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Expectativa: “Taí um Beat ‘em up que tem tudo pra ser da hora”.
Realidade: “Eita joguinho medíocre”.

É triste começar este review assim, mas eu realmente estava empolgado com Raging Justice, game de estreia da MakinGames. O trailer já havia me ganhado, o visual me agradou muito e eu ansiava por um jogo do gênero aos moldes dos fliperamas antigos. Nesse quesito o jogo entrega o que promete. O problema está na total falta de originalidade.

Este é mais um game que usa o gênero como desculpa para não desenvolver a história ou apresentar algum tipo de inovação no gameplay. Até Slaps and Beans, outro Beat ‘em up indie que analisei recentemente, apresenta novas ideias ao gênero. Vou dar outro exemplo ainda melhor: Mother Russia Bleeds. Esse sim faz tudo certo: apresenta uma história fascinante e explora o gameplay muito além do esperado.

Imagem do jogo Raging Justice
O visual do game é bem maneiro!

Street of Raging Justice

Eu fui iludido pelo visual, que é de longe o ponto forte de Raging Justice. Os cenários, objetos interativos, personagens e inimigos foram modelados em 3D pré-renderizado e animados como se faltassem frames. Uma decisão tomada de propósito, pra dar o ar de jogo antigo. Inclusive, pra não ficar tosco nos movimentos mais rápidos, aplicaram efeito de borrão pra dar uma suavizada.

A trama apresenta uma cidade tomada por uma organização criminosa, a qual três personagens (Rick Justice, Nikki Rage e Ashley King) são incubidos de botar em ordem. Sim, igualzinho em Street of Rage. Rick é um policial veterano (forte e lento), Nikki é uma ex-militar brigona (equilibrada) e Ashley é uma adolescente que manja das lutas de rua (rápida e fraca). O trio manjado de sempre, exceto que aqui temos duas mulheres: Ash é uma rebelde de apenas 15 anos. Humm… Okay?!

Imagem do jogo Raging Justice
Ei Ash, me ajuda aqui que eu tô morrendo… Ash? Droga, tira esse de fone de ouvido!

Entre socos, chutes, golpes aéreos e agarramentos, o jogo oferece alguns combos e a opção de algemar adversários atordoados. Feito isso, você ganha a chance de recuperar sua vida com comida. Com inimigos mais fortes, o rango obtido é ainda maior. Há também os desafios: cada uma das 9 fases apresentam objetivos pra completar, do tipo prender um certo número de inimigos, alcançar uma pontuação, não perder vida, chutar umas pombas na rua, acertar os inimigos com uma arma branca específica, concluir a fase num determinado tempo e etc. São desafios que não agregam muito ao jogo, exceto para incentivar a jogar novamente e destravar conquistas.

Como de praxe, você pode executar um golpe especial para derrubar os adversários que estiverem por perto em troca de uma porcentagem da sua energia. Isso permite burlar o combate quando estiver prestes a morrer, já que o especial fica infinito e deixa de arrancar sua energia. O golpe fica fraco, claro, mas consegui derrotar um chefe na base da paciência, só pra não gastar uma vida ou continue à toa – embora na fase seguinte você começa como está, sem recuperar nada. O encontrão (correr + golpe) também ajuda muito, já que desta forma dá pra limpar o caminho e fugir de um inevitável “montinho”. Por fim o jogo oferece várias armas brancas e objetos espalhados pelos cenários para usar como bem entender, assim como os inimigos, e veículos como um trator e um cortador de grama pra passar por cima de geral.

Imagem do jogo Raging Justice
Sai da freeeeeente…

Começa legal, mas depois…

Raging Justice é bem divertido em sua primeira meia hora. Vários tipos de inimigos são apresentados com nomes diferentes: tem o capanga comum, o gordão que atropela todos em seu caminho, o fortão difícil de derrubar, o cara que joga dinamites, o que anda de moto, a mulher que dá choque com taser, o pacote genérico completo. Neste ponto, eu esperava algo bem mais criativo. Os chefes também pecam neste aspecto, além de serem desbalanceados e bestas – como um cafetão vestindo rosa. E adivinha o que acontece depois que você os vence? Sim, eles viram inimigos comuns nas fases seguintes. Argh, eu detesto isso…

Passado estes 30 minutos, tudo se repete – exceto os cenários, que continuam show de bola até o final da aventura. Os inimigos surgem aos montes, em cores diferentes, e seu único desafio é não morrer rápido pra chegar ao chefe final com algumas vidas e pelo menos um continue. Mesmo jogando na dificuldade Normal, o game oferece um desafio alto. Jogando em dois fica um pouco mais tranquilo, principalmente se você desligar o “fogo amigo” – que, convenhamos, é um pé no saco.

Imagem do jogo Raging Justice
Este chefe parece ter saído de um Resident Evil.

O que eu gostaria de ter visto de diferente em Raging Justice? Personagens com carisma, uma trama melhor apresentada e que tentasse fugir dos clichês do gênero, uma maior variedade de inimigos, de combos, a possibilidade de fazer caminhos diferentes pela mesma fase (inclusive mudando de plano), segredos pra descobrir, armadilhas pra ficar esperto… Dá pra sugerir muitas coisas, inclusive uma trilha sonora mais empolgante: do começo ao fim da aventura você ouvirá músicas totalmente sem graça.

Dá pra terminar o game em 2 horas ou menos, dependendo da dificuldade que escolher. Pra estender o “fator replay” há um modo de sobrevivência com hordas chamado Brawl que, sinceramente, não empolga em nada. Você escolhe um cenário e fica lutando até morrer, sem ter vidas ou continues extras. Um modo que existe apenas para promover um placar de pontuação mundial.

É uma pena, mas Raging Justice passa longe de ser um jogo memorável. Vale como uma opção de jogo casual co-op pra curtir com um amigo numa tacada só, mas se for jogar sozinho prepare-se para enfrentar não só os inimigos mas também o tédio.

Imagem do jogo Raging Justice
Nem esta homenagem à Final Fight salva o game da iminente explosão.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024