Podemos considerar MediEvil um clássico cult da família PlayStation que, mesmo estando longe de ser uma das franquias mais famosas da Sony, ainda faz escola até hoje. Estamos em 2021, o primeiro jogo da trilogia recebeu um remake que não foi lá um grande sucesso e ainda assim continuam fazendo jogos inspirados nas aventuras de Sir Daniel Fortesque.
Pumpkin Jack é o “novo MediEvil” da vez, um título desenvolvido praticamente por um só homem: Nicolas Meyssonier. Lançado originalmente em outubro de 2020 para Xbox One, Switch e PC, agora o jogo finalmente veio fazer companhia para sua maior inspiração no PS4, trazendo consigo todo seu carisma, criatividade e diversão minimalista ambientados em um universo que, de original, não tem nada!
Trabalho sujo
Nossa história começa há muitos séculos, durante os tempos medievais. A humanidade vivia sua vidinha pacata e medíocre até que, um certo dia, o Diabo em pessoa resolve conjurar um exército de monstros para destruir tudo e todos. Os humanos não demoram para pedir a ajuda do seu maior herói, seu super trunfo… não, não estamos falando do protagonista e sim de um bruxo muito poderoso que vai tornar a invasão do capiroto um pouco mais trabalhosa.
Para derrotar este bruxo, o Diabo também envia seu campeão, o maior trapaceiro que o inferno já recebeu: Jack – esse sim é nosso protagonista! Como ele já tinha perdido seu corpo original, seu espírito é acoplado a uma abóbora e ele ganha um corpo artificial para poder lutar e dar cabo do bruxão. É aqui que nossa jornada começa, não do lado da humanidade, mas sim dos vilões desta história!
Pumpkin Jack possui todas as características de MediEvil, então quem já jogou o antigo ou até o remake já estará craque neste logo de cara. Trata-se de um adventure em 3D que mistura plataforma e hack and slash, tudo que os anos 1990 tinha de melhor nos games. Ao longo de seis fases totalmente lineares, teremos que enfrentar muitos inimigos, resolver puzzles e encontrar colecionáveis em uma aventura que dura, em média, de cinco a seis horas.
O tempo de campanha realmente é curto, mas é o ideal para o estilo do jogo. Ele ainda pode variar muito dependendo de como cada um joga, então quem gosta de explorar cada cantinho levará em média de 40 a 50 minutos para completar cada fase, enquanto aqueles que só querem chegar até o final podem muito bem terminar cada uma em menos de meia hora.
As fases são bem variadas e ambientadas em lugares muito diferentes entre si, o que é ótimo e evita a famosa sensação de déjà vu. Por mais que o jogo não fuja muito da mesmice, explorar castelos, pântanos, cemitérios e até o Polo Norte ajuda a deixar cada fase única e muito distinta das outras. Os gráficos já são bem ultrapassados, mas conseguem transmitir aquela áurea carismática e divertida de algo cartunizado – e não podemos esquecer que este jogo é um trabalho de um desenvolvedor solitário.
Exército de uma abóbora só
A movimentação de Jack é bem fluida e expressiva, mas nos combates a coisa muda da água para o vinho. Arrisco dizer que as batalhas compõem os trechos menos divertidos de Pumpkin Jack, pois além da movimentação do personagem e dos inimigos ser um tanto travada e pouco natural, todos os seus oponentes, desde os mais inferiores até os chefes, possuem padrões de ataques muito previsíveis, então o desafio é mínimo.
Água é o único ponto fraco de Jack, então o menor contato com qualquer poça já é morte instantânea. No combate ele também é frágil, mas contamos com um arsenal considerável que oferece diferentes tipos de ataques, então saber a hora exata de atacar e esquivar é o suficiente para não passar sufoco em nenhuma batalha.
Felizmente, nosso querido dev teve o cuidado de bolar alguns minigames diferentes em cada fase para quebrar a rotina. Cada uma oferece um tipo de puzzle e uma espécie de corrida que são totalmente diferentes uma das outras, então é sempre muito divertido jogar esses trechos. Para complementar, cada fase possui 20 crânios de corvos e um gramofone para encontrar, mas isso aí é só para quem curte pegar colecionáveis. Quem for paciente o bastante de procurar todos os crânios poderá usá-los para comprar roupas novas para Jack, mas pode acreditar que eles mal estão escondidos e dá para achar todos numa boa.
No geral, o desempenho está ótimo e nem sequer me deparei com bugs no caminho. O único problema do gênero que tive foi com os troféus, pois vários estão bugados e, até o momento, impossíveis de conquistar. A platina é muito fácil e exige apenas terminar o jogo e pegar cada colecionável, porém mesmo pegando todos não consegui alguns troféus. Acredito que isso será corrigido no futuro, mas é algo que pode afastar os platinadores de plantão.
Quanto ao resto, Pumpkin Jack é um jogo simples e divertido como deve ser. Os personagens nem sequer têm dublagem e ainda assim conseguem ser carismáticos, então acredito que, se o projeto tivesse tido um pouco mais de investimento, poderíamos ter um grande sucessor espiritual de MediEvil. Porém, o resultado final não deixa a desejar e quem gosta dos clássicos certamente vai amar as aventuras do Lorde Abóbora, o maior trapaceiro de todos os tempos.