma lâmina PSI) e Joan Winslow (engenheira, que controla torretas). Você começa com Andrius e desbloqueia os demais ao longo da campanha. O objetivo principal é escapar com os cinco personagens em uma única rodada, mas isso só será possível após muita exploração e tentativas.

Imagem do jogo Prey: Mooncrash
Dando aquela turbinada necessária com os pontos de simulação obtidos em outras rodadas.

O mapa é único e somente a localização e tipo de itens e inimigos mudam a cada rodada. Algumas portas abrem e outras se fecham, sendo necessário encontrar a chave ou a senha para abri-las. Esse elemento de roguelite deu ao DLC a chance de fazer aquilo que o jogo principal não faz direito: oferecer uma experiência de urgência e tensão. Você não vai querer morrer, mesmo que isso não seja problema: você acumula pontos pra gastar em armas, munição, granadas, consumíveis e chipsets antes de cada nova simulação. Progressos como plantas de construção encontradas também são mantidas, por exemplo.

De forma inteligente, a Arkane Studios deu uma revigorada nas mecânicas do jogo. As armas encontradas agora possuem status – Comum (verde), Avançado (azul) e Elite (laranja) – que dão bônus, por exemplo, de acerto crítico. Elas podem inclusive emperrar, sendo necessário um kit de reparo para arrumá-la. Muitas coisas do Prey original também foram mantidas, como a porcentagem de integridade do seu traje espacial, o uso de Neuromods para aprimorar habilidades técnicas e alienígenas (diferentes pra cada personagem), o uso de chipsets pra ativar habilidades passivas, a presença dos robôs operadores, a reciclagem e construção de itens, etc.

A base Pytheas é imensa, divida por áreas com níveis e acessíveis com “viagem rápida” através de transportes e portões. Você não precisa explorar tudo para concluir o DLC, mas é algo quase que indispensável. Há 10 formas diferentes de fuga e boa parte delas exige realizar missões específicas, como aprender a pilotar extraindo o conhecimento da mente de uma tripulante morta e ativar a habilidade usando neuromods.

Imagem do jogo Prey: Mooncrash
Esporo Typhon contra um Tubarão Lunar V.

Mooncrash apresenta novos Typhon, como uma variação do Telepata que controla a mente de tripulantes para usá-los contra você. Outro que me impressionou bastante se chama Tubarão Lunar V, que ataca por debaixo da terra e é gigantesco. De armas, temos a possibilidade de usar munição da arma GLOO como granada e o Esporo Typhon: ao ser arremessado, o esporo faz surgir tentáculos que atacam qualquer coisa por perto (inclusive você). O DLC ainda oferece temas e skins gratuitos adicionados no update mais recente, com Typhon, armas e operadores personalizados por jogos da Bethesda.

Correndo contra o tempo

Há duas coisas importantes para prestar atenção em Mooncrash: o nível de corrupção e a distribuição de recursos. O nível de corrupção representa a ameaça Typhon, que vai de 1 a 5 e é renovada a cada virada de nível. Ou seja, mais Typhon surgem espalhados aleatoriamente pelo mapa, cada vez mais resistentes e em maior quantidade. Se passar do nível 5 a simulação falha e você será ejetado, tendo que recomeçar tudo de novo. Já a distribuição de recursos é crucial para que os cinco personagens tenham melhores chances: o que você coleta com um, some com ele ao morrer ou fugir. Para evitar perder recursos você pode simplesmente optar por não pegar tais itens, para deixar pro próximo personagem, ou guardar em um operador mula – desbloqueável após completar um certo número de missões da KASMA Corp. Uma outra forma de ganhar tempo em Mooncrash é encontrando ampulhetas que retardam o nível de corrupção.

Imagem do jogo Prey: Mooncrash
Quando o nível de corrupção atinge o nível 5, a coisa fica realmente feia.

Para dar um toque extra de desespero, Mooncrash apresenta um novo sistema de traumas. Em outras palavras, são status que atrapalham o seu desempenho mas que podem ser curados com itens específicos. Se passar por um local com fogo, você recebe o status de queimadura e passa a perder vida aos poucos. O status de sangramento o impede de pular, já que tal ação lhe causa um bom dano. Outro exemplo é o status de concussão, que embaça a sua vista e o impede de usar neuromods em novas habilidades. Um toque incrível pra experiência toda.

O que infelizmente não dá pra negar é o laço que o DLC tem com a campanha de Prey. Se você não jogou vai ficar perdido com tudo, mesmo havendo tutoriais para explicar boa parte das coisas. Quais são os tipos de Typhon e como enfrentá-los, por exemplo, é algo que só quem jogou Prey vai saber. E não ter esse conhecimento vai fazer muitos jogadores comerem o pão que o diabo amaçou.

Imagem do jogo Prey: Mooncrash
O Typhon mais pentelho de Prey, o Telepata, retorna em nova versão controladora de marionetes humanas.

O DLC surpreende até na história, presente em e-mails, anotações, logs de áudio e o frequente contato da Basilisk, funcionária da KASMA que o acompanha em sua missão. Não tem, obviamente, a profundidade e complexidade da campanha principal, mas empolga no mesmo nível. Assim como Prey, Mooncrash também foi dublado para a nossa língua, o que ajuda a não desviar a atenção para as legendas.

Mooncrash me ofereceu o que não encontrei em Prey: o senso de emergência, desespero contra o tempo e o crescente nível de dificuldade. A ação não pára, você irá fazer cagadas que custarão a vida de um ou mais personagens e reiniciar a simulação será inevitável, estendendo de forma inteligente a vida útil do DLC. Este é, até o momento, a melhor expansão que tive o prazer de jogar este ano.

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