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Em primeiro lugar, é preciso dizer: sou uma completa mula – com todo respeito ao nobre animal – em Dark Souls e derivados. Nunca consigo passar do primeiro inimigo mais forte. Muito provavelmente por culpa da minha coordenação motora de macaco bêbado. Dito isso, devo dizer que em Remnant: From the Ashes sofri como nunca para passar pequenas partes. Gastei dias tentando avançar no cenário para, depois, descobrir que o caminho mais fácil era outro. Sim, sou idiota a este ponto em jogos do gênero. Então, perdoem algumas bobagens que eu possa dizer.

Depois deste primeiro parágrafo auto-indulgente, podemos falar do jogo em si. Remnant: From the Ashes é o que se pode chamar de souls-like, um gênero de jogo que se inspira pesadamente em Dark Souls. Ou seja, é bem difícil, e um paraíso para quem gosta de tal dificuldade. A diferença aqui é que você, ao invés de espadas e afins, usa armas de fogo que podem ser melhoradas com as coisas que você pega dos monstros. Em suma, um looter-shooter desgraçadamente complicado de difícil.

Um mundo devastado

Parece que o padrão na maioria desses jogos é se situar num mundo completamente destruído. Em Remnant: From the Ashes, isso não é diferente. O mundo foi pro saco por uma força desconhecida que conjura criaturas tipo planta. Seu personagem tem a importante missão de chegar no alto de uma torre para… não é dito no começo, infelizmente. No fim, tudo o que sobrou da humanidade vive numa pequena ilha, onde também se localiza a tal torre. Não é uma visão muito animadora. As pessoas morrem como baratas e não tem mais tanta gente assim pra se salvar, mas seu personagem precisa alcançar a torre porque é a grande missão da vida dele.

Imagem do jogo Remnant: From Ashes
Sim, você começa como o típico herói que se ferrou e dormiu por dias.

O jogo começa com um tutorial bem básico mostrando comandos do tipo atacar e abaixar. Você enfrenta uns inimigos isolados que não causam grande problema e até te enchem de confiança. Isso para te jogar numa batalha que você não pode vencer, e que no fim é quase morto e resgatado pelo grupo de humanos sobrevivente. Bem básico. Até aí, acreditei piamente que desta vez conseguiria melhorar minha sorte neste tipo de jogo e avançar como só os grandes jogadores conseguem. Ledo engano… Mas não vamos nos afobar.

Acho que é bom poder falar dos gráficos de Remnant: From the Ashes a esta altura. Em poucas palavras: são muito bons! Os cenários transmitem toda a desolação que o mundo passa, e os personagens são muito bem desenhados. Tem um probleminha aqui e outro ali, mas no geral tudo é muito bem feito e fluido. Até mesmo os inimigos são interessantes de se olhar. Se eles não estivessem constantemente tentando arrancar sua cabeça, claro.

O padrão de um gênero

Hoje em dia é ponto pacífico dizer que Dark Souls criou um subgênero de jogos. Existem vários por aí usando os mesmo conceitos que começaram na franquia da From Software. Alguns são bem sucedidos, outros nem tanto, mas assim é a vida. Em Remnant: From the Ashes eles decidiram abandonar em parte o uso de armas brancas, comuns no gênero, para o uso de armas de fogo. Não só isso. Não temos mais um cenário medieval padrão, mas sim um mundo moderno pós-apocalíptico com toques de velho oeste americano. Parece estranho, mas funciona bem para o jogo.

Imagem do jogo Remnant: From Ashes
O cristal sinistro vermelho-sangue será visto muitas vezes durante o jogo.

Quando o tutorial termina, você é obrigado a escolher a sua arma principal através de três classes. Uma usa armas de longa distância como rifles, outra usa escopetas de média distância e a última, uma espingarda que só funciona em curta distância. Só pegue a última classe se você tiver reflexos sobre-humanos e uma grande tendência para o masoquismo, é bom avisar. Eu acabei escolhendo a de média distância, como faço em todos os jogos de tiro que já joguei na vida. Ainda não sei se foi uma boa escolha.

Além das armas de fogo, você também é equipado com um machado para atacar os inimigos de perto. Esse é um bom modo de você economizar munição para os inimigos mais cabeludos. Claro, se você não for eu e entrar em pânico toda vez que um monstro chega perto.

Lixeiro pós-apocalíptico

O grande sistema de Remnant: From the Ashes, como um bom looter-shooter, é recolher tralha ao longo dos cenários e dos inimigos para, assim, melhorar seus equipamentos. Em certo ponto, você pode até comprar outros, o que te torna praticamente o lixeiro do mundo. É obrigatório vasculhar cada canto à procura de sucata, a apropriada moeda corrente do mundo. Além disso, existem outras coisas a se recolher a fim de melhorar seu poder de fogo. E acredite, você vai precisar muito. Senti isso na pele.

Imagem do jogo Remnant: From Ashes
Este é um mundo hostil onde os inimigos alegremente pulam na sua cabeça saindo de lugares incógnitos.

Enquanto você procura por tralha, tem que navegar por cenários que são muito bem feitos. Embora eu tenha achado um pouco confusos, mas como mula que sou não tenho muita moral pra falar disso. O único problema é que achei a música meio em falta. Quase não se tem trilha sonora pelo que percebi. Não sei se isso é proposital ou a trilha ficou sem graça por falta de ser cativante. O fato é que eu gostaria de ouvir mais temas legais para me ambientar melhor naquele mundo destruído.

Remnant: From the Ashes faz jus ao subgênero que a From Software criou. É difícil o suficiente para me fazer querer jogar o teclado do computador na parede de frustração, mas tem cenários bonitos e bem feitos e inimigos interessantes, diferentes dos zumbis padrão. Só queria não ser tão ruim nesse tipo de jogo para poder aproveitar mais um pouco dele.

Então, depois de lamentar por minha falta de habilidade, posso dizer que o jogo cumpre muito bem o que promete. É uma ótima mistura de looter-shooter com o estilo de Dark Souls. Só gostaria de ter uma trilha sonora mais impactante, o que é facilmente perdoável.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024