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Após uma campanha de financiamento coletivo vitoriosa e sete longos anos de espera, Ray’s the Dead finalmente chegou para provar que não está morto (piada pronta)! O projeto da Ragtag Studio teve 1600 apoiadores e acumulou mais de 50 mil dólares, então podemos afirmar que ele gerou uma certa comoção já em seu anúncio. Só resta saber se ele conseguiu atingir as expectativas.

Aqui temos um jogo de aventura e estratégia em que jogaremos tanto em vida como em morte. Nosso principal objetivo é comandar um pequeno exército de pessoas ou zumbis e dessa forma desvendar seu grande mistério: como Ray morreu e quem diabos o ressuscitou?

Morreu, mas passa bem

A história começa com um ritual bizarro sendo realizado em um cemitério, onde um velho e uma galera esquisita estão tentando ressuscitar uma pessoa. Aparentemente deu tudo errado e eles acabam desistindo, mas logo em seguida vemos que deu certo e nosso protagonista Ray volta à vida na forma de um zumbi.

Apesar dessa sinopse sombria, Ray’s the Dead é um jogo super leve e descontraído. Tudo é uma paródia à cultura pop norte-americana dos anos 1980, então aqui a gente tem zumbis, punks, personagens mega caricatos (alguns até lembrando rostos que já vimos em filmes da época) e uma trilha musical que parece um loop eterno de Thriller, do Michael Jackson – que convenhamos, não poderia faltar nesse conjunto.

Solta Thriller no último volume, aí!

A campanha se estende por 40 fases em que alternamos entre passado e presente. No presente, controlamos o Ray zumbi que precisa descobrir quem o ressuscitou e com que propósito, enquanto no passado assumimos o Ray em vida e vamos revivendo sua trajetória, até enfim descobrir como foi que ele morreu.

Independente de estar vivo ou morto, todas as fases se desenrolam da mesma forma. Nosso objetivo principal sempre será comandar um pequeno exército (seja de zumbis ou de pessoas) para resolver puzzles, enfrentar inimigos e avançar. É praticamente um RTS, onde você só fica dando ordens para seus minions e assistindo eles trabalharem, mas em Ray’s the Dead somos um pouco mais ativos no gameplay.

Cada fase geralmente é focada em um tipo diferente de desafio. No papel de zumbi, teremos muito mais batalhas e, mesmo não podendo morrer (afinal, já estamos mortos), é necessário saber lidar com cada tipo de inimigo. Os oponentes que usam armas brancas, por exemplo, conseguem nocautear nossos zumbis, nos forçando a acordá-los manualmente. A dificuldade do jogo depende exclusivamente do quão bem você sabe lidar com cada batalha.

Nas fases em que estamos vivos, geralmente teremos que passar por um percurso cheio de obstáculos visando levar pouco (ou nenhum) dano, utilizando mecânicas de agrupar seu exército e outras de trabalho em equipe. Todas essas mecânicas estão presentes em qualquer fase, mas algumas só são úteis em fases específicas.

Expulsando os arruaceiros do meu gramado.

Morte lenta 

Um detalhe legal é que os desenvolvedores espalharam várias lápides por todas as fases e, em cada uma delas, teremos o nome de algum apoiador do financiamento coletivo e uma frase de efeito. Foi uma maneira criativa de colocar essas pessoas dentro do jogo, principalmente porque tem tudo a ver com a temática.

Apesar de Ray’s the Dead ser um tanto simples de jogar, os comandos possuem uma lentidão inexplicável, onde por vezes você precisa esperar até um segundo inteiro para ver a ação acontecer. No menu principal eu já notei algo errado, pois fiquei apertando X para começar o jogo e ele simplesmente não começava. Até para pausar é um tormento, as vezes levando até dois segundos para abrir o menu após apertar o Start.

Tenho certeza que não se trata de um problema de input lag entre meu console e a TV, principalmente porque esse delay de resposta está absurdo. Uma jogatina que deveria ser simples acaba se tornando densa e até irritante, então este é um problema que precisa ser corrigido com urgência.

Existem mais de 100 lápides de apoiadores para encontrar.

Talvez esse seja o principal motivo que faz o jogo parecer tão lento, mas acho que essa é uma característica geral do seu gameplay. Ele não é muito dinâmico e na maioria das vezes as fases não empolgam muito. Com o tempo vamos desbloqueando zumbis com novas habilidades e abrindo mais o leque de desafios do jogo, então melhora um pouco. Porém, é fato que alguns podem não ter a paciência necessária para chegar nesse ponto do game e vão acabar desistindo antes.

Já com respeito ao visual, tudo foi desenhado a mão e com grande capricho! Tanto os cenários como as sprites são muito bem feitos e expressivos, casando bem com esse teor satírico que o jogo carrega. Apesar de ser meio 3D, as sprites se movimentam no estilo “Paper Mario”, parecendo que elas são feitas de papel. A trilha musical, como já foi dito, lembra muito Thriller e outras músicas pop dos anos 1980, então além de dar vontade de dançar, de alguma forma todas elas são bem nostálgicas.

Ray’s the Dead certamente merece uma chance daqueles que amam joguinhos de estratégia, mas não espere nada muito complexo. Seus problemas de delay prejudicam muito a experiência e eu sinceramente espero que isso seja corrigido, então quem sabe daqui algumas semanas ou até dias o jogo já esteja no ponto ideal. Se isso não acontecer, podemos dizer que a Ragtag Studio “cavou sua própria cova”.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024