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Project CARS tem uma história interessante: o projeto começou lá em 2011, como um game com desenvolvimento colaborativo entre os jogadores e os produtores. O próprio CARS do nome, que significa Community Assisted Racing Simulation (algo como “simulador de corrida com assistência da comunidade”) já indicava isso. Mas o projeto foi ficando grande, com mais grana entrando (e inclusive com a Bandai Namco aparecendo na jogada), e Project CARS deixou o submundo dos fóruns e financiamentos coletivos para se tornar uma das grandes surpresas de 2015.

Às vezes, um tanque de gasolina basta

Para a continuação, o estúdio Slightly Mad mexeu pouco na fórmula consagrada pelo primeiro game: aqui, como no anterior, dá para correr com qualquer máquina, em qualquer pista, sem restrições e sem ter de destravar nada, podendo mexer em absolutamente tudo nos carros, como um simulador de verdade. Há quem defenda que Project CARS fica devendo em relação a um iRacing (este tem até ligas profissionais com pilotos de verdade rolando pela internet), mas a proposta de Project CARS se encaixa na de um simulador completo, com compatibilidade total com todos os melhores volantes do mercado. É para quem quer se sentir piloto mesmo.

É daí, desse lance de se sentir piloto, que veio uma das minhas principais críticas com relação ao jogo anterior: era praticamente impossível jogar com controle. Eu tenho o primeiro Project CARS no Xbox One, e a frustração até encontrar uma configuração decente no controle foi grande. Em Project CARS 2, a surpresa foi enorme, pois agora, logo de cara, o jogo se comporta praticamente como um Forza Motorsport. Óbvio que as configurações do carro, as ajudas, o uso de freios ABS, controles de estabilidade e controle de tração influenciam na pilotagem, mas o segundo game se beneficia muito dessa dirigibilidade, digamos, mais democrática que foi introduzida. Ponto para a Slightly Mad, que trouxe um simulador acessível a praticamente qualquer mortal que prefira jogar com controle.

As Ginettas, como sempre, saem bem no modo Photo

Não bastasse o game funcionar bem com controle e com praticamente qualquer volante, é possível mexer em todas as variáveis: desde a zona morta do controle até a sensibilidade do acelerador, passando pelas opções específicas de comportamento do freio, da embreagem e da direção. Realmente, qualquer jogador pode encontrar uma configuração que agrade, e o jogo beneficia quem tiver paciência para mexer em tudo. A empreitada vale a pena, porque a dirigibilidade, que já é excelente logo de cara, pode ficar praticamente perfeita com as opções corretas.

O campeão não é quem ganha, é quem se recusa a perder

A ousadia do estúdio em oferecer uma direção perfeita para controles (além de volantes) se estendeu ao modo carreira, que agora é mais longo e complexo. Desta vez, é preciso começar lá de baixo, com karts e Ginettas (um carro fabricado por uma montadora britânica para competições de categorias iniciantes), ir aumentando seu nível e, enfim, partir para as provas superiores. É um modo carreira longo e desafiador, pois a inteligência artificial dos oponentes é excelente, e, a exemplo de F1 2017 (análise), oferece 100 níveis de dificuldade, além de opções de agressividade dos outros pilotos também.

Por outro lado, este modo é apenas isso: corrida atrás de corrida, com as qualificatórias (opcionais) entre elas. Sem boliche de carro, sem provas inusitadas e sem eventos especiais para quebrar a rotina. Além da carreira e das corridas de exibição, há o multiplayer e as corridas contra o tempo online, e eventos de comunidade, com desafios diários e semanais, estes últimos com carro e pistas pré-definidos a cada rodada e todos com rankings online.

Todas essas opções de clima existem para todas as pistas, incluindo transições

Um grande destaque de Project CARS 2, e que apareceu em praticamente todo o material promocional do game, é o clima dinâmico. Forza Motorsport 7 trouxe isso este ano, mas com condições e transições pré-definidas para cada pista feita para o recurso. Aqui, é possível utilizar qualquer condição climática em qualquer pista, e escolher ainda por quais condições a prova irá passar até acabar. Dá até para fazer certas combinações inusitadas, como começar uma corrida em Laguna Seca no sol, passar por chuva, depois neblina, e terminar com neve. Infelizmente, essas opções servem para corridas de exibição e multiplayer, não se aplicando ao modo carreira (que tem variações climáticas, mas já são pré-definidas). Ainda assim, é impressionando o que o pessoal da Slightly Mad conseguiu fazer.

Como já acontecia no game anterior, o comportamento dos carros é impecável, assim como a direção de som. Aliás, o som dos motores parece mais bem feito até do que os da série Forza e (principalmente) Gran Turismo. Um pequeno ponto fraco vai para a falta de modelos de rua de algumas das marcas mais famosa. Existem carros top de linha e as versões superesportivas deles, mas aquele Audi A3 ou aquele Mercedes-Benz A200… Esses, em versões de rua, ficaram de fora mesmo. De qualquer forma, a seleção de carros chega a impressionar, com representantes de quase todas as montadoras importantes e até uma ou outra raridade.

A câmera de dentro mostra todos os detalhes do cockpit

Das 60 pistas, vinte delas são recriações fiéis de traçados reais. Os desenvolvedores foram até as pistas e as escaneou para reproduzir cada centímetro das imperfeições do asfalto. Isso já foi utilizado há alguns anos em Forza e também no primeiro Project CARS, mas é bom ver que o trabalho continuou sendo feito: escanear vinte pistas reais não deve ser um trabalho dos mais simples, com certeza. Cada pista ainda possui variações de traçado (incluindo algumas variações clássicas para certas pistas), e as opções de utilizar todas as condições climáticas em todas as pistas deixa as possibilidades praticamente infindáveis.

Não precisamos de mitos, e sim de exemplos

Na nossa análise, o game foi avaliado em uma GTX 1050 de 4GB (sem ser a TI), e rodou suave nos 60 quadros por segundo, com detalhes de carro e pista no médio, resolução de 1080p, filtragem anisotrópica em 4x e quase todos os efeitos ligados. Algumas lentidões foram observadas, mas apenas com vários carros ao mesmo na tela e em uma situação de chuva ou neve, por exemplo. Não é um game demasiadamente pesado, e a engine pareceu bem melhor otimizada que a do primeiro Project CARS.

Project CARS 2 roda bem até em configurações mais humildes

Além de rodar legal, o jogo oferece compatibilidade para os headsets Oculus VR e HTC Vive, e ainda dá suporte para quem quiser jogar com três monitores ao mesmo tempo. O Project CARS original já fazia isso (além de outros simuladores), mas é sempre bom ter a opção ali para quem quiser utilizar, principalmente hoje em dia em que esses headsets e as configurações com três monitores são mais populares do que antigamente. Tecnicamente, e sem sombra de dúvidas, Project CARS 2 é um exemplo a ser seguido.

Vale ressaltar que o game traz melhorias o suficiente para valer o rótulo de jogo novo. Agora, a série finalmente ficou atrativa para quem só joga com controle, tem dezenas de opções de dirigibilidade, carros, pistas e climas, e para quem joga no computador, roda legal até em PCs mais modestos. Pra mim, a única falha (além da ausência de certos modelos de carros de rua) está no modo carreira: se o objetivo era atrair mais jogadores, não custava fazer desafios diferenciados para quebrar aquela rotina de corrida, treino e corrida. De resto, poder mandar bala: Project CARS 2 conseguiu melhorar em praticamente todos os aspectos em relação ao primeiro jogo e colocou a série de vez entre as melhores do gênero.

Review – Pepper Grinder

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